domingo, 31 de julho de 2016

No XVIII Domingo do Tempo Comum

“Guardai-vos de toda a avareza: a vida de uma pessoa não depende da abundância dos seus bens.” As palavras não são minhas, mas antes do Nosso Mestre e Senhor. A nossa vida actual vive muito em relação ao “ter”. Quanto mais temos, mais queremos ter. A verdade é que não conseguimos viver com o essencial para a nossa vida e caimos afogados num poço em que já não nos conseguimos libertar e morremos afogados em coisas e “coisinhas”. E isto passa-se quer na vida material, quer na vida espiritual. Queremos “ter”, mas esquecemos que é necessário “ser”. Actualmente muitos dos nossos discursos são baseados neste verbo: “Eu tenho, Tu tens, Ele tem, Nós temos, Vós tendes, Eles têm...”. Seria tempo que pudéssemos conjugar o verbo “Ser” e até meditá-lo. Para quê “ter”, porque na verdade a vida não nos pertence, nunca nos pertenceu. Vivemos enganados, quando queremos controlar tudo e não controlamos nada. Nada é nosso, e não temos nada. Somos obra de Deus e a Deus pertencemos. Não somos daquie por isso não vale a pena satisfazermos os nossos desejos e paixões, mas antes porém fazer a vontade e a missão que Deus tem para cada um de nós. Por isso a Fé, é um acto de confiança, em que sabemos em quem confiamos... Em Deus e nada mais, tudo o resto virá por acréscimo.


jjmiguel

sábado, 30 de julho de 2016

Sábado da XVII Semana do Tempo Comum

“O rei ficou consternado.” Herodes ouviu falar da fama de Jesus e no seu interior emergiu os remorsos de ter mandado decapitar João Baptista. A verdade é que Herodes tinha apreço por João Baptista, mas Herodes vivia amancebado com a mulher do seu irmão, e esta não gostava de João Baptista, porque este denunciava tal facto. No momento em que Herodes podia ter evitado a morte de João Baptista ele para não ficar envergonhado diante da sua mulher e dos convidados, mandou decapitar João Baptista. Vem isto a propósito, porque tal como Herodes hoje na nossa sociedade vivemos este problema de identidade. Temos vergonha daquilo que somos. Em boa verdade, temos vergonha de dizer que somos cristãos porque em alguns dos casos temos medo de ser injuriados, ou até de outro tipo de retaliações. Temos vergonha de dizer que seguimos Jesus Cristo e que defendemos a Vida, a Esperança e que acreditamos na Ressurreição. Temos vergonha da Cruz e remetemo-la para segundo plano. Mas a nossa vida cristã é a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Jesus. Uma vida cristã sem esta “triologia” é uma vida cristã mundana e sem espírito, porque não tem nada que lhe dá sentido. Como dizia ontem e reitero: ou somos Cristãos, ou não somos Cristãos. Muito francamente, há uma linguagem que cada vez mais faz sentido na Igreja: a linguagem do “sim” e do “não”. A Igreja não tem de ter medo de perder gente porque é exigente, a Igreja tem de fazer valer no Mundo a vida de Jesus Cristo e isso significa dizer que “sim” e dizer que “não”, quando terão que ser ditos. Uma linguagem de “nin’s” é que não pode existir na Igreja. Para meio entendedor meia palavra basta...

jjmiguel

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Sexta-feira da XVII Semana do Tempo Comum

“Todo aquele que vive e acredita em Mim, nunca morrerá.” A fé é uma coisa muito séria, não é para ser banalizada, é para ser vida, muito menos é para ser profissionalizada, é para ser vivida desde o nosso interior mais profundo até aos poros da nossa pele e sair para fora, para que possa irradiar para outros. Há tanta gente que vive, e está morta no seu interior, porque deixou de ter sentido na sua vida. Hoje precisamos de acreditar, precisamos da Fé, precisamos da Esperança, precisamos do Amor. Não precisamos de “fézadas”, nem de devoções piedosas, muito menos de tradições balofas. Sinceramente, esta coisa de ir ao baptismo porque “fica bem”; “fazer” a Primeira-Comunhão porque “fica bem”, de ir fazer a Crisma, porque depois posso ser padrinho ou madrinha de baptismo, esta coisa de ir casar pela Igreja, porque é um sonho de princesa, sinceramente isto já cheira muito mal. Ou somos Cristãos ou não somos Cristãos. Essa coisa de Cristãos não-praticantes, isso não é nada. Uma mulher quando está grávida, ou está grávida ou não está grávida. Do que é que vale colocar “velinhas” a Nossa Senhora, se não vou à missa e até sou contra a Igreja? Do que vale ir a pé a Fátima se até nem quero nada com padres, nem com freiras e essa coisa de viver Jesus Cristo na minha vida não me diz nada? Não vale a pena a devoção e a “fézada”. Ou se é Cristão, ou não se é Cristão. Numa má comparação, ninguém é benfiquista, sportinguista ou portista por metade. Ou se é, ou não se é. Acima de tudo é necessário termos ideias claras, muito claras acerca no que é que acreditamos na nossa vida. Afinal, acreditamos no quê na nossa vida?


jjmiguel

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Quinta-feira da XVII Semana do Tempo Comum

“O reino dos Céus é semelhante a uma rede...” Uma rede de pesca em que são apanhados muitos peixes. Todos somos apanhados nesta rede. Mas será que todos descobrimos que estamos nesta rede do reino dos Céus? Na verdade, não podemos perder o sentido das nossas vidas. A nossa vida é um dom para colocarmos ao serviço dos demais irmãos e esse é o caminho. A nossa é uma chamada à missão de sermos santos. A nossa vida é uma chamada à perfeição em Deus. Por isso não podemos deixar escutar esta chamada de Deus que nos chama à nossa vocação de sermos santos. Todos somos chamados a ser santos. Nas nossas falhas, nos nossos pecados somos chamados à santidade. Somos chamados a corrigir o que está mal na nossa vida para que o amanhã possa ser melhor. É este o caminho que nos falta... O caminho da humildade de reconhecer que falhamos, mas que apesar dessas faltas Deus ama-nos e espera por nós. Ele espera pelo nosso arrependimento e conversão, à nossa mudança de vida interior. Porém, não basta dizer que nos arrependemos, é preciso que esse arrependimento venha do coração e brote do nosso interior, caso contrário de nada vale bater com a mão no peito.


jjmiguel

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Quarta-feira da XVII Semana do Tempo Comum

“O homem que o encontrou...” Jesus fala-nos em duas parábolas e dessas duas parábolas destaco a palavra encontro. Muitos de nós temos necessidade deste encontro. O encontro em primeiro lugar connosco mesmo e depois com os outros. Só quando nos encontrarmos no nosso interior é que podemos encontrar os outros. Encontrarmo-nos significa olharmo-nos num espelho e olhar para nós, para o nosso interior para que nos possamos perdoar e amar. Só quando soubermos perdoar e amar-nos a nós próprios podemos encontrar a vida e a alegria do Amor. Quando fizermos essa descoberta somos estes homens que deixaram tudo o que possuíam para poder amar, para se poderem dar-se gratuitamente. Vivemos em tantos infernos e labirintos e à procura de tantos campos e pérolas que não encontramos, quando uma só coisa essencial: amar, amar, amar... É dificil, mas todos os dias somos chamados a este exercício espiritual de amar e dar-se um pouco mais. Tudo poderá ser utópico o que digo, mas o problema é que enquanto não passarmos da utopia à palavra e ao acto, tudo não passará mesmo de utopia. Precisamos de experimentar, nem que seja uma vez, a amar. A resposta está no Amor e em nada mais...


jjmiguel

terça-feira, 26 de julho de 2016

Terça-feira da XVII Semana do Tempo Comum

“Felizes...” No dia em que vos escrevo estas palavras aconteceu uma vez mais um ataque que ceifou vidas humanas em Nice, em França. Perante o mal no mundo fica o silêncio, numa revolta muito grande interior, mas que é digerida quando contemplo a Cruz. Perguntamos que culpa tinha aquela gente para sofrer tal ataque? Que mal fizeram as crianças? São inocentes... Mas quando contemplo a Cruz... também pergunto o mesmo. Que mal fez Aquele homem? Que mal fez Jesus Cristo? Que mal faz Jesus Cristo hoje no mundo para ainda hoje ser tão odiado por alguns? Numa resposta interior, pergunto, será que julgaram Jesus Cristo só porque Ele pregava o Amor, a Paz e a Concórdia entre nós? Significa então que o nosso problema está, não em Jesus Cristo, mas numa colossal falta de saber o que é o Amor, de saber amar e perdoar. Saber amar, implica uma dinâmica de conhecimento e de ir mais além do que nos ficarmos por imagens e palavras. Em bom rigor, quando falamos em todo este ódio que está interiorizado nos membros do auto-proclamado Estado Islâmico, teremos que indibitávelmente perguntar à História o que está na origem deste ódio, porque tem uma resposta. O mal é na verdade um grande mistério que também procuramos dar resposta. O mal gera o mal. Por isso convidar-vos-ia a fazer uma pesquisa profunda e prolongada acerca do que é e como surgiu o Estado Islâmico e os seus fundamentos, para entendermos o porquê de tanto ódio. Muito provavelmente vamos perceber porquê e acabamos por perdoar e amar. Sim, meus caros e minhas caras, chegou o tempo que a única resposta que o Mundo tem de dar é Amor. O Mundo está carente de Amor, porque não há quem o ame. Deus ama o Mundo, mas Deus necessita do nosso Amor para amar o Mundo.

jjmiguel

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Segunda-feira da XVII Semana do Tempo Comum

“Não sabeis o que estás a pedir”. A mãe dos filhos de Zebedeu achava que Jesus lhes podia dar poder e domínio. Ela queria que Jesus os sentasse um à sua direita e outro à sua esquerda no seu reino. O Reino de Deus não é uma lógica de poder, nem de domínio, assim como o Reino de Deus não é uma questão de títulos nobiliárquicos, de graus académicos, nem de títulos eclesiásticos. Em bom rigor, o Reino de Deus não é um questão de comida e de bebida. O Reino de Deus é serviço, é humildade, respeito pelo Outro, tolerância para com o Outro, que muitas vezes nem sequer conhecemos. Porém, o nosso olhar umbilical não nos permite olhar nos olhos do Outro, e não nos permite conhecê-lo. Vivemos numa arrogância infantil, numa sociedade que em muito terá que crescer e amadurecer e perceber que o sofrimento faz parte integrante da vida e não é para esconder. A Cruz não é para esconder, porque ela é sinal da nossa maior glória. Nós não controlamos nada, porque não somos donos de nada. Entender um Cristianismo só pela via da Ressurreição e deixar para trás a Paixão e a Morte, é reduzir o Cristianismo a nada. A vida cristã faz-se desta triologia: Paixão, Morte e Ressurreição. O problema é que parece que só queremos numa eterna Ressurreição. Porém para que essa eterna ressurreição aconteça é necessário a Paixão e a Morte e para isso crescer na fé também faz parte da nossa vida de todos os dias. Se isto for esquecido a História da nossa vida tratará de realizar os justos julgamentos...


jjmiguel 

domingo, 24 de julho de 2016

No XVII Domingo do Tempo Comum

“A quem bate à porta, abrir-se-á.” Jesus ensina os discípulos a orar e dá-lhes a oração mais sublime para qualquer cristão: a oração do Pai-Nosso. Muitos foram aqueles que na história do cristianismo e até aos dias de hoje meditaram e reflectiram sobre esta mesma oração. Uma oração que é na verdade uma profissão de fé, mas ao mesmo tempo um compromisso. Na verdade, a oração compromete-nos. O que é para nós hoje a oração? Que lugar tem esta na nossa vida? Temos falta de oração, a Igreja tem falta de oração. Em bom rigor, orar não é debitar um conjunto de orações devocionais e doutrinais. Essas orações terão que nos ajudar a meditar sobre o essencial da nossa vida. Orar é experimentar o silêncio com Deus, na nossa interioridade. Pela oração entramos na intimidade de Deus. Mergulhamos no mais fundo de nós próprios e faz-nos encontrar com a Verdade. Esta Verdade é a verdade da nossa vida. Por isso a oração é também um momento de humildade e de nos deixarmos cair nos braços de Deus, e confiar que Ele como nosso Pai, não nos vai deixar cair. Por outro lado a oração alimenta-nos. Quantos de nós, na nossa vida quotidiana, paramos para orar, para falar com Deus? Somos capazes de falar com toda a gente, mas não conseguimos falar com Deus. Não conseguimos lhe expôr a nossa vida. Será o medo de nos confrontarmos com o que não queremos ver. É que o encontro com Deus é como estar diante de um espelho. Falar com Deus é viajar ao nosso interior, onde Ele habita e onde Ele nos espera. Por isso são importantes os exercícios espirituais. Exercícios espirituais, exercitam o espírito. Todos nós procuramos exercitar o espírito através da yoga, de ritos esotéricos entre outras coisas, mas não somos capazes de nos silenciar e diante de Deus entrar nessa intimidade. Orar é entrar em Deus e deixar que seja Ele a guiar a nossa vida. Por isso a fé é esse descer umas escadas com os olhos vendados, sabendo que Ele nos dá a mão e não deixa cair. Hoje com tantos problemas e solicitações que enfrentamos teremos que reconhecer que a solução para os nossos problemas e os problemas do mundo está na nossa oração. Pedimos ao Nosso Mestre e Senhor: “Senhor, ensina-nos a orar!”



jjmiguel

sábado, 23 de julho de 2016

Sábado da XVI Semana do Tempo Comum

“Permanecei em Mim”. Permanecer é estarmos presentes, é viver numa casa, é estar estabelecidos. Jesus convida-nos a permanecer Nele. Somos por isso convidados a viver com Ele nesta casa, que é a nossa casa interior. Deixar que Ele viva na nossa casa interior. Muito frequentemente a nossa casa é arrebatada por muitas tempestades e momentos muito fortes de tensão em que nos causa cansaço e que nos fazem baixar os braços e desistir. No entanto, Jesus exorta-nos “permanecei”... “Deixar-vos estar em casa, eu estou convosco”, este é o convite de Jesus. Por isso no meio de tantas gritarias do mundo, Jesus, provoca com este “permanecei”. Por isso não nos deixemos levar pelas tempestades, porque em Jesus temos ali o nosso porto seguro. “Nada nos falta!” Parafraseando Santa Teresa de Ávila. Quem tem a Jesus na sua vida nada lhe falta. Meus caros e minhas caras, podemos passar grandes tormentas, momentos de solidão, mas no silêncio, abri o vosso coração e deixai que Ele vos fale, deixai que Ele vos ame, que Ele vos console nesse momento de dor. Ele conhece-vos por dentro e por fora. Para Ele vós não tendes segredos, mas deixai que Ele vos fale sobre a vossa vida, sobre o que vos preocupa e confiai, confiai, confiai, porque se Ele nos amou tanto ao ponto de dar a Sua vida, também nos vai continuar amar. Não estamos órfãos... Ele está connosco, escutai-O!


jjmiguel

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Sexta-feira da XVI Semana do Tempo Comum

“Vi o Senhor”. A Igreja neste dia recorda a memória de Santa Maria Madalena. Muito se tem dito acerca de Maria Madalena, mas digamos que essas afirmações de baseiam em futilidades para satisfazer teorias que querem no fundo contradizer ao que se sabe a respeito de Maria Madalena. Muito francamente, se houve alguma paixão entre Maria Madalena e Jesus, é possível, mas de certo não com os olhos de quem quer perverter a verdadeira mensagem do Amor. Maria Madalena encontrou-se com Cristo ressuscitado, ela que tinha sido uma pecadora. Ao encontrar-se com Jesus, ela rejubila de alegria, o seu lamento converte-se em alegria. E correu depressa a dizer aos discipulos que tinha estado na presença de Jesus. A partir daqui se tem desenvolvido muitas fundamentações pouco claras acerca do sacerdócio feminino. Uma coisa não tem a ver com outra. Para se falar de sacerdócio feminino, em primeiro lugar teremos que falar do que é ser Cristão e perceber que desde já do nosso baptismo somos sacerdotes e todos chamados a exercer o nosso sacerdócio seja onde fôr. O ser sacerdote não passa exclusivamente por estar à frente de uma comunidade, ou por vestir um paramento, nem muito menos usar de poder. O sacerdócio é serviço. Somos por isso chamados a ser sacerdotes desde o nosso baptismo junto de todos, sobretudo nos nossos ambientes, sejamos homens e mulheres comprometidos com Jesus Cristo, para que com o nosso testemunho de vida sejamos o anúncio desta alegria de Cristo ressuscitado, para que possamos dar vida e vida em abundância a todos aqueles que se encontram abatidos e procuram um sentido para a sua vida. Em vez de nos arrastarmos por teorias de Dan Brown e outros, saibamos primeiro perceber e entender o que está por detrás da mensagem que nos quer deixar o testemunho de vida Santa Maria Madalena. Como ela saibamos nós também nos encontrar com Jesus Cristo, para que o nosso choro e o nosso sofrimento, se converta em alegria e em nós seja regenerada a vida em Cristo Jesus.



jjmiguel

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Quinta-feira da XVI Semana do Tempo Comum

“Felizes os vossos olhos porque vêem”. Um dia acusaram-me de viver na “superficialidade da vida” e de ser um “cata-vento”. Pois bem, deixo a resposta, exactamente com a mesma frase que sempre me disseram: “Quando alguém faz uma critica a outro, fala de si próprio”. Falamos sem conhecer, e por isso quem fala em viver na superficialidade da vida e de cata-ventos a ele próprio se acusa. Conhecer significa passar a ponte, significa ir mais mais além do que livrinhos doutrinas e estudozinhos de um “copiar/colar” que nada nos querem dizer. Há mais vida para além das letras, para além das palavras. Jesus falou em parábolas, e nem assim nós O entendemos e continuamos sem entender, porque não queremos ver, porque vivemos enterrados nas nossas cegueiras pelas nossas ambições, pelos nossos orgulhos, pelo nosso centralismo umbilical. Os tempos do absolutismo de Luís XV, em que “L’ État, c’ est moi”, acabaram em 1789. As pessoas não são máquinas. Nem tudo é imagem, nem teatralidade, muito menos a vida é um teatro em que possamos representar um papel. A vida é bem real, e só quem não a experimenta, não sabe do que fala. Falar dos outros, ou das coisas sem as conhecermos é em última instância um exercício infantil de muito pouca maturidade. Jesus falou em parábolas e felizes daqueles que conseguem caminhar para para lá das parábolas para entrar na realidade escura e fria que é muitas vezes a sua vida. Por vezes, é preferível viver pelas parábolas... E em última instância ficamos pelas parábolas, porque quem vive na “superficialidade da vida” e como “cata-ventos” não entende, nem mesmo as parábolas. A sua vida é imagem e não passa de ser uma parábola.


jjmiguel

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Quarta-feira da XVI Semana do Tempo Comum

“Disse muitas coisas em parábolas”. Jesus fala-nos em parábolas, para que possamos entender o que não entendemos. Mesmo falando em parábolas continuamos sem perceber. Nesta parábola do semeador Jesus deixa-nos um recado directo: não podemos ser cristãos sem ir beber da Palavra do Evangelho. Há muitos cristãos hoje, a começar por mim, que falamos de tudo menos da Palavra de Jesus. Por isso, causa-me muita admiração, como se pode ser cristão sem ir à missa, sem se estar na comunidade, sem se viver a fé em comunidade? Causa-me muita admiração, como se pode ser cristão se não se medita sobre a Palavra do Evangelho? Causa-me muita impressão, como se é cristão se não se gosta de rezar? Como se é cristão, se a missa é um fardo? Como se é cristão, se se acha que a Igreja é uma “seca” e que a Igreja são tudo regras e burocracias? O que hoje falta no nosso Cristianismo europeu, e especificamente em Portugal, é experienciar na carne, o que é ser cristão no Iraque, no Afeganistão, no Paquistão, na China, no Vietname. Nestes locais para se ser cristão é viver-se no anonimato e no silêncio porque, em última instância é a vida que pode estar em jogo. Nós, cristãos europeus, somos cristãos fartos e cheios, que de cristãos temos muito pouco. Porém, há ventos que estão a vir do Norte da Europa que começam a obrigar a um repensar o nosso cristianismo. Na verdade, a Nova Evangelização, não é para África ou América, ou Ásia. A Nova Evangelização é para a Europa. É a Europa e a Igreja europeia que se tem de repensar a ela própria. Em muita coisa, concordo com o Papa Francisco, e muito sinceramente, nós não estávamos habituados a ouvir algumas coisas tão directas como ele nos diz. Mas é para nós que ele nos fala. Não é assobiar para o lado como se nada fosse connosco. Talvez andamos muito enganados acerca do que é a Fé e de como ela deve ser vivida...

jjmiguel

terça-feira, 19 de julho de 2016

Terça-feira da XVI Semana do Tempo Comum

“Todo aquele que fizer a vontade de meu Pai”. Coloquemos no centro da nossa reflexão estas palavras de Jesus... Qual é a vontade que está aqui em evidência? A vontade do Pai. Passa-se que muitas das vezes fazemos mais a nossa vontade do que a vontade do Pai. Mas qual é a vontade do Pai? A vontade é cumprir a Sua Palavra, neste caso o Evangelho. A Palavra do Evangelho não nos pode passar despercebida. Como podemos ser cristãos sem conhecer Jesus Cristo e o Seu Evangelho? No entanto, este conhecimento de Jesus Cristo não pode se tornar uma questão banal ou profissional. Não podemos viver uma religião de profissionalismo. A fé não é uma profissão. A fé é para ser vivida. Assim sendo, a vida cristã a começar pelo Papa, Cardeais, Bispos, Padres, Diáconos, Religiosos, Leigos é para ser vivida, não para ser uma profissão. Falando directamente: não se é padre por profissão, assim como não se é organista, leitor, acólito, bispo, etc. por uma questão profissional, mas antes porque se vive e se experimenta os estigmas de Jesus Cristo na nossa carne. Ora, se não se experienciar na vida cristã, a vida na Cruz, como podemos transmitir a vida, a esperança a todos aqueles que neste momento necessitam dessa vida, dessa esperança. A Religião, deve ser vida. O Cristianismo é por isso a experiência da Paixão, da Morte e da Ressurreição de Jesus, caso contrário, a vida cristã pode ser tudo, menos vida cristã.


jjmiguel

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Segunda-feira da XVI Semana do Tempo Comum

A Santa Igreja, nossa verdadeira mãe, desejando imprimir a fé em nossos corações e vendo quão distraídos desnorteados andam, ordinariamente, seus filhos, em pensamentos e negócios do mundo, buscou mil remédios, mil ardis e santas invenções, para lhe pegar firmemente e imprimir na memória, entendimento e vontade, os mistérios da nossa fé e redenção. Para isso ordenou e instituiu diversas festas e solenidades para especial lembrança de tais mistérios; e ainda repartiu o ano em diversos tempos.



Do Beato Bartolomeu dos Mártires, bispo

domingo, 17 de julho de 2016

No XVI Domingo do Tempo Comum

“Marta atarefava-se com muito serviço”. Andamos todos muito atarefados e com agendas cheias de nada. Dados recolhidos junto de algumas comunidades que promovem retiros espirituais os números de pessoas que frequentam têm aumentado nestes últimos anos. Assim como também dados recolhidos junto de livrarias e editoras tem aumentado a procura de livros de auto-ajuda, bem como a procura por outros caminhos esotéricos tem-se manifestado um grande aumento. Assim como, as conversões a outras religiões e espiritualidades (algumas vezes mal conhecidas) também tem aumentado e notado. Tudo isto manifesta duas coisas: primeiro: o Homem não pode viver sem Religião; segundo  - precisamos de parar neste inferno de um Mundo cheio de coisas vazias. Estamos cheios de coisas vazias que em nada nos alimentam, a nossa fome de espírito. Muito francamente, não me incomoda as conversões, ou as reconversões a outras espiritualidades, como também não me incomoda a procura pelos livros de auto-ajuda, bem como não me incomoda a procura por sensibilidades mais esotéricas. Na verdade isso tudo buscas de caminho, de um caminho sem sentido. O que de facto preocupa é a superficialidade e a banalidade espiritual em que nós mergulhamos. O Homem necessita de profundidade espiritual, de recuperar o sagrado na sua vida. Muito frequentemente falo em caminho espiritual cristão e o que acontece é que sinto que as pessoas fogem desse caminho espiritual cristão como o diabo foge da Cruz. Em seguida, pergunto-me, mas afinal o que é que esta gente procura para a sua vida? O fácil? Uma felicidade fácil? Uma vida sem sofrimento? Uma vida sem a Cruz? Ora a vida para um cristão sem a Cruz é uma vida mundana. É necessário entender que não há vida sem a morte, nem morte sem a vida. É preciso morrer para ressuscitar, é preciso cair para nos levantarmos. Um caminho não é uma linha recta, muito menos o caminho de Deus... Então de que caminho procuramos?

jjmiguel

sábado, 16 de julho de 2016

Sábado da XV Semana do Tempo Comum

“Não discutirá nem bradará, e ninguém ouvirá nas praças a sua voz.” Todos esperaríamos que Jesus viesse por aí fora a bradar e até viesse colocar a justiça no Mundo. No fundo vivemos na espera, tal como os judeus, que Jesus venha restaurar o Mundo como se de um governante se trate. Quem pensa assim, seria melhor repensar a sua Fé. Jesus não vem fazer por aí “armar barracas”, nem muito menos é um líder popular que vem satisfazer a todos. Jesus não se ouve, Jesus fala ao interior no nosso coração. O Mundo tem falta de O escutar no seu coração. Porque na verdade a revolução que todos nós ansiamos nos dias de hoje, não será com certeza aos gritos histéricos no meio das ruas, nem muito menos uma luta de classes. A “luta” essa é no coração de cada homem e mulher de boa vontade. É no coração que se dá a revolução. A fé cristã não é uma fé de grandes fenómenos, nem de milagres para se verem com olhos humanos. Descupai a expressão, mas “o Homem tem de baixar a bola” diante de coisas que o transcendem e para as quais a sua Razão não tem explicação. A oração é uma coisa muito séria, os sacramentos não são meros acontecimentos sociais. Missas, casamentos, primeiras-comunhões, confissões, batizados, funerais não são acontecimentos banais. Assim com as igrejas não são “mercados” para se fazerem negócios. Hoje, pela experiência que tenho tido, ao entrar em certas igrejas oiço de tudo menos o silêncio sagrado. Bem, como os objectos litúrgicos (cálice, patena, etc...), não são meros objectos que se ponham ali em cima de uma mesa qualquer e sejam assim banalizados. Bem como o Altar não é um espaço qualquer para por vezes assistirmos a cenas de circo. Eu sei que isto acontece... Lamento! Tudo isto é ao estado a que chegamos quando não reconhecemos o Sagrado na nossa vida. Peço desculpa se sou duro nas palavras, mas é duro demais ver e assistir como conseguimos tornar banal, o que não pode ser banalizável e Deus não pode ser banalizado.

jjmiguel

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Sexta-feira da XV Semana do Tempo Comum

“Não teríeis condenado estes que não têm culpa”. Um dia um senhor disse: “Deus está morto”. A frase à época, e ainda actualmente é uma bomba para as mentes mais sensíveis. A verdade é que Friedrich Nietzsche, por mais que nos doa tinha razão. O Homem do séc. XX matou Deus, ou seja, renegou-O para segundo plano. O sagrado foi colocado na gaveta. O Homem matou Deus, mas criou um deus com num Super-Homem, que se traduz em manifestações esotéricas e em muitas hipotéticas energias espirituais que no fundo não nos trazem respostas. O que assistimos hoje é a um farisaísmo cristão sem precedentes. Vivemos de regras, de leis e mais leis e onde fica o acolhimento, a hospitalidade? Apontamos dedos, julgamos tal e qual como se fossemos altos magistrados de toga sentados no banco de um tribunal. Quantos e quantas de nós, durante as celebrações nas nossas paróquias não dizem: “Olha aquele vem vestido assim?”; “Olha o Coro é uma vergonha! Não cantam nada!”; “O padre não tem o dom da palavra, não presta para o sermão!”; “Então aquele é homossexual e vem à missa?”; “Então aquela é divorciada e vai comungar?” Triste povo, muito triste... Andamos a desperdiçar energias em futilidades. Como cristãos, o tempo que falamos dos outros e olhássemos para nós e para o nosso caminho espiritual. Afinal, que caminho fazemos com Jesus? Ele é o centro da nossa vida? Falamos de tudo menos de Jesus Cristo! Tenho conhecimento de que muitos deixam de ir à missa e de acreditar na Igreja, só porque “o padre fez aquilo e não devia ter feito e já não volto lá a meter os pés...”; ou só porque “o que é que vou fazer à missa, os que lá vão ainda são piores do que eu...” Vivemos muito preocupados com a vida dos outros, quando uma só coisa é necessária: Jesus Cristo e o Seu Evangelho e nada mais. Desculpai a comparação, mas todos temos tempo para ir ver jogar o nosso clube de futebol, ou para ir para outro tipo de eventos, mas nem sequer temos uma hora por semana para estar com o Nosso Mestre e Senhor. Sendo assim, para que nos batizamos, casamos ou queremos funeral pela Igreja? Será que Jesus Cristo não será mais importante que tradições e devoções que em nada nos fazem caminhar...? Jesus Cristo tinha razão: “Deixai que os mortos sepultem os seus mortos...”

jjmiguel

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Quinta-feira da XV Semana do Tempo Comum

“Aprendei de Mim”. A quem buscamos? Que sentido tem a nossa vida? Que importa ter, ter, ter... Neste dia convido-vos a ir até ao sacrário da vossa igreja paroquial. Não serão precisas palavras, basta estarmos ali no silêncio. Contemplar o silêncio e deixarmos que Ele nos abrace. Deixa que Ele tome sobre si o teu cansaço, os teus problemas, tudo aquilo que te pesa. Hoje vivemos um grande déficit de vida de oração. Basicamente não sabemos rezar. A nossa oração é muitas vezes baseada no pedir, pedir... Pedir pela família, pelo amigo, pelo trabalho, pelos doentes. Com certeza que tudo isso é importante. Mas e nós? Fala com Jesus no mais profundo silêncio do teu interior, no teu quarto ou num espaço que os gritos do Mundo não te perturbem. Abre-lhe o coração e fala-Lhe da tua vida. Não tenhas medo de Lhe dizer quem tu és. Ele aceita-te assim, com todas os teus pesos e com todas as tuas falhas. Ele não veio para o que já tinham certezas acerca da Fé, ou para os que cumprem todas as regrinhas. Foi para os que têm dúvidas, foi para os que falham as regrinhas e a todos acolhe. Contempla a Cruz... Olha como Ele abre os braços em todo aquele sofrimento para te acolher, para te abraçar. Ainda que não acredites, e até aches que isto da Fé é para louquinhos, porque não experimentar entrar no silêncio do espaço sagrado de uma igreja e saborear o silêncio. Um silêncio que te pode incomodar, e se te incomoda deixa-te romper por incómodo, porque é sinal que Jesus quer estar contigo este dia na tua casa. 

jjmiguel

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Quarta-feira da XV Semana do Tempo Comum

Este bem-aventurado servo de Deus, depois de ter sido sagrado rei, não se limitou às preocupações do reino temporal, mas querendo alcançar a coroa da imortalidade, decidiu combater pelo Rei supremo, a quem servir é reinar. Para isso manifestou o maior zelo em promover o culto divino, enriquecendo as Igrejas com diversas doações e oferecendo-lhes todo o género de ornamentos e alfaias sagradas. Fundou nos seus domínios o bispado de Bamberg, dedicado aos príncipes dos apóstolos São Pedro e São Paulo, e ao glorioso mártir São Jorge, e confiou-o à jurisdição da Santa Igreja Romana de modo erspecial; pretendia assim prestar à primeira Sé da Cristandade a honra que lhe é devida por instituição divina e dar maior firmeza à sua fundação, colocando-a sob tão alto patrocínio.


De uma antiga Vida de Santo Henrique

terça-feira, 12 de julho de 2016

Terça-feira da XV Semana do Tempo Comum

Ouves como os nossos pais estiveram debaixo da nuvem, uma nuvem certamente benéfica, que refrescou o ardor das paixões e protegeu com a sua sombra aqueles sobre quem desceu o Espírito Santo. Ele desceu depois sobre a Virgem Maria, e o poder do Altíssimo cobriu-a com a sua sombra, quando Ele gerou o Redentor do género humano. Também este milagre realizado por Moisés era uma figura. Portanto, se o Espírito estava presente an figura, não estará presente na realidade, quando a Escriturta te diz que a lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo?



De Santo Ambrósio, bispo

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Segunda-feira da XV Semana do Tempo Comum

“Muitos dos primeiros serão os últimos, e muitos dos últimos serão os primeiros”. A Igreja recorda hoje São Bento. Muito mais que o “São Bentinho” como nos diz a devoção estamos a falar do padroeiro da Europa. Falamos de São Bento de Núrsia que foi através dele que hoje temos a Europa neste configuração que hoje todos conhecemos. Foi à sombra de muitos mosteiros que a Europa foi toda ela refundada depois de ter sido abarrotada pelas invasões dos povos do Norte e do Leste. Hoje a Europa esqueceu tudo esta história. Pergunto aos senhores que quiseram e continuam a renegar a identidade cristã europeia o que seria se muitos mosteiros não tivessem guardado e dado muito da cultura que deram o que seria hoje a Europa? Não podemos esquecer as nossas origens, a nossa memória. Uma vergonha aquilo que hoje se passa acerca do ensino da História, em especial nos primeiros anos escolares e depois mais tarde. Conhecer a História é ter a memória presente. Bem sei que são alguns esforços feitos por parte de alguns agentes do ensino para a História não seja apagada. Queremos viver sem memória, queremos viver sem passado, porque talvez o passado nos faça sofrer. Mas normalmente viver agarrado a esse passado também faz mal. Somos convidados a viver e a aprender com o passado e não a viver um passado que já não existe. Somos chamados a viver no nosso presente com a aprendizagem do passado e através dessa aprendizagem no presente, a proteger um futuro, para que possamos ser melhores. Numa altura em que estamos a viver numa Europa que está completamente a ruir, depois do abalo do “Brexit” e demais problemas que assolam a Europa será tempo de soluções. O que está morto, está morto, é tempo de dar solução ao que está vivo e seguir em frente e não ficar aprisionado a grilhões que nos prendem. A Europa precisa urgentemente de reflectir sobre quem foi (com o bom e o mau), quem é e o que poderá vir a ser. Não precisamos de profetas da desgraça, mas profetas da graça e da vida... Assim o foi São Bento de Núrsia que numa Europa totalmente em ruínas, fê-la erguer e a obra nasceu, até hoje...



jjmiguel 

domingo, 10 de julho de 2016

No XV Domingo do Tempo Comum

“Vai e faz tu também o mesmo”. Da Palavra do Evangelho deste domingo retiro dois pequenos pensamentos para estes dias. O primeiro pensamento é o Amor. O Amor pressupõe uma relação. Uma relação com o meu Outro. Temos nós de facto noção real deste sentimento que é divino e que permanece no coração do Homem? Às vezes sou tentado a olhar para os animais e a ver que estes nos dão sérias lições de Amor. Sinceramente, nós somos piores que os animais, porque os animais, não tendo uso da razão intelectual comportam-se e amam-se segundo os seus instintos melhor que o Homem. Entendo por isso, quando existem comentários e até dedicações um pouco mais efusivas de nós para com os animais, porque ao fim e ao cabo andamos todos à procura do mesmo: de Amor. Só o Amor dá sentido à nossa vida. Daqui sai o segundo pensamento: as nossas relações sociais. Hoje não temos relações sociais. Temos relações sociais de protocolo e nada mais. Não aprofundamos relações porque temos medo, desconfiamos, não nos abrimos à realidade do Outro, não entramos no mundo do Outro, porque o Outro também não se abre porque também tem medo de nós. Estamos mergulhados no medo de amar. O homem do inicio do III milénio tem medo do Amor, tem medo de amar, porque está cheio de estereótipos e preconceitos maquiavélicos na sua cabeça. Hoje somos capazes de amar mais um relógio do que uma pessoa. Triste mundo que ama o “ter” e que deixa de amar o “ser”. Não foi por acaso que o Papa Francisco convocou o Ano Jubilar da Misericórdia, porque o Santo Padre sabia bem o que estava a convocar e o problema é que esta misericórdia não pode ser uma misericórdia mundana, mas vinculada à vida de Jesus Cristo. Se assim não for é mais um Ano de Misericórdia e mais umas palavrinhas bonitas que “fica bem” dizer. O Ano da Misericórdia não pode ser um ano de protocolo, mas um ano desta experiência de misericórdia.


jjmiguel

sábado, 9 de julho de 2016

Sábado da XIV Semana do Tempo Comum

Nesta multidão de mártires resplandecem também trinta e três missionários e missionárias que, deixando a sua pátria, se empenharam em inserir-se nos costumes e mentalidade dos chineses, adoptando com grande amor as características daquelas terras, induzidos pelo ardente desejo de anunciar a Cristo e servir esse povo. Os seus sepulcros ainda permanecem ali para mostrar que pertencem àquela pátria, que apesar da fraqueza humana, amaram de coração sincero, consagrando a ela todas as suas energias. “Não fizemos mal a ninguém”, disse o bispo Francisco Fogolla ao governador que se apressava a matá-lo com a sua própria espada; pelo contrário, “fizemos bem a muita gente”.


Das Homilias de São João Paulo II, papa

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Sexta-feira da XIV Semana do Tempo Comum

“Sereis odiados”. Durante a leitura deste Evangelho vinha-me à memória as palavras de um sacerdote iraquiano que pedia a visita do Santo Padre à sua comunidade cristã no Iraque. E por momentos salta-me uma lágrima... Penso nos Cristãos no Médio Oriente (Síria, Líbia, Iraque, Israel, Arábia Saudita, etc...). Imagino de como seria ser cristão e ter que se viver escondido, viver em silêncio, comungar o Corpo de Cristo muitas vezes em condições que nem sequer conhecemos. Rezar o “Pai-nosso” no íntimo do coração, porque não pode ser proferido publicamente. O que aconteceria se se fizesse uma procissão com o Santíssimo Sacramento em pleno território do auto-proclamado Estado Islâmico? Não tenho conhecimento que se faça ou não. Mas muito provavelmente imaginaria o que iria acontecer. Somos um mundo de contradições. Porém, aqui na parte Ocidental, tenho conhecimento que em algumas partes já começámos a vender igrejas, a vender órgãos de tubos e outro património, porque os cristãos vão sendo cada vez menos. Comunidades cristãs que se querem manter a sua igreja paroquial terão que pagar para a manter. Em Portugal é uma realidade ainda desconhecida, mas que não tardará. As catedrais europeias são cada vez mais engolidas pelo turismo que pelo culto. Não querendo falar do vandalismo e abandono de algumas capelas por essa Europa fora. Ao contrário de tudo isto temos cristãos no Médio Oriente que davam tudo para poder viver em liberdade a sua Fé em Jesus Cristo. A Europa apaga o Cristianismo e Deus da sua história, mas Jesus Cristo está bem vivo no Mundo, porque o Mundo não se centra nesta soberba e orgulhosa Europa que se arruinará às suas mãos. A Europa irá ter o retorno de tudo o que de bom e mau foi fazendo ao longo do tempo enquanto dominou. A História e o Tempo estão a começar o seu julgamento à Europa... Dentro em breve saberemos a sentença...


jjmiguel

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Quinta-feira da XIV Semana do Tempo Comum


“Desça a vossa paz sobre ela”. Os seguidores de Jesus Cristo são embaixadores da Paz. Os seguidores de Jesus Cristo são os Cristãos. Porém coloco algumas perguntas a mim próprio quando tenho conhecimento de casos de Cristãos que nas suas comunidades são sinal de tudo menos sinal de Paz e de Graça. Se não se é sinal de Paz, se não se é sinal da Graça da Vida que é Jesus Cristo nas nossas comunidades cristãs, então de que Cristãos estamos a falar? Será que estaremos diante de Cristãos que incitam e se alimentam dos conflitos? Sou tentado por vezes a pensar que muito provavelmente nas nossas comunidades cristãs há Cristãos com um grande potencial a integrar grupos altamente fundamentalistas, que poderiam assemelhar-se ao Estado Islâmico. A cruz de Cristo que muitos de nós usamos ao peito e que muitas vezes nos servimos como mera acessório  para sustentar vaidades deve ser sinal desta Paz e desta Graça para a vida com o Outro. Pergunto-me muitas vezes que testemunho eu dou enquanto Cristão. Mas também me pergunto como seria usar a Cruz de Cristo ao peito num ambiente adverso ao Cristianismo. A verdade é que os Cristãos, sobretudo no Mundo Ocidental esqueceram a dimensão do que é dar a vida, da gratuitidade, do acolhimento, da paz e da graça do Senhor Jesus Cristo. Felizmente, conheço muitas excepções destas palavras. O problema é que o acolhimento, a vida, a graça, a paz, o amor não deviam ser excepção, mas a regra.


jjmiguel

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Quarta-feira da XIV Semana do Tempo Comum

Nem todos somos chamados a sofrer o martírio; mas todos somos chamados a adquirir as virtudes cristãs. A virtude, porém, exige energia, que embora não atinja as alturas da fortaleza desta angélica menina, nem por isso obriga menos a um cuidado contínuo e muito atento, que deve ser sempre mantido por nós até ao fim da vida. Por isso, semelhante esforço pode ser considerado um martírio lento e prolongado, ao qual nos convidam estas divinas palavras de Jesus Cristo: “O reino dos Céus sofre violência e são os violentos que o arrebatam.”



Das Homillias de Pio XII, papa

terça-feira, 5 de julho de 2016

Terça-feira da XIV Semana do Tempo Comum

“Os trabalhadores são poucos”. A multidão ficou maravilhada quando Jesus expulsou um demónio de um mudo possesso. Ao contrário dos fariseus que afirmaram que era pelo príncipe dos demónios que Jesus expulsava os demónios. A verdade é que hoje somos cada vez mais estes fariseus. Tudo o que passe os limites do racionalismo humano, já é estranho e procuramos explicar tudo, pela luz da nossa Razão. Mas a Razão de Deus é totalmente diferente. Vivemos demasiado agarrados a regras e a cânones e conseguimos fazer com que estes nos retirem a liberdade. Ora, na verdade, as regras foram feitas para dar liberdade e não para prender, mas há por aí quem entenda o contrário. Normalmente viver obsessivamente amarrado a regras, com certeza, que um dia dará mau resultado, porém há por aí uns entendidos que dizem que não e que o mundo é feito só com regras e há regras para tudo. Nada tenho contra as regras, até porque em sociedade vivemos com elas, mas cuidado quando as regras nos sobem à cabeça. De tanta regra podemos perder o sentido e de tanta regra, não sabemos qual a verdadeira regra, qual o verdadeiro sentido para a nossa vida. Em tudo é necessário equilíbrio, porque toda a natureza é feita de equilíbrios, e é esse equilíbrio natural que torna a vida bela. Como dizia Bento XVI, é necessário que façamos da nossa vida locais de beleza.

jjmiguel

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Segunda-feira da XIV Semana do Tempo Comum

“Riram-se d’Ele”. Todos nós gostamos de traçar planos e fazer futurologias. Mas muitas vezes esquecemo-nos de um pormenor: não somos nós que comandamos a nossa vida. A nossa vida é um caminho com linhas rectas, mas que tem algumas curvas, algumas lombas. Porém, vivemos num sociedade em que se acha que tudo é feito em linha recta e em alta velocidade. Perdemos a noção do tempo e até do espaço. No entanto, o caminho da fé não é feito em linha recta, é feito do inesperado. A fé é por isso feita de esperança e confiança. Notai que há dois episódios neste texto: uma mulher que tocou em Jesus e ficou curada da sua doença; e uma menina que se pensava morta e que Jesus a retomou à vida. O povo ridicularizou Jesus ao rir-se, porque não acreditava. Hoje fazemos exactamente o mesmo quando acontece algo que na nossa lógica mundana é impossível. Na lógica divina não há impossíveis. E ridicularizamos, porque nos falta a metafísica. Não conseguimos sair do mundo racional, não nos conseguimos descolar do supérfluo da nossa vida, do nosso espírito mesquinho. Vivemos de “coisinhas” que mais parecemos crianças em tempos de infância. Jesus convida-nos a tocar. É este toque que nos falta. Um toque que não é feito por “yoga’s”, nem por outras actividades esotéricas. Buscamos tocar Jesus, ansiamos tocar em Jesus, mas preferimos tocar-Lhe por caminhos mais fáceis, e que desfocam o sentido da nossa vida. Em boa verdade, andamos a tocar em tudo, mas temos medo de tocar no essencial, porque esse essencial nos confronta e nos compromete. E, actualmente, a palavra compromisso mete medo. Mete medo porque queremos umas “fézadas”, em vez de uma Vida, de, na e para a Fé.

jjmiguel

domingo, 3 de julho de 2016

No XIV Domingo do Tempo Comum


“Não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem; alegrai-vos, antes, por estarem os vossos nomes escritos no Céu.” Jesus envia 72 discipulos a várias cidades. Há duas ideias no Evangelho deste domingo que notamos: o desprendimento e o poder. A vida cristã deve ser desprendimento dos bens deste. O que importa ao cristão é a missão de ser diplomata e arauto da vida de Jesus Cristo. Por isso a vida cristã, é uma vida de abnegação pelos bens deste mundo. Vivemos neste mundo, mas não somos deste mundo. Comemos e bebemos, mas a nossa centralidade de vida está na vida de Jesus. Os nossos olhos estão fixos no Seu rosto. Por isso a nossa vida cristã é uma vida de entrega nas mãos de Deus. Deixar confiar, esta deverá ser a nossa vida de fé. Viver com o minimo e o necessário para a nossa sobrevivência, tudo o resto nos será dado por acréscimo. Vivemos agarrados a coisas mesquinhas que em nada nos fazem crescer e só nos desfocalizam do essencial da nossa vida. Daqui advém, que somos por isso chamados a ter um papel de destaque na sociedade, pelo nosso exemplo de vida que temos que dar aos outros. Para os cristãos não importa os títulos sociais, importa o testemunho de vida e ser sinal da presença de Deus na vida dos outros de tal forma que os outros sintam que somos sacrários vivos para a sua vida. Não importa ter, importa ser...


jjmiguel

sábado, 2 de julho de 2016

Sábado da XIII Semana do Tempo Comum

“Ninguém põe um remendo de pano novo em roupa velha”. A verdade é que andamos a colocar remendos novos em roupa velha e nunca mais chegamos a lado nenhum. Pelo baptismo somos chamados a uma vida de perfeição com o Outro e com Deus. Gostamos muito de florear a vida cristã com teologia que ninguém percebe e ninguém entende. A teologia deve tornar claro, numa linguagem simples e clara a mensagem do Evangelho. Não compliquemos! Jesus não quer saber dos nossos rituais. De que vale jejuar se temos o Nosso Mestre e Senhor connosco? De que vale a nós cristãos nos preocuparmos com o futuro, porque desde o nosso batismo sabemos sabemos em quem confiamos. Da minha experiência, diz-me que nos falta na nossa vivência cristã experimentar e sentir a graça que é a vida de fé em Jesus Cristo. Mas afinal o que é isto de viver Jesus Cristo na minha 
vida?


jjmiguel

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Sexta-feira da XIII Semana do Tempo Comum

“Porque é que o vosso Mestre come com os cobradores de impostos e os pecadores?” Por momentos apetecia perguntar a estes fariseus: “E qual é o problema de se sentar à mesa com os cobradores de impostos e pecadores?” A verdade é que Jesus respondeu-lhes que não tinha vindo para chamar os justos, mas os pecadores. Temos muitas vezes a pretensão de dizer que não pecamos, são os outros que pecam. A nossa falta de humildade e o nosso orgulho levam-nos tão longe que nos cegam de quem somos de facto. Apontamos o dedo e julgamos porque não queremos ver quem nós somos. Quem somos nós? Somos pecadores tal e qual como todos. Temos as nossa falhas tal como todos os outros. Então porque é que apontamos dedos? Porque é mais fácil ver a telha de vidro no telhado do vizinho do que o nosso telhado de vidro. É mais fácil a sujidade do outro do que olha para a nossa. Jesus chama Mateus. Mateus era cobrador de impostos. Os cobradores nunca foram bem visto pela sociedade de Jesus, e hoje muito menos, pela função que exercem. Mas foi exactamente esses que Jesus escolheu. Os discipulos de Jesus eram pobres, não sabiam ler, nem tinham bibliotecas. Temos ideias muito românticas acerca da vida dos apóstolos, assim como achamos que todos os cristãos são santos e que neles se encontra a máxima moral. Os cristãos caminham para ser santos, mas não são santos. São homens e mulheres de carne osso, como eu, como tu, como nós, que aspiram à perfeição de vida, mas não são perfeitos. É por isso que a Igreja é “já” e um  “ainda não”, assim como toda a vida cristã, porém somos chamados a ser sinal da vida já aqui neste mundo da vida em Jesus Cristo.



jjmiguel