quarta-feira, 29 de junho de 2011

Solenidade de São Pedro e São Paulo

A Igreja celebra hoje a Solenidade de São Pedro e São Paulo.

Dois grandes pilares neste colossal templo que ainda se mantém de pé, volvidos que estão dois mil anos depois do seu inicio.

Muitos foram os momentos em que este templo viu as suas paredes vacilar perante tempestades da História. Não foram essas tempestades que fizeram colapsar o templo.

Na verdade, para muitos, é causa de revolta, o facto desta instituição perdurar pelo tempo sem que nada a belisque de concreto. Porque, em boa verdade, esta instituição faz o que mais ninguém faz. Resolve os seus problemas internamente.

A Igreja actual, atravessa também ela um momento delicado na sua existência. Tal como todas as outras instituições de uma forma geral. Porque, em boa verdade, a Igreja alicerçada em Jesus Cristo, é composta por homens.

E acreditar na Igreja, não é exclusivamente acreditar em homens. Acreditar na Igreja, é acreditar que Jesus Cristo está connosco, porque Ele está na Igreja. Porque se acreditamos que a Igreja são só homens, do que vale acreditar na Igreja? De que vale ser Cristão?

Acreditar na Igreja, é acreditar que Jesus Cristo está no meio dela, a guia e a conduz. Os homens que a constituem são simples servos. Imperfeitos, pecadores.

Acreditar na Igreja é saber aceitar que estes homens apesar da sua imperfeição e do seu pecado, são para nós próprios sinal de caminho para a santidade.

São Pedro e São Paulo, foram homens, como eu, como tu, como todos nós. Porque são santos? Porque, em boa verdade, procuraram no seu dia-a-dia, buscar a perfeição na sua imperfeição. E todos nós sabemos que as relações entre os dois por vezes não foram fáceis.

Neste dia, em que nos colocamos diante destas duas colunas do Templo de Deus, no Mundo, saibamos nós, Cristãos, aceitar o nosso caminho, como fim último a Santidade.




terça-feira, 28 de junho de 2011

Como podemos responder a Deus quando Ele nos aborda?

Responder a Deus significa crer n' Ele. [142-149]

Quem deseja crer precisa de um "coração que escuta" (1Rs 3, 9). Deus procura o contacto connosco de múltiplas formas. Em cada encontro humano, em cada experiência da Natureza que nos toca, em cada aparente acaso, em cada desafio, em cada sofrimento... Deus deixa-nos uma mensagem escondida. Ele fala-nos ainda mais claramente quando Se dirige a nós pela Sua Palavra ou pela voz da consciência. Ele trata-nos como amigos. Por isso, também nós, como amigos, devemos corresponder-Lhe, crendo e confiando totalmente n' Ele, aprendendo a conhecê-lO cada vez melhor e a aceitar sem reservas a Sua vontade.

sábado, 25 de junho de 2011

Domingo XIII do Tempo Comum

1ª Leit. - 2Rs 4, 8-11.14-16a
2ª Leit. - Rm 6, 3-4.8-11
Evangelho - Mt 10, 37-42


Celebramos hoje, o Domingo XIII do Tempo Comum!

A Igreja coloca-nos para nossa reflexão dois temas através da Liturgia da Palavra: o compromisso pelo baptismo e o lugar que Cristo ocupa na nossa vida.

Hoje, como cristãos, somos chamados pelo baptismo ao compromisso com Cristo. Dizer "Sim" a Cristo não é uma questão de palavras é uma questão de acção e de testemunho de vida. Os cristãos devem ser hoje homens e mulheres de Deus.

Deste modo, pelo Evangelho, somos interpelados pelo próprio Jesus Cristo, a reflectir o modo como O recebemos na nossa vida. Como Cristãos, que lugar ocupa Cristo nas nossas vidas? Que tempo temos para Ele?

Saibamos acolhê-lO pelos nossos irmãos mais pequeninos, mais frágeis da nossa Sociedade e consequentemente no nosso coração.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Que papel desempenha a Sagrada Escritura na Igreja?

A Igreja busca a sua vida e a sua força na Sagrada Escritura, como quem busca a água num poço. [103-104, 131-133, 141]

Além da presença de Cristo na Sagrada Eucaristia, a Igreja nada honra com mais veneração que a presença de Deus na Sagrada Escritura. Na Santa Missa, acolhemos o Evangelho de pé, porque é o próprio Deus que nos fala com palavras humanas.


in YOUCAT, Lisboa, Ed. Paulus, 2011, pág. 24

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Que significado tem o Novo Testamento para os cristãos?

No Novo Testamento consuma-se a Revelação de Deus. Os quatro evangelhos - segundo São Mateus, São Marcos, São Lucas e S. João - são o coração da Sagrada Escritura e o mais precioso tesouro da Igreja. Neles mostra-Se o Filho de Deus como Ele é e como vem ao nosso encontro.
Nos Actos dos Apóstolos conhecemos os primórdios da Igreja e a acção do Espírito Santo. Nas cartas apostólicas a vida do ser humano é iluminada, em todas as suas dimensões, pela Luz de Cristo. No Apocalipse de São João antevemos o fim dos tempos. [124-130, 140]

Jesus é tudo o que Deus queria dizer. Todo o Antigo Testamento prepara a encarnação do Filho de Deus.
Todas as promessas de Deus encontram em Jesus o seu cumprimento. Ser cristão significa unir-se cada vez mais profundamente à vida de Cristo. Para isso é preciso ler e ver os evangelhos. Madeleine Delbrêl diz: "Através da Sua Palavra, Deus diz-nos quem Ele é e o que quer; Ele di-lo definitivamente e para cada dia. Quando temos o nosso Evangelho nas mãos, devemos considerar que aí habita a Palavra que Se tornou carne para nós e nos quer atingir para recomeçarmos a Sua vida num novo lugar, num novo tempo, num novo ambiente humano."

in YOUCAT, Lisboa, Ed. Paulus, 2011, pág. 23

domingo, 19 de junho de 2011

Na Solenidade da Santíssima Trindade

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”

Estas duas breves fórmulas de oração são tão familiares aos nossos ouvidos, que talvez não percebamos a extraordinária profundidade e novidade que elas carregam em si mesmas. Nelas ficam guardadas nossa identidade mais profunda e nosso destino mais divino. Elas de facto exprimem a origem da vida divina que habita em nós, vida recebida como dom gratuito no baptismo e, ao mesmo tempo, a finalidade e a meta da nossa existência para a eternidade junto de Deus.

Não fomos batizados “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”?

Esse evento de graça nos introduziu na relação profunda com a Santa Trindade, tornando-nos filhos e filhas do Pai por meio de Jesus, o Filho bem amado, quando foi derramado em nós o dom do Espírito Santo, princípio de vida divina e “penhor da nossa herança” eterna (Ef 1,14).

Quantas vezes acabamos repetindo estas palavras, ao iniciar as acções quotidianas mais humildes ou as solenes celebrações litúrgicas, enquanto as acompanhamos com o gesto do sinal da cruz traçado sobre a fronte e sobre o peito? Não faz parte dos gestos mais simples que acabamos por aprender sendo ainda crianças e daqueles que os pais gostam de ensinar com tanto carinho às próprias criancinhas? Este gesto, na sua simplicidade, constitui de facto, uma profunda profissão de fé, que coloca todo nosso ser, mente, coração e obras, em relação vital com a Trindade Santa, Pai, Filho, Espírito Santo.

Desde a tarde da Páscoa, Jesus ressuscitado derramou o Espírito sobre os apóstolos, e com o Espírito a paz e a alegria que vem do Pai, junto com o poder de resgatar o mundo inteiro com o perdão dos pecados, em prol de todos os que acreditarem em seu nome (Jo 20, 20-23). Com o dom do Espírito do ressuscitado inicia uma nova criação (cf. Gn 1, 1-2), a gestação de uma nova criatura, com a história inteira destinada a sofrer as dores do parto e a antecipar a alegria do seu nascimento: junto com os apóstolos, todos nós fomos marcados com o selo do mesmo Espírito “para o seu louvor e glória” (Ef 1, 14). Em todo tempo a vida no Espírito dos discípulos, que inicia na páscoa de Jesus, se torna testemunho surpreendente da potência da Ressurreição e canto de louvor ao amor gratuito do Pai.

Na segunda leitura Paulo nos confirma que a Santa Trindade é o ventre materno que nos gera à vida divina, a casa da nossa morada desde já, na qual somos chamados a construir entre nós relações no sinal do amor recíproco, que têm como fonte e modelo a relação do Pai, do Filho e do Espírito Santo, que Jesus nos revelou com seus gestos cheios de amor e sua palavra iluminadora. “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito santo estejam com todos vós!” (2 Cor 13,13).

O Missal Romano, renovado depois do Concílio, usa estas palavras do apóstolo como Saudação inicial com a qual o sacerdote celebrante acolhe os fiéis ao começar a celebração da missa. Desta maneira lembra aos fiéis que eles vivem na comunhão da Trindade Santa, e que participando com fé à eucaristia, eles têm a graça de experimentar ainda mais profundamente o amor gratuito do Pai, a caridade sem limite do Filho, e a comunhão gerada pelo Espírito.

Com as luminosas palavras de Santo Ireneu (Adv. Haereses, III, 24, 1), o Concílio Vaticano II conecta o mistério da Igreja ao mistério da comunhão trinitária, até tornar-se quase reflexo da mesma no mundo: “Desta maneira aparece a Igreja como ‘o povo reunido na unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo’ “(Lumen Gentium, 4).

Através da história da salvação – a partir do seu centro que é o Mistério Pascal – nos é concedido vislumbrar e, ao mesmo tempo, ter acesso, numa certa medida, ao conhecimento e à experiência da vida interior da Santa Trindade. A constituição Lumen Gentium (cap 1, nn. 1-5), afirma que a Trindade constitui a nascente da qual brota o mistério da Igreja. Ela é também estruturada à imagem da Trindade, como comunhão na pluralidade, a caminho rumo à participação plena da comunhão da mesma, junto com a inteira história e a criação.

Esta visão de conjunto da criação e da história, que jorram do coração de Deus e ficam totalmente orientadas em relação à Trindade, como seu próprio fim, constituem o canto de glória à sabedoria de Deus; é o grande dom que Jesus, o revelador do Pai, nos oferece. É o mistério que hoje contemplamos e celebramos com fé e alegria, como canta o prefácio alternativo da festa: “Ó Pai, quisestes reunir de novo, pelo sangue do vosso Filho e pela graça do Espírito Santo, os filhos dispersos pelo pecado. Vossa Igreja, reunida pela unidade da Trindade, é para o mundo o corpo de Cristo e o templo do Espírito Santo, para a glória da vossa sabedoria” (Prefácio VIII, dos Domingos Comuns).

A vida da comunidade eclesial, nas suas variadas manifestações, se torna o lugar privilegiado da presença e da acção da Trindade; e a existência cristã de cada um, se desenvolve como existência pascal em relação à Trindade. Dela, é epifania e profecia ao mesmo tempo. A identidade profunda da Igreja peregrina no mundo e de cada cristão e cristã vive esta tensão constante entre a sua origem trinitária e a sua plena comunhão com a mesma: da Trindade para a Trindade!

A grande Doxologia que conclui a Oração Eucarística exprime esta profunda consciência da fé da Igreja e o grande impulso de esperança e de alegria que a caracterizam: “Por Cristo, com Cristo, em Cristo, à vós, Deus todo poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda a honra e toda a glória, agora e para sempre. Amém”.

Agradecimento, silêncio em adoração nos acompanham ao mergulharmos no mistério inefável da presença da Trindade em nós. No admirável discurso de despedida dos discípulos na última ceia, Jesus salienta em muitas maneiras a extraordinária comunhão com o Pai, com o próprio Jesus e com o Espírito, concedida àqueles que acreditam nele. “Se me amais, observareis meus mandamentos, e rogarei ao Pai e ele vos dará um outro Paráclito, para que convosco permaneça para sempre, o Espírito da Verdade” (Jo 14, 15-17). “Nesse dia compreendereis que estou em meu Pai e vós em mim e eu em vós” (Jo 14,20).
Já extraordinária foi a experiência da intimidade de Moisés com Deus e da sua intercessão em favor de Israel, experimentando a sua misericórdia e a sua fidelidade. Não lhe foi permitido, porém, “ver a glória” dele como tinha pedido (Ex 33,18), “porque o homem não pode ver-me e continuar vivendo” (Ex 33, 20). Na sua condescendência Deus concede a Moisés ficar na cavidade da rocha e esperar a sua passagem com o rosto coberto pela mão do próprio Deus. Uma vez que Deus passou, Moisés pôde vê-lo apenas pelas costas (Ex 34, 21-22). Deus se compromete a perdoar o pecado do povo e a caminhar com ele até alcançar a terra prometida.
Esta linguagem simbólica, que destaca com força a alteridade e a transcendência de Deus, junto com a sua misericórdia e proximidade, será superada radicalmente pela Boa nova que nos faz conhecer o evangelho de João: Deus Pai se torna visível através do rosto humano do Filho em Jesus de Nazaré. “O Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). “Ninguém jamais viu a Deus; o Filho unigênito, que está no seio do Pai, este o deu a conhecer” (Jo 1,18).

Em Jesus nos é dado “conhecer” o Pai, no sentido bíblico da palavra, isso é experimentar seu amor, sua bondade, e participar sua própria vida, como afirma o evangelista: “Pois Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). Talvez a linguagem filosófica usada no passado pela teologia e pela catequese, para deixar vislumbrar o mistério da especificidade de cada uma das três Pessoas divinas na unidade da natureza divina, acabou afastando o mistério da Santíssima Trindade da nossa vida. A escritura e a liturgia nos ajudam a descobrir novamente que ela, Trindade, pelo contrário, constitui a nascente inesgotável da vida, a razão da nossa alegria e esperança, a energia vital que nos habita e nos guia até a plena conformação ao Senhor.
O Espírito, derramado nos nossos corações pela fé e o batismo, nos faz viver em relação filial com o Pai, uma relação liberta do temor e inspirada pela confiança e o amor: “Com efeito, não recebestes um espírito de escravos, para recair no temor, mas recebestes um espírito de filhos adotivos, pelo qual clamamos: Abba! Pai! O próprio Espírito se une ao nosso espírito para testemunhar que somos filhos de Deus”. (Rm 8, 15-16). O mesmo Espírito anima a nossa oração, que brota do coração sob o seu impulso interior: “Assim também o Espírito socorre a nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir como convém; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis” (Rm 8, 26). O mesmo Espírito abre o coração à fé (cf At 16,14), assim como, enviado pelo Pai em nome de Jesus (Jo 14,26), recordará aos discípulos tudo o que Jesus ensinou-lhes, e os introduzirá à compreensão plena da sua Palavra, para seguir o evangelho até o dom total de si mesmos, segundo o exemplo de Jesus (cf Jo 14, 25-26; 16, 12-13).
Gerados à nova vida por ter conhecido que Deus nos amou primeiro, o Espírito nos guia àquela liberdade e caridade perfeita que afasta todo temor, e nos faz viver no amor e na confiança filial (1 Jo 4, 18). São Bento, na sua Regra, aponta esta perspectiva de liberdade no amor gerada pelo Espírito, como o cume do caminho espiritual do monge, ao subir todos os 12 graus da humildade que o conforma a Cristo (Regra dos Monges, c. 7, 67-69).
Com certeza, esta é a raiz fecunda e o fruto mais maduro da moral cristã, que brota do impulso interior do Espírito Santo e produz os frutos saborosos do amor, capaz de desapegar-se de si mesmo para se doar na liberdade, sem limite. Como o próprio Jesus, o Filho bem amado do Pai, totalmente obediente ao seu Espírito. Sobre ele desce no momento do batismo no Jordão (cf Lc 3,21-22), o investe e o guia na sua missão para anunciar a boa nova aos pobres (Lc 4, 16-19), e o sustenta na oferta de si mesmo na cruz (Hb 9,14).

A comunidade cristã encontra no Espírito de Jesus a energia e os critérios para estruturar-se em comunidade verdadeiramente humana e espiritual, autêntica antecipação do reino de Deus. Dele aprende a viver no mundo a comunhão que vem de Deus, e a transformar pessoas e relações: “Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo; diversos modos de ação, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos.”. (1 Cor 12, 4-7).

É sob a inspiração e na força do Espírito enviado pelo Pai, que os discípulos podem enfrentar os desafios das adversidades e das perseguições: “Quando vos entregarem, não fiqueis preocupados em saber como ou o que haveis de falar. Naquele momento vos será indicado o que deveis falar, porque não sereis vós que falareis, mas o Espírito de vosso Pai é que falará em vós”. (Mt 10, 19-20).

À luz desta ação misteriosa e eficaz do Espírito do Pai, derramado por Jesus ressuscitado, em todo discípulo, no corpo da Igreja e sobre a criação inteira para seu pleno resgate, dobramos os joelhos da mente e do coração. O infinitamente transcendente se fez infinitamente próximo para connosco, mais íntimo a nós do que nós mesmos. “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda sorte de bênçãos espirituais nos céus em Cristo.... Nele também vós... fostes selados pelo Espírito da promessa, o Espírito Santo... para o seu louvor e glória.” (Ef 1, 3. 13-14).

O ícone da Trindade, pintado pelo famoso e santo pintor russo Andrei Rublev, faz alusão aos três misteriosos personagens que visitaram Abraão, trazendo para ele e Sara a promessa do herdeiro tão esperado (Gn 18). Este ícone apresenta três anjos iguais, sentados ao redor de uma mesa redonda. Os três anjos abençoam o cálice, no qual se encontra um novilho, um bezerro sacrificado, preparado para comer. O sacrifício do novilho significa a morte do Salvador na cruz, enquanto a sua preparação como alimento simboliza o sacramento da Eucaristia. O espaço central diante da pessoa que observa o ícone está livre, está à espera que o próprio observador tome nele o seu lugar, junto com os divinos hóspedes. Ali é o nosso verdadeiro lugar!

Acolhamos o generoso convite do Senhor. Segundo a palavra do apóstolo, não somos mais hóspedes, mas amigos e familiares da Santa Trindade, filhos amados pelo Pai (Ef 2, 19) [1].

in www.zenit.org

sábado, 18 de junho de 2011

Estrutura precisa-se

É preciso amar, acarinhar, dar colo, e ter sentido de família para que ela nos faça sentido.

As últimas imagens de violência que têm sido veiculadas nos órgãos de comunicação social e nas redes sociais quase me conseguiam levar a opinião inflamada que muitas vezes me caracteriza, tal foi o efeito que tiveram em mim.

Não fui capaz de ver nenhuma até ao fim. Se num primeiro momento me revoltaram, num segundo momento, e depois de remoídas, as imagens deixaram-me num estado letárgico, de náusea, de quem se sente mal, mas não se consegue mexer.
Adolescentes num espectáculo animalesco e brutal de violência, jovens a filmar e a ter gozo com uma violência

inqualificável, membros da marinha numa luta desigual e cobarde e uma mulher à estalada contínua a uma criança. Como é que se chega a este ponto? Onde, quando, como e porquê estas pessoas se perderam da sua humanidade? Mais preocupante, haverá muitas mais assim?

Para uma parte da sociedade, sim, porque embora se esteja a banalizar este tipo de episódios, não creio que este seja o retrato da sociedade no geral, apenas de uma parte, mas para essa parte há falta de uma coisa que é a base do ser humano... estrutura. Há falta de uma coluna vertebral vertical, direita, que é o que nos distingue. Naquelas imagens não vislumbrei homens de coluna de vertebral, bípedes. Faltou-lhes estrutura, portanto, humanidade.

E isso encontra-se na família. Há que voltar a dar-lhe o papel que ela realmente deve ter, célula-base da sociedade, local primordial da transmissão de valores.

E isto não é fácil, é um facto; mesmo com a melhor das intenções dos educadores. O equilíbrio custa a alcançar, temos de estar sempre conscientes, alerta. É preciso não facilitar o caminho, é preciso não desculpar o indesculpável, é preciso ser firme e muito importante, é preciso amar, acarinhar, dar colo, e ter sentido de família para que ela nos faça sentido.

E, quando por algum motivo isto falha, é preciso aceitar as instituições e os castigos, mesmo que nos pareçam excessivos! A prisão é uma escola de crime? Até posso concordar em parte, mas neste caso, estes jovens já vão mais a caminho de ser professores do que alunos. Portanto, penso que a justiça funcionou, cumpriu o seu papel.

Agora é preciso que a sociedade e a família cumpram o seu. A primeira, que não desvalorize a segunda e esta última, que chame a si toda a sua importância, que é muita, e não se deixe esbater pela falta de tempo, pela desumanização, pela desvalorização daquilo que nos torna humanos... o amor, os valores e princípios, a relação com o outro, o intelecto, enfim, a estrutura.
E acredito que isto é possível e urgente, porque imagens destas não são de seres humanos.

Rita Bruno,
in www.familiacrista.com, 13/06/2011

quinta-feira, 16 de junho de 2011

"Teria eu cometido uma falta, por vos ter anunciado o Evangelho de Deus gratuitamente" (2Cor 11, 1-11)

Ao meditar as palavras da Sagrada Escritura de hoje, sentimos desabafos de um homem que deixa tudo pelo Evangelho de Cristo. Esse homem é S. Paulo. "Teria eu cometido uma falta, por vos ter anunciado o Evangelho de Deus gratuitamente, rebaixando-me a mim próprio para vos exaltar."

Nestas palavras encontramos alguém que se disponibilizou para viver e anunciar o Evangelho de Jesus Cristo. Pronto a viver a vida Cristo.

Aceitar humildemente o que Deus nos dá em cada dia que passa da nossa vida é uma condição para qualquer cristão e Homem de Fé.

Vivemos os dias carregados com fardos e fardos de preocupações quando uma só coisa é importante, a Vida e o Amor.

Para nos ajudar a compreender melhor, Jesus, deixa-nos no Evangelho a Oração Suprema para qualquer cristão - o Pai-Nosso.

Amar a Deus, que é Pai e amar os nossos irmãos como a nós mesmos é a mensagem que nos deixa a oração ditada pelo Nosso Mestre e Senhor.

E esta é uma condição para qualquer apóstolo de Jesus Cristo. Saber amar...

Que nós cristãos de hoje saibamos descobrir o verdadeiro significado da palavra Amor.

Amar é perdoar...

quarta-feira, 15 de junho de 2011

"Quem semeia abundantemente também colherá abundantemente" (2Cor 9, 6-11)

Ao ler as leituras que a Igreja nos propõe para este dia na Liturgia da Palavra, somos levados a reflectir sobre a forma como nos relacionamos com Deus.

Viver em relação com Deus não basta saber umas orações, ou cumprir uma série de rituais que a Igreja nos propõe. Esses rituais fazem parte de uma tradição vivida durante séculos pelas diversas comunidades cristãs.

A Liturgia da Palavra de hoje vai mais longe... Não é o cumprimento de rituais que nos faz mais ou menos cristãos, mais ou menos pessoas de Fé.

Somos cristãos a partir do momento em que que nos predispomos a viver, e a fazer viver Jesus Cristo nas nossas vidas. Uma relação estreita com Ele e com os outros nossos irmãos.

Uma relação que realiza-se no silêncio do nosso coração e que passa pela oração e pelo diálogo intímo com Ele. Para isso temos a Lectio Divina, uma pérola preciosa que nos pode ajudar neste campo.

Temos, hoje, muitas orações que são autênticos monólogos. Vivemos hoje de aparências e imagens em muitos dos nossos templos e nas nossas comunidades cristãs, quando uma só coisa é importante - a abertura do nosso coração ao amor e à vida de Jesus Cristo.

"Teu Pai, que vê o que está oculto te dará a recompensa."

No entanto, é preciso ter espaço na nossa vida para acolher Jesus Cristo no nosso coração. O coração do cristão deveria ser um sacrário vivo desta fonte de água viva. Na verdade, basta abrir o coração ao seu apelo e ao seu amor.

Neste dia saibamos abrir-Lhe o coração no nosso silêncio.

terça-feira, 14 de junho de 2011

"E se saudardes apenas os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário?" (Mt. 5, 43-48)

A liturgia da palavra de hoje deixa-nos uma mensagem ao amor e à caridade.

S. Paulo, na Segunda Carta que escreveu à Comunidade de Corinto descreve como "no meio das grandes tribulações com que foram provadas, distribuíram generosamente e com transbordante alegria, apesar da sua extrema pobreza, os tesouros da sua liberdade."

Na verdade, é pela caridade e pelo amor que seremos conhecidos. Mas que importa ter amor e caridade pelos irmãos mais desprotegidos da nossa sociedade, se a nossa vida não se transformar em obras? Se as palavras não forem activas...

Neste sentido, as palavras de Jesus no Evangelho são duras, e são de uma grande exigência para os cristãos: "Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem", porque em boa verdade, "se amardes aqueles que vos amam, que recompensa tereis?"

Actualmente, o que falta a todos nós, para que estas palavras de Jesus sejam uma realidade?

Numa sociedade em que vive a repressão dos afectos, em que o património do amor é apagado da nossa memória, faz-nos falta redescobrir o amor e a caridade.

A concretização da (re)descoberta do amor é praticável a partir do momento em que dispomos o nosso coração na descoberta do Outro que está mesmo ao nosso lado.

Hoje, numa sociedade de imagens, de rótulos, de palavras... Numa sociedade que vive na espuma dos dias, ir ao encontro do Outro faz cada vez mais sentido. Um Outro que sofre, que necessita de uma palavra, de um sorriso, de um ombro.

Neste dia, saibamos nós cristãos, não nos deixar seduzir por palavras e imagens, e descobrir em cada rosto dos nossos irmãos a imagem de Nosso Senhor.

Porque "se saudardes apenas os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário?"

segunda-feira, 13 de junho de 2011

A linguagem é viva, quando falam as obras

Quem está cheio do Espírito Santo fala várias línguas. As várias línguas são os vários testemunhos sobre Cristo, como a humildade, a pobreza, a paciência e a obediência; falamo-las, quando mostramos aos outros estas virtudes na nossa vida. A linguagem é viva, quando falam as obras. Cessem, portanto, as palavras e falem as obras. De palavras estamos cheios, mas de obras vazios; por este motivo nos amaldiçoa o Senhor, como amaldiçoou a figueira em que não encontrou fruto, mas somente folhas. Diz São Gregório: «Há uma norma para o pregador: que faça aquilo que prega». Em vão pregará os ensinamentos da lei, se destrói a doutrina com as obras.

Mas os Apóstolos falavam conforme a linguagem que o Espírito Santo lhes concedia. Feliz de quem fala conforme o Espírito Santo lhe inspira e não conforme o que lhe parece!

Há alguns que falam movidos pelo próprio espírito e, usando as palavras dos outros, apresentam-nas como próprias, atribuindo-as a si mesmos. Desses e de outros como eles, fala o Senhor pelo profeta Jeremias: Eis-Me contra os profetas que roubam uns aos outros as minhas palavras. Eis-Me contra os profetas, oráculo do Senhor, que forjam a sua linguagem para proferir oráculos. Eis-Me contra os profetas que profetizam sonhos mentirosos – oráculo do Senhor – e, contando-os, seduzem o povo com mentiras e jactância, não os tendo Eu enviado nem dado ordem alguma a esses que não são de nenhuma utilidade para este povo – oráculo do Senhor.

Falemos, por conseguinte, conforme a linguagem que o Espírito Santo nos conceder; e peçamos-lhe, humilde e devotamente, que derrame sobre nós a sua graça, para que possamos celebrar o dia de Pentecostes com a perfeição dos cinco sentidos e a observância do decálogo, nos reanimemos com o forte vento da contrição e nos inflamemos com essas línguas de fogo que são os louvores de Deus, a fim de que, inflamados e iluminados nos esplendores da santidade, mereçamos ver a Deus trino e uno.



Dos Sermões de Santo António de Lisboa, presbítero
(I, 226) (Sec. XIII)

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Sermão de São Bernardo, abade

Diz o Profeta, falando ao Pai a respeito do Filho: Fizeste-O um pouco inferior aos Anjos. Assim convinha, com efeito, que superasse os Anjos na humildade Aquele que os superava na sublimidade da sua glória, e que fosse tanto menor que eles quanto é inferior o ministério a que Se consagrou. E, no entanto, Ele é tanto superior aos Anjos quanto mais excelso que o deles é o nome que recebeu em herança.

Mas talvez perguntes: Em que é que Ele Se fez inferior aos Anjos, quando veio para servir, uma vez que também os Anjos, como dizíamos acima, são enviados para exercer um ministério? É que Ele não só serviu mas também foi servido, e era o mesmo Aquele que servia e era servido. Justamente por isso, dizia a Esposa no Cântico dos Cânticos: Ele aí vem, atravessando as montanhas, elevando-se sobre as colinas. Quando serve, Ele atravessa por entre os Anjos, mas quando é servido eleva-Se muito acima deles. Os Anjos servem, mas do que não lhes pertence: oferecem a Deus as boas obras, não suas mas nossas, e trazem-nos a graça, não sua mas de Deus. Por isso, quando a Escritura diz que o fumo dos aromas subia das mãos do Anjo à presença de Deus, teve o cuidado de advertir anteriormente que lhe tinham sido dados muitos aromas. São os nossos suores e não os seus, as nossas lágrimas e não as suas que eles oferecem a Deus; e os dons que nos trazem também não são seus, mas de Deus.

Não é assim aquele Servo, mais sublime que todos os outros mas também mais humilde que todos. Ofereceu-Se a Si mesmo como sacrifício de louvor; ofereceu ao Pai a sua vida e nos dá ainda hoje a sua carne. Não admira, portanto, que, por causa de tão glorioso Servo, os santos Anjos se dignem, ou melhor, queiram da melhor vontade, assistir- nos. Eles amam-nos, porque Cristo nos amou.

Digo-vos isto, meus irmãos, para que de hoje em diante tenhais maior confiança nos santos Anjos e invoqueis com maior familiaridade o seu auxílio em todas as necessidades, e também para que procureis tornar a vossa vida mais digna da sua presença, conciliar cada vez mais os seus favores, captar a sua benevolência, implorar a sua clemência.

Sendo assim, pensai bem quanta solicitude devemos ter também nós, irmãos caríssimos, para nos tornarmos dignos da sua companhia, para vivermos na presença dos Anjos, de modo a não ofendermos nunca a santidade do seu olhar. Ai de nós, se alguma vez, provocados pelos nossos pecados e negligências, nos julgarem indignos da sua presença e da sua visita, e tivermos de chorar e dizer com o Profeta: Os meus amigos e companheiros fogem da minha desgraça e os que andavam comigo ficam ao longe, enquanto os violentos procuram tirar-me a vida. Porque, então, teríamos realmente afastado de nós aqueles que com a sua presença podiam amparar-nos e repelir o inimigo.

Por isso, se nos é tão necessária a companhia familiar que se dignam ter connosco os Anjos, evitemos com todo o cuidado ofendê-los e exercitemo-nos com generosidade nas obras que sabemos serem do seu agrado. Há de facto muitas coisas que lhes agrada e deleita encontrar em nós: sobriedade, castidade, pobreza voluntária, frequentes gemidos e súplicas ao Céu, orações com lágrimas e de coração atento. Mas o que acima de tudo exigem de nós os Anjos da paz é a união e a paz. Será, porventura, estranho que eles ponham as suas delícias principalmente nestas virtudes que reproduzem uma certa imagem da sua cidade e que lhes permitem admirar uma nova Jerusalém na terra? Digo-vos, portanto, que assim como aquela cidade santa forma tão belo conjunto pela sua perfeita unidade, assim também nós devemos manter a unidade de sentimentos e doutrina, afastando do meio de nós toda a espécie de cisma, para formarmos todos um só Corpo em Cristo.

(Sermão 1, Na Festa de S. Miguel Arcanjo, 2-3.5: Opera omnia, Ed. Cisterc. 5 [1968], 295-297)

Sermão de São Bernardo, abade

Diz o Profeta, falando ao Pai a respeito do Filho: Fizeste-O um pouco inferior aos Anjos. Assim convinha, com efeito, que superasse os Anjos na humildade Aquele que os superava na sublimidade da sua glória, e que fosse tanto menor que eles quanto é inferior o ministério a que Se consagrou. E, no entanto, Ele é tanto superior aos Anjos quanto mais excelso que o deles é o nome que recebeu em herança.

Mas talvez perguntes: Em que é que Ele Se fez inferior aos Anjos, quando veio para servir, uma vez que também os Anjos, como dizíamos acima, são enviados para exercer um ministério? É que Ele não só serviu mas também foi servido, e era o mesmo Aquele que servia e era servido. Justamente por isso, dizia a Esposa no Cântico dos Cânticos: Ele aí vem, atravessando as montanhas, elevando-se sobre as colinas. Quando serve, Ele atravessa por entre os Anjos, mas quando é servido eleva-Se muito acima deles. Os Anjos servem, mas do que não lhes pertence: oferecem a Deus as boas obras, não suas mas nossas, e trazem-nos a graça, não sua mas de Deus. Por isso, quando a Escritura diz que o fumo dos aromas subia das mãos do Anjo à presença de Deus, teve o cuidado de advertir anteriormente que lhe tinham sido dados muitos aromas. São os nossos suores e não os seus, as nossas lágrimas e não as suas que eles oferecem a Deus; e os dons que nos trazem também não são seus, mas de Deus.

Não é assim aquele Servo, mais sublime que todos os outros mas também mais humilde que todos. Ofereceu-Se a Si mesmo como sacrifício de louvor; ofereceu ao Pai a sua vida e nos dá ainda hoje a sua carne. Não admira, portanto, que, por causa de tão glorioso Servo, os santos Anjos se dignem, ou melhor, queiram da melhor vontade, assistir- nos. Eles amam-nos, porque Cristo nos amou.

Digo-vos isto, meus irmãos, para que de hoje em diante tenhais maior confiança nos santos Anjos e invoqueis com maior familiaridade o seu auxílio em todas as necessidades, e também para que procureis tornar a vossa vida mais digna da sua presença, conciliar cada vez mais os seus favores, captar a sua benevolência, implorar a sua clemência.

Sendo assim, pensai bem quanta solicitude devemos ter também nós, irmãos caríssimos, para nos tornarmos dignos da sua companhia, para vivermos na presença dos Anjos, de modo a não ofendermos nunca a santidade do seu olhar. Ai de nós, se alguma vez, provocados pelos nossos pecados e negligências, nos julgarem indignos da sua presença e da sua visita, e tivermos de chorar e dizer com o Profeta: Os meus amigos e companheiros fogem da minha desgraça e os que andavam comigo ficam ao longe, enquanto os violentos procuram tirar-me a vida. Porque, então, teríamos realmente afastado de nós aqueles que com a sua presença podiam amparar-nos e repelir o inimigo.

Por isso, se nos é tão necessária a companhia familiar que se dignam ter connosco os Anjos, evitemos com todo o cuidado ofendê-los e exercitemo-nos com generosidade nas obras que sabemos serem do seu agrado. Há de facto muitas coisas que lhes agrada e deleita encontrar em nós: sobriedade, castidade, pobreza voluntária, frequentes gemidos e súplicas ao Céu, orações com lágrimas e de coração atento. Mas o que acima de tudo exigem de nós os Anjos da paz é a união e a paz. Será, porventura, estranho que eles ponham as suas delícias principalmente nestas virtudes que reproduzem uma certa imagem da sua cidade e que lhes permitem admirar uma nova Jerusalém na terra? Digo-vos, portanto, que assim como aquela cidade santa forma tão belo conjunto pela sua perfeita unidade, assim também nós devemos manter a unidade de sentimentos e doutrina, afastando do meio de nós toda a espécie de cisma, para formarmos todos um só Corpo em Cristo.

(Sermão 1, Na Festa de S. Miguel Arcanjo, 2-3.5: Opera omnia, Ed. Cisterc. 5 [1968], 295-297)

quinta-feira, 9 de junho de 2011

S. Efrém, diácono e doutor da Igreja (306-373)



Nasceu em Nísibe, cerca do ano 306, de família cristã. Tendo sido ordenado diácono, exerceu o ministério na sua pátria e em Edessa, de cuja escola teológica foi fundador. A sua vida de intensa ascese não o impediu de se consagrar ao apostolado da pregação e de escrever diversas obras para combater os erros dos seu tempo.


in Liturgia das Horas, vol II, 4ª Ed., pág.1649

quarta-feira, 8 de junho de 2011

A caminho da Festa de Pentecostes

Consumada a obra que o Pai confiou ao Filho para Ele a realizar na terra, no dia de Pentecostes foi enviado o Espírito Santo para santificar continuamente a Igreja e assim dar aos crentes acesso ao Pai, por Cristo, num só Espírito.

Ele é o Espírito da vida, a fonte da água que jorra para a vida eterna; por Ele o Pai dá vida aos homens mortos pelo pecado, até que um dia ressuscite em Cristo os seus corpos mortais.
O Espírito habita na Igreja e nos corações dos fiéis, como num templo; neles ora e dá testemunho da adopção filial. Com diversos dons hierárquicos e carismáticos dirige a Igreja e leva-a ao conhecimento da verdade total, unifica-a na comunhão e no ministério, e enriquece-a com os seus frutos.

Com a força do Evangelho faz rejuvenescer a Igreja, renova-a constantemente e leva-a à união perfeita com o seu Esposo. Porque o Espírito e a Esposa dizem ao Senhor Jesus: "Vinde!"
Assim se manifesta a Igreja como um povo unido pela unidade Pai e do Filho e do Espírito Santo.
A totalidade dos fiéis, consagrada pela unção do Espírito Santo, não pode enganar-se na fé. O povo de Deus goza desta infalibilidade, através do sentido sobrenatural da fé, quando, na sua totalidade, a hierarquia e os fiéis leigos, manifestam um consenso universal em matéria de fé e costumes.

Com este sentido da fé, formado e sustentado pelo Espírito da Verdade, o povo de Deus, sob a direcção do sagrado magistério a que fielmente se conforma, já não recebe a palavra dos homens mas a verdadeira palavra de Deus, adere indefectivelmente à fé que foi transmitida aos santos de uma vez para sempre, penetra-a mais profunda e rectamente, e cada vez mais plenamente a põe em prática na sua vida.

Além disso, o Espírito Santo não só santifica e dirige o povo de Deus por meio dos sacramentos e ministérios e os adorna com virtudes, mas distribuindo a cada um os seus dons como lhe apraz, concede também aos fiéis de todas as classes graças especiais, que os tornam aptos e disponíveis para assumir as diversas obras e missões úteis à renovação e maior incremento da Igreja, segundo aquelas palavras: A cada qual se concede a manifestação do Espírito em ordem ao bem comum.

Estes carismas devem ser recebidos com acção de graças e consolação, pois todos, desde os mais extraordinários aos mais simples e comuns, são perfeitamente acomodados e úteis às necessidades da Igreja.


Da Constituição Dogmática Lumen Gentium do Concílio Vaticano II, sobre a Igreja, Nn. 4, 12

terça-feira, 7 de junho de 2011

Que significado tem o Antigo Testamento para os cristãos?

No Antigo Testamento, Deus mostra-se como o Criador e o sustento do mundo, como guia e educador da humanidade. Também os livros do Antigo Testamento são Palavra de Deus e Sagrada Escritura. Sem o Antigo Testamento não é possível compreender Jesus. [121-123, 128-130, 140]

No Antigo Testamento começa uma grande história didática sobre a fé, que no Novo Testamento sofre uma decisiva viragem e atinge a meta com o fim do mundo e o retorno de Cristo. Aqui o Antigo Testamento revela-se mais do que um simples prelúdio ao Novo. Os Mandamentos e as profecias do Povo da Aliança Antiga, com as suas promessas para toda a humanidade, nunca foram revogados. Nos livros da Antiga Aliança encontra-se um insubstituível tesouro de orações e de sabedoria; em particular, os Salmos pertencem à oração quotidiana da Igreja.


in YOUCAT, Ed. PAULUS, Lisboa, 2011, pág. 23

segunda-feira, 6 de junho de 2011

A Resistência começa hoje...

Depois de uma Campanha Eleitoral em que se falou de tudo e de nada, o Magno Conselho da Nação Portuguesa, o Povo, falou e expressou a sua vontade na vitória do Dr. Pedro Passos Coelho e do PSD.
Um Governo que será para quatro anos. Esperemos...
Uma decisão previsível ou imprevisível, não é o que está em questão neste momento.
O que se coloca neste momento em questão é o futuro. O Eng. José Sócrates sai da vida política e o PS desintegra-se. O PSD tenta constituir uma máquina política semelhante à criada pelo PS. O PCP mantém e cerra fileiras na sua coerência ideológica. O BE está confuso, tudo ficaria mais claro com a demissão do Dr. Francisco Louçã. O CDS/PP mantém aquilo que já se esperava: uma colagem ao PSD.
Mas para além, de todas estas reflexões no Corredor do Poder, há um Povo, uma Nação, que vive o flagelo da pobreza (escondida), do desemprego, da emigração juvenil, dos empregos precários.
Há uma Nação que tem de demonstrar cá dentro e lá fora porque é que se mantém em pé durante aproxidamente 900 anos. Resistindo a rating's, resistindo a políticas poltiqueiras da Europa e seus derivados. Com um FMI agarrado à perna...
Resistir! É a palavra de ordem...
E é este o fardo, bem pesado, que o Dr. Pedro Passos Coelho, a partir de hoje tem nos seus ombros. E o discurso do que outros fizeram no passado não é justificação. Neste momento todos somos culpados e todos somos responsáveis pelo País e consequentemente pela nossa própria Vida... É bem mais fácil deitarmos a culpa para cima dos outros!
É por isto e por muito mais, que faço minhas, as palavras do recém-eleito Primeiro-Ministro de Portugal:
"Vamos unir Portugal!"
Ao Dr. Pedro Passos Coelho as minhas felicitações. Está cumprido um sonho iniciado em 1980: "Um Presidente, Um Governo, Uma Maioria!" Afinal, o Dr. Francisco Sá Carneiro tinha razão...
Ao Eng. José Sócrates uma palavra de apreço pela lucidez de sair da vida política (esperamos por si para discutir a Presidência da República com, quiçá, o Dr. Durão Barroso).
No entanto, a minha maior palavra de consideração e elevado respeito, vai para a jornalista da Rádio Renascença, Susana Martins, pela corajosa e ousada pergunta, que fez engasgar o Eng. Sócrates. As minhas sinceras felicitações pela coragem... Aqui ficam as palavras:

"Eu gostava de saber se receia que este resultado eleitoral, esta derrota eleitoral abra caminho a novos processos judiciais ou que acelere processos judiciais em curso. (...) Estou-me a referir a novos processos em torno do caso Face Oculta ou Freeport." in http://dokatano.blogspot.com

sexta-feira, 3 de junho de 2011

São necessárias mais vozes...

O arcebispo de Évora, D. José Alves, mostrou-se ontem preocupado com a situação dos novos pobres, pessoas que apesar de terem emprego não conseguem pagar as suas contas.
O prelado assegura que os casos de pedidos de auxílio à Igreja têm vindo a aumentar quer junto das organizações que dependem da diocese quer a nível pessoal.
"Há muita gente que vem ter directamente comigo. Cresce o número de pessoas que pede refeições e ajuda para pagar água, luz e as despesas habituais de uma família, mas aumentam também os que fazem pedidos aos quais temos dificuldade de dar resposta, como por exemplo, o pagamento da prestação da casa", sublinhou o arcebispo.
Acrescenta que constata que a tendência "será mais para aumentar do que para diminuir", salientando que, apesar dos tempos serem de dificuldade, sente na comunidade "uma maior disposição para ajudar".
O prelado eborense falou ontem aos jornalistas a propósito da apresentação da mensagem do Papa Bento XVI para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se assinala no próximo domingo, também o dia em que o País vai eleger a nova Assembleia da República. Sobre esse assunto, D. José Alves deposita alguma esperança que daí advenha mais sentimento de justiça para o País.
"Já que temos de enfrentar austeridade, espero que o próximo Governo se paute pelos princípios da justiça e da verdade", afirmou.
"Seja ele qual for [o próximo Governo] espera-se que cumpra as promessas e, depois, que consiga uma forma de governar que traga para Portugal mais serenidade", acrescentou ainda o arcebispo.

Pedro Galego, in www.correiomanha.pt, 03 de Junho de 2011

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Para o Dia Mundial da Comunicação Social

"Meu Deus e Salvador! Ofereço-vos as orações, obras e trabalhos deste dia em união com os méritos do vosso preciosíssimo Sangue, para vos pedir que protejais e aperfeiçoeis a boa imprensa no nosso querido Portugal.
Peço-vos mais, Senhor, que ilumineis pela verdade do Evangelho tantos infelizes perdidos pelas más leituras e perdoeis àqueles que têm cooperado para essa obra nefasta, convertendo-os todos à nossa Santa Religião.
Despertai os católicos tíbios que favorecem directa ou indirectamente o inimigo, para que pela Vossa infinita misericórdia todos nos unamos no Vosso Santíssimo Coração e formemos um só rebanho com um só pastor.
Virgem Santíssima, Corredentora da Humanidade, protegei-nos, amparai-nos.
Bem-aventurados Apóstolos S. Pedro e S. Paulo, sede nossos guias.
Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós. S. José, rogai por nós."

D. Manuel Mendes da Conceição Santos, arcebispo de Évora (1920-1955)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Falando de Doutrina Social...

Esposas, sede submissas aos maridos, como convém no Senhor. Maridos, amai as esposas e não vos exaspereis contra elas.
Filhos, obedecei em tudo aos pais, porque isso é agradável no Senhor. Pais, não irriteis os vossos filhos, para que não caiam em desânimo.
Escravos, obedecei em tudo aos senhores terrenos, não para dar nas vistas, como se procurásseis agradar aos homens, mas com simplicidade de coração, no temor do Senhor. No que fizerdes, trabalhai de todo o coração, como quem o faz para o Senhor e não para os homens, sabendo que recebereis a herança como recompensa. O Senhor, a quem servis, é Cristo. É que, quem cometer uma injustiça receberá em paga a injustiça que cometeu, e não há acepção de pessoas.
Senhores, dai aos escravos o que for justo e equitativo, sabendo que também vós tendes um Senhor no Céu.

Cl 3, 18-25; 4, 1