quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Veio para o que era seu e os seus não O receberam.

Nesta quinta-feira, último dia de 2015, estamos diante do monumental Prólogo do Evangelho do Apóstolo João. Havia por aqui tantas e tantas citações que nos oferecem meditações profundas para este tempo de Natal. Por isso tomo a liberdade de escolher uma e partilho convosco: "Veio para o que era seu e os seus não O receberam." Deus fez-se carne, submeteu-se por isso à nossa História, entrou na História do Mundo, mas ao entrar na História do Mundo entrou na história de cada de nós. Deste modo é necessário estarmos atentos à Sua presença na nossa vida, em todos os momentos. Ver no Outro a presença de Deus. Experimentai olhar todas as coisas na sua mais interioridade e o que ireis ver é algo muito grande que é a força do Amor. Um dia estava numa Eucaristia em Lisboa e à minha frente estava um casal com um filho e fiz a experiência de olhar nos olhos desse casal e ver como se olhavam e como olhavam para o filho. Reflectia para mim: "Como é grande, como é imenso este mistério da Vida! Como não tem limites a força e o poder do Amor, de todo aquele que se dá, sem esperar nada em troca para que ao fim possa emergir a Vida e a Vida em abundância." E esta é a revelação de Deus ao Mundo. Dar-se para que outros e outras tenham essa vida que brota do Amor, para que reconheçam este Menino que nasceu para todos, para que possamos participar do Amor que Deus nos tem. Deus não precisa de nós para nada, só precisa que o amemos, como Ele nos ama. Por isso neste dia, lembremo-nos do que Ele disse a Zaqueu: "Zaqueu, desce depressa que eu quero ficar hoje na tua casa..." Também Ele hoje quer ficar na tua casa... Acolhe-O e revê tudo o que foi este ano  de 2015 para ti juntamente com Ele! Uma boa entrada no Ano de 2016...

jjmiguel

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

E a Graça de Deus estava com Ele


Durante o tempo de Advento, dizemos que está para chegar Jesus. Durante o tempo de Natal dizemos que já nasceu o Salvador, o Messias. Porém, a dúvida poder-se-á instalar: mas onde está este Jesus que os Cristãos passam a vida a dizer que está para chegar ou já chegou. Sim, já chegou e está nos pobres, nos doentes, nos prisioneiros nos que sofrem e é para eles que tem de ir toda a nossa atenção. Tal como a profetiza Ana, não deixemos de rezar por eles. Natal é de facto todos os dias.  Porque o Messias só chegará de facto quando no coração do Homem exista realmente a Caridade e desta Caridade se faça Vida e Esperança para a Vida do Mundo para que possamos construir uma Civilização do Amor, a Nova Jerusalém, como nos fala o Apóstolo. 

jjmiguel

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel.

Ao ler o Evangelho de hoje uma pergunta interior surgiu: mas de qual Messias nós esperamos? Israel esperava um messias político, um messias que viesse fazer do Povo de Israel um grande povo que todas as nações a ele ficassem submetidas. Mas esse não é o Messias pelo qual também nós tanto esperamos. Na verdade, esperamos um Messias que só nos venha dar a felicidade, que nos cure, que faça desaparecer o sofrimento, a pobreza do Mundo. Lamento, mas se estamos à espera desse Messias, vamos cair no mesmo erro que o povo israelita. O Messias pelo qual nós esperamos é o Messias que não vem fazer desaparecer o sofrimento, a pobreza e tantos males do Mundo, porque esses são males criados às mãos do próprio Homem. Esses males só acabarão quando o próprio Homem abrir o seu coração ao Amor, à Vida e à Esperança, caso contrário esperará um Messias de morte. Mas este Messias não é da morte mas da Vida.

jjmiguel


segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Do Egipto chamei o meu Filho

Maria e José fogem para o Egipto com o Menino. A fuga porque já no berço o Menino de Belém provoca a ira, provoca a confrontação e provoca a perseguição por causa da sua missão: o restabelecimento da Paz e do Amor no Mundo. Temos a ideia de um Salvador que nos vem salvar, quando essa salvação está nas nossas mãos e de abrirmos o coração a esta Paz e ao Amor, caso contrário podemos cair na ilusão de Herodes que se enfureceu, porque pensou que o Menino lhe vinha retirar o poder das suas mãos. E é essa a ideia que temos de Jesus, que Ele nos vem retirar alguma coisa. Simplesmente Ele nos devolve a Graça e a Paz. Nada nos vem retirar, mas é preciso deixar que Ele fale, para que seja notícia. Depois, houve toda uma chacina de meninos que foram ceifados às mãos de Herodes em Belém. São eles os primeiros Santos Inocentes Mártires, os primeiros que deram a vida por causa do nome de Jesus e por isso a Igreja os recorda neste dia. Por isso neste dia também quero recordar todos aqueles e aquelas que por causa do nome de Jesus hoje dão a sua vida nos mais diversos ambientes. Gente que por causa da Cruz torna este Menino de Belém vivo e actual no Mundo. Hoje não temos um ataque ao Cristianismo, temos um ataque à Religião em si, e por isso seria urgente que os líderes religiosos do mundo inteiro se unissem contra este combate. O combate contra o indiferentismo e o combate contra o fundamentalismo e por fim a vitória do Amor e da Vida sobre esta cultura de morte que nos invade.

jjmiguel

domingo, 27 de dezembro de 2015

Na Solenidade da Sagrada Família de Jesus, Maria e José


Neste dia falamos de Família. O que é a Família hoje? Há muito para dizer dos caminhos que esta instituição tem trilhado. Desde já um pedido de desculpas, mas não quero ferir ninguém com as palavras proferidas, mas partilho o que penso para que possais pensar e reflectir... A Família continua a ser e é a base de toda a estrutura de uma sociedade. Hoje há quem fale de Família na qual não há vínculos de sangue. Tenho pena mas isso não é família, isso quanto muito chamar-se-á comunidade, ou outra coisa qualquer. Família só há uma e é composta por um Pai e uma Mãe. Como diria alguém, não há pais "ex-aequo", nem mães "ex-aequo". Não podemos ver nas crianças como "bonequinhos" para adoptar. A criança é um ser humano, não traz "livro de instruções", porque o livro de instruções para uma criança chama-se Amor. Bem como não se faz um aborto porque "sim". Também esta mulher necessita de protecção social. Sinceramente, a Família carece de um forte combate vocacional. Falamos de vocações sacerdotais, consagradas, mas não falamos da palavra vocação em si própria. E hoje a Família, tal como a sociedade, carece de gente vocacionada para o que quer que seja. Não casamos, porque são sonhos de príncipes e princesas, ou porque é tradição, ou porque é bonito. Não se faz um filho para suportar uma relação (porque só piora...), faz-se um filho por gosto, porque se ama. Casa-se por por Amor, acima de contractos civis. O casamento seja civil ou religioso deverá ser sempre, mas sempre, um acto de vocação na doação, não um acto de puro sexualismo. Aliás a sexualidade não pode ser vista só do ponto de vista da genitalidade. Há mais vida para lá do genital. Há Amor, Doação no dar-se ao Outro, numa entrega para se poder gerar a Vida. Só assim o Amor pode ser gerador da Vida. Por isso, eu, em cada bébé que vou tendo a informação do seu nascimento quero acreditar sempre que é produto do Amor. E só o Amor poderá, baseado numa Família onde reina o Amor, construir uma Sociedade próspera. Poder-me-ão falar das mães solteiras, nos divorciados, para eles só duas palavras bastam: Amor e Acolhimento. Algo que carecem as nossas comunidades paroquiais e a nossa sociedade diante dessas realidades. Acontece que a Família nestes últimos anos tem levado muitas machadadas em nome de umas "modernices", sem que para isso se tenha sabido fazer ou ajudado a algum planeamento no campo social ou no campo espiritual. Tenho conhecimento de que já se realiza a "festa de despedida de casado", como se faz a "festa de despedida de solteiro". Estamos numa sociedade que carece de Amor, porque tem medo de falar de Amor, porque ao mesmo tempo genitaliza o Amor e transforma-o em sexualidade. E isto é a mais pura deturpação de todo o Amor. Seria necessário pois que a ciência teológico-filosófica falasse mais claro e com palavras mais simples para que todos entendam. Seria necessário não uma Igreja mais aberta (porque já se abriu o que chegasse), mas mais próxima. Algo que admiro no nosso Papa Francisco. Falta colocar as palavras do Concílio Vaticano II em prática e pelo menos ler todos os seus documentos e fazer deles reflexão espiritual (não só tê-los na prateleira da biblioteca, porque é bonito). Além disso, há uma outra faixa etária na Família que não pode ser esquecida e que esquecemos, que são os mais velhos. Eles são símbolo de uma vida passada, símbolo de uma experiência vivida e por isso teremos que ter por eles o mais completo respeito e também eles carecem hoje de protecção social. Fico chocado, muito chocado, verdadeiramente chocado, quando escuto casos de gente que descarrega a sua fúria em cima dos seus mais velhos. Não compreendo a violência doméstica, quando um homem bate numa mulher ou vice-versa, por uma meia-dúzia de centavos, assim como não compreendo os casos de maus-tratos a crianças às mãos dos seus próprios pais. Não compreendo porque é que se fala tanto em apoios estatais a mulheres que querem fazer o aborto, e àquelas que querem ser mães nem se fala no assunto. A opção é ter de recorrer a clínicas a Espanha para o fazer. No caso de abortar por violação, também pergunto onde está a protecção social a estas mulheres e às crianças que dali nascem? Ainda porque é que se facilita a adopção aos casais homossexuais e não se facilita a adopção por casais heterossexuais? Passamos a vida a ajudar África, porque achamos que são os mais frágeis do Mundo e mesmo aqui ao nosso lado estas coisas acontecem. No meio disto tudo, onde está o Amor? O Amor de um Homem por uma Mulher? O Amor pelos Filhos? O Amor dos Filhos pelos Pais? Amor pelos Avós, pelos Tios, Primos, Cunhados(as), Irmãos(ãs)? Onde está o Amor? Não se ama porque "sim", ama-se porque se ama... Na verdade todos condenaram na época a encíclica "Humanae Vitae", porque o Papa Paulo VI tinha condenado a pílula como meio de contracepção, certo é que eu ao ler a encíclica, Paulo VI vai bem mais longe, muito mais longe e fala-nos do Amor. Do Amor que terá de existir entre o Homem e a Mulher em ordem à edificação de uma Casa que se chama Família e essa é os alicerces deste colossal Palácio que é um País e um Mundo - a Casa Comum, como chamar-lhe-ia o Papa Francisco.
Deixo-vos com as palavras de São Paulo, para que sejam analisadas à Luz do Amor e não de outra forma:  Esposas, sede submissas aos maridos, como convém no Senhor. Maridos, amai as esposas e não vos exaspereis contra elas. Filhos, obedecei em tudo aos pais, porque isso é agradável no Senhor. Pais, não irriteis os vossos filhos, para que não caiam em desânimo. Col. 3, 18

jjmiguel

sábado, 26 de dezembro de 2015

Aquele que perseverar até ao fim, será salvo.

Depois de ontem termos celebrado o Nascimento de Jesus, eis que a liturgia nos aponta para a celebração da memória do primeiro mártir cristão, segundo a Tradição da Igreja - Santo Estêvão. Parecerá contraditório termos celebrado ontem a vida, e hoje celebrarmos a morte. Mas não o é. A memória de Santo Estêvão vem-nos trazer à memória que o Menino de Belém não veio trazer a Paz, mas antes o fogo, para nossa redenção e salvação. Dizia-me alguém que seguir Jesus é uma missão mais de temer do que de desejar, e com razão... Somos por isso como cristãos a dar a vida, a dar testemunho da vida e do Evangelho de Jesus na vida do Mundo, não nos limitando a cumprir preceitos. Estamos cheios de preceitos e de regras que nos cerram em cadeias de morte. Jesus veio quebrar com todas essas cadeias. Por isso não nos preocupemos, saibamos ser sinal e luz deste Menino na vida do Outro que hoje se nos cruza connosco. Esta Luz não é senão a Luz do Natal... A Luz da Paz...

jjmiguel
FOTO: ascruzadas.blogspot.com

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Na Solenidade do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo

O Apóstolo João diz no Evangelho apresentado para este dia: "O Verbo era a luz verdadeira, que vindo ao mundo, ilumina todo o Homem." O Verbo é a Palavra que se fez carne e habitou entre nós. Deus entrou na nossa história e submeteu-se à nossa condição de homens e mulheres. Oh admirável mistério que procuramos entender! A Palavra que era, torna-se presente. A Palavra que era, torna-se dinâmica num aqui e agora. Por isso os Cristãos não podem permanecer no seu cómodo, de ombros caídos, a pensar num passado e preocupados com um futuro... Porém, já chega de palavrinhas, é tempo de passarmos à prática e actualizar esta Palavra de Vida e para a Vida. Hoje são as redes sociais, os blogues e a Internet e todos os meios de comunicação social ao dispôr que servem de actualização e anúncio a esta Palavra. Desta forma todo o trabalho pastoral que se possa fazer neste campo é muito, muito pouco. Nós continuamos a perspectivar o "Online" como meio de distracção e de lazer, mas enquanto muitos de nós, sobretudo em algumas frentes da Pastoral, não virmos estes meios como forma eficaz de chegar às periferias existenciais, estaremos a desperdiçar forças e meios. Da minha parte, este é um caminho de anúncio e presença da Palavra que se faz carne e que quer habitar no meio de nós. Se outros com melhores meios não o fazem, paciência, mas como diria alguém, a dor que costuma a existir no encaixe entre os braços é muito forte, sobretudo nos círculos eclesiásticos. Além disso, se esta Palavra carece de actualização a culpa terá de ser imputada directamente a todos os Cristãos, a começar por mim, porque nos falta o testemunho de vida, acente na Fé, na Esperança e na Caridade. O Mundo carece da actualização desta Palavra que se faz carne e habita entre nós. Habita e está connosco. Por isso deixemos que Ele entre e fale na Política, na Economia, na Ética, na Sociologia, na Psicologia, no Direito, na Sociedade... Durante este tempo que antecedeu o Natal em passagem pela rua vi muita gente atarefada completamente alienada, por um lado mergulhada num consumismo proporcionado pelo sistema capitalista e cada vez mais gente individualizada, vítimas de um sistema socialista de direitos, esquecendo os deveres. Vi também muita filantropia passar pela nossa TV, a começar pelas Popotas e Leopoldinas que escondem isso mesmo - filantropia. Não vi ninguém falar do Presépio de Belém, de Jesus Cristo... Todos falam do Natal, mas falar do Natal sem Jesus Cristo, sinceramente não sei do que falam e também não sei o que festejam. O que é de preocupar é que muitos "ditos cristãos" vão exactamente nesta onda selvagem. Porém, deixemos que neste dia a Palavra se faça carne e reine entre nós a Luz e a Paz de Cristo e assim possa ser Natal todos os dias deste Mundo.
Um Santo Natal a todos os homens e mulheres de boa vontade...

jjmiguel

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

José subiu também da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de David, chamada Belém

Mas agora saístes do vosso sono, santificastes-vos, tornastes-vos filhos da luz, filhos do dia, e já não sois das trevas nem da noite (1Tess 5, 5) "Amanhã vereis a majestade de Deus em vós." Hoje, por nós, o Filho fez-se justiça vinda de Deus; amanhã manifestar-Se-á como vida nossa, para que nos pareçamos com Ele na glória.

De São Bernardo, monge cisterciense

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Ele vai-se chamar João

Com efeito, perguntaram a João, que já anunciava o Senhor: "Tu quem és?" E ele respondeu: "Eu sou a voz que clama no deserto." A voz é João, enquanto o Senhor é a Palavra: "No principio existia o Verbo." João é a voz durante algum tempo; Cristo é o Verbo no princípio, Ele é o Verbo eterno.

De Santo Agostinho, bispo de Hipona

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Naquele tempo, disse Maria

A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder de seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Encheu de bens os famintos e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre.

Da oração do Magnificat

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?

É a graça de Deus que produz esta maravilha no coração dos eleitos; a humildade não os torna receosos e timoratos, como a generosidade de alma os não torna orgulhosos. Pelo contrário, nos santos, estas duas virtudes reforçam-se uma à outra. A grandeza de alma, não só não abre a porta ao orgulho, como é sobretudo ela que permite avançar no mistério da humildade. Com efeito, os mais generosos ao serviço de Deus são também os mais penetrados pelo temor do Senhor e os mais reconhecidos pelos dons recebidos.

De São Bernardo, monge cisterciense

domingo, 20 de dezembro de 2015

No IV Domingo do Tempo de Advento

Que mistério novo e admirável! João não nasceu ainda e já fala saltando no ventre de sua mãe. Ainda não apareceu e já profere anúncios. Ainda não pode gritar e já se faz ouvir através dos seus actos. Ainda não começou a sua vida e já prega a Deus. Ainda não viu a luz e já aponta para o Sol. Ainda não foi dado ao mundo e já se apressa e agir como percursor. O Senhor está ali, e ele não é capaz de se conter, não suporta os limites fixados pela natureza, esforça-se por romper a prisão do seio materno e procura dar a conhecer antecipadamente a vinda do Salvador.

De São João Crisóstomo, bispo

sábado, 19 de dezembro de 2015

Eram ambos justos aos olhos do Senhor

A mãe de João Baptista é uma mulher velha e estéril; a de Cristo, uma jovem no auge da sua juventude. João é fruto da esterilidade; Cristo da virgindade. Um é anunciado pela mensagem de um anjo; ao anúncio do anjo, o outro é concebido. O pai de João não acredita na notícia do seu nascimento e emudece; a Mãe de Cristo acredita em seu filho e, pela fé, concebe-O no seu seio. O coração da Virgem acolhe a fé; depois,  tornando-se mãe, Maria recebe um fruto no seu ventre.

De Santo Agostinho, bispo de Hipona

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

A Virgem conceberá e dará à luz um filho

José não só viu Aquele que tantos profetas e reis tinham desejado ver, como conversou com Ele, apertou-O nos braços com particular ternura, cobriu-O de beijos. Com um cuidado cheio de zelo e uma solicitude sem igual, alimentou Aquele que os fiéis haviam de comer como pão da vida eterna.
Em virtude desta dignidade sublime a que Deus elevou o seu servo fiel, sempre a Igreja exaltou e honrou São José com um culto excepcional, ainda que inferior ao que presta à Mãe de Deus, e sempre implorou a sua assistência nas horas críticas. Por isso, declaramos solenemente São José Patrono da Igreja Católica.

Do Beato Pio IX, papa

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo

É por isso que os profetas, depois de terem recebido desta mesma Palavra o dom da profecia, pregaram antecipadamente a sua vinda na carne, pela qual se realizou a comunhão entre Deus e o homem, de acordo com a vontade do Pai. Desde o ínicio, de facto, o Verbo anunciou que Deus havia de ser visto pelo homens, que com eles viveria e conversaria na Terra, e que Se tornaria presente à obra que tinha modelado, para a salvar.

De Santo Ireneu de Lyon, bispo e teólogo

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

És Tu Aquele que havia de vir ou devemos esperar outro?

Contudo, estes actos são apenas pequenos exemplos do testemunho trazido por Cristo. O que funda a plenitude da fé é a cruz do Senhor, a sua morte, o seu sepulcro. É por isso que, depois da resposta que citámos, Ele acrescenta: "E feliz daquele que não encontrar em Mim ocasião de queda." Com efeito, a cruz podia provocar a queda dos próprios escolhidos, mas não há testemunho maior de uma pessoa divina, nada que mais pareça ultrapassar as forças humanas, que esta oferta de um só pelo mundo inteiro. É somente assim que o Senhor Se revela plenamente. Aliás, é assim que João O designa: "Eis o Cordeiro, eis Aquele que tira o pecado mundo" (Jo 1, 29).

De Santo Ambrósio, bispo de Milão e doutor da Igreja

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

E vós, que bem o vistes, não vos arrependestes, acreditando nele

Tu que preferiste o humano ao divino, que quiseste ser escravo do mundo em vez de vencedor do mundo, converte-te. Tu que fugiste da liberdade que as virtudes conferem porque quiseste sofrer o jugo do pecado, converte-te. Converte-te verdadeiramente, tu que, por medo de possuir a Vida, te entregaste à morte.

De São Pedro Crisólogo, bispo de Ravena

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Donde era o baptismo de João? Do Céu ou dos homens?

Ele é a voz de quem quebra o silêncio: "Preparai o caminho do Senhor", como se dissesse: "Sou a voz que se faz ouvir apenas para introduzir a Palavra no vosso coração; mas esta não se dignará entrar onde pretendo introduzi-la se não lhe preparardes o caminho." E que quer dizer "Preparai o caminho", senão: "Suplicai insistentemente"? Que quer dizer "Preparai o caminho", senão: "Sede humildes de coração"?

De Santo Agostinho, bispo de Hipona

domingo, 13 de dezembro de 2015

III Domingo do Tempo de Advento

Creio que pelo vento se devem entender as tentações que, na multidão dos crentes, revelam que uns são palha e outros são trigo. Porque, quando a vossa alma foi dominada por uma tentação, não foi a tentação que a transformou em palha, mas é porque éreis já palha, quer dizer, homens levianos e sem fé, que a tentação revelou a vossa verdadeira natureza. Em contrapartida, quando enfrentais as tentações, não é a tentação que vos torna fiéis e constantes; ela revela apenas as virtudes da constância e de coragem que estavam em vós, mas de uma forma escondida.

De Orígenes, presbítero e teólogo

sábado, 12 de dezembro de 2015

Em vez de o reconhecerem, fizeram-lhe tudo o que quiseram

O evangelista João diz-nos: "Houve um homem enviado por Deus; o seu nome era João. Tinha vindo como testemunha, para dar testemunho da Luz. Ele não era  a luz, mas vinha para dar testemunho da luz." Esse precursor, João Baptista, que dava testemunho da luz, foi enviado pelo Deus que tinha prometido por meio dos profetas enviar o seu mensageiro diante de seu Filho, para Lhe preparar o caminho, quer dizer, para dar testemunho da luz com o espírito e com o poder de Elias. Precisamente porque João é uma testemunha, o Senhor diz que ele é mais do que um profeta. Todos os outros profetas anunciaram a vinda da luz do Pai e desejaram ser julgados dignos de ver Aquele que pregavam. João profetizou como eles, mas viu-O presente, mostrou-O e convenceu muitos a crerem nele, de tal forma que ocupou simultaneamente o lugar de profeta e de apóstolo. Foi por isso que Cristo disse que ele era "mais do que um profeta."

De Santo Ireneu de Lyon, bispo, teólogo e mártir

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Mas a sabedoria foi justificada pelas suas obras

Vendo este mundo coberto de morte,
No teu amor, tiveste piedade;
E, para o salvares dos seus males,
Vieste curá-lo dos seus pecados.

Quando chegou a plenitude do tempos,
Uma virgem Te deu à luz;
Foi como esposo em sua casa,
Que saíste daquele seio puríssimo.

Da Liturgia Latina

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Quem tem ouvidos oiça

Quando Ele vir a tua vontade, quando Ele vir que, em total pureza de coração, confias mais nele que em ti próprio e te obrigas a esperar mais nele que nas tuas forças, então este poder que desconheces virá fazer em ti a sua morada. E sentirás em todos os teus sentidos o poder daquele que está incontestavelmente contigo. Graças a este poder, muitos entram no fogo e não temem, caminham sobre as águas e não hesitam.

De Isaac, o Sírio, monge perto de Mossul

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Vinde a Mim

Engana-se aquele que imagina encontrar a paz no gozo dos bens deste mundo e nas riquezas. As frequentes provações cá de baixo e o próprio fim deste mundo deveriam convencer esse homem de que assentou os fundamentos da sua paz na areia (Mt 7, 26). Pelo contrário, todos aqueles que, tocados pelo sopro do Espírito Santo, tomaram sobre si o jugo do Amor de Deus e, seguindo o exemplo de Cristo, aprenderam a ser mansos e humildes de coração, gozam desde já de uma paz que é a imagem do repouso eterno.

De São Beda, o Venerável, monge beneditino, doutor da Igreja

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Na Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria

Tão grandes bens procedem do fruto bendito do ventre sagrado da Virgem Maria. Pela plenitude da tua graça, o que estava cativo na região dos mortos exulta de alegria ao ver-se libertado, e o que estava ainda no mundo regozija-se ao sentir-se renovado. Pelo poder do Filho glorioso da gloriosa virgindade, os justos que morreram antes da sua morte vivificadora, alegram-se ao ver destruído o seu cativeiro, e os Anjos regozijam-se ao ver restaurada a sua cidade quase em ruínas. Ó mulher cheia de graça, superabundante de graça, a tua plenitude transborda para a Criação inteira e a faz reverdescer.

De Santo Anselmo, bispo

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Que estais a pensar nos vossos corações?

Ó infeliz Adão! Que procuravas tu para além da presença divina? Mas, ingrato, aí estás tu a ruminar o mal que fizeste: "Não, eu serei como Deus!" (Gn 3,5) Que orgulho intolerável! Acabas de ser feito de barro e de lodo e, na tua insolência, queres ser comparável a Deus? Foi assim que o orgulho engendrou a desobediência, causa da nossa infelicidade.

De Aelredo de Rievaulx, monge cisterciense

domingo, 6 de dezembro de 2015

II Domingo do Tempo de Advento

Está escrito sobre João: "Uma voz grita no deserto: "Preparai os caminhos do Senhor, endireitai as suas veredas". Mas o que vem a seguir diz respeito exclusivamente ao Senhor, nosso Salvador. Porque não foi João quem "aplanou ou vales", mas o Senhor, nosso Salvador. Considere cada um o que era antes de ter fé; e constatará que era um vale profundo, a pique, mergulhado nos abismos. Mas veio o Senhor Jesus, e enviou o Espírito Santo em seu lugar; foi então que "os vales foram aplanados". Eles foram aplanados com as boas obras e os frutos do Espírito Santo. A caridade não deixa subsistir em ti vale algum e, se possuíres a paz, a paciência e a bondade, para além de deixares de ser um vale, também começarás a ser uma montanha de Deus.

De Orígenes, presbítero e teólogo
FOTO: mais.com

sábado, 5 de dezembro de 2015

Ide primeiramente às ovelhas perdidas


Os homens que esperam Cristo são ainda em número incalculável; os espaços humanos e culturais ainda não atingidos pelo anúncio do Evangelho ou em que a Igreja não está presente são extremamente vastos, a ponto de exigirem a união de todas as suas forças. Devemos alimentar em nós a paixão apostólica de transmitir aos outros a luz e a alegria da fé, e formar todo o Povo de Deus para este ideal.

De São João Paulo II, papa

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

E abriram-se os seus olhos

Senhor, até quando? (Sl 6, 4). Até quando, Senhor, Te esquecerás de nós? Por quanto tempo ainda nos esconderás a tua face? (Sl 12, 2). Quando nos olharás e nos ouvirás? Quando iluminarás os nossos olhos e nos mostrarás a tua face? Quando virás de novo até nós? Olha para nós, Senhor, ilumina-nos, mostra-Te a nós. Concede-nos o bem da tua presença, a nós que, sem Ti, nada fazemos bem. Tem piedade dos nossos esforços activos para chegarmos a Ti, nós que nada podemos sem Ti. Se nos convidas, ajuda-nos.

De Santo Anselmo, monge, bispo e doutor da Igreja

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Nem todo aquele que Me diz "Senhor, Senhor" entrará no reino dos Céus, mas só aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus

Na infância da vida espiritual, quando começamos a deixar-nos conduzir por Deus, sentimos a sua mão, forte e firme, que nos guia; vemos de forma evidente o que devemos fazer e o que devemos abandonar. Mas não será sempre assim. Aquele que pertence a Cristo deve viver toda a vida de Cristo. Deve amadurecer até atingir a idade adulta de Cristo e, um dia, enveredar pelo caminho da cruz. Assim unido a Cristo, o cristão aguentar-se-á, mesmo na noite escura. Por isso uma vez mais e precisamente no coração da noite mais escura, "seja feita a vossa vontade."

De Santa Teresa Benedita da Cruz, carmelita, mártir, co-padroeira da Europa

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Onde iremos buscar, num deserto, pães suficientes para alimentar tão grande multidão?

A Igreja sabe que, desde já, o Senhor vem na sua Eucaristia e que está ali, no meio de nós. Mas esta presença é velada. E é por isso que celebramos a Eucaristia "enquanto aguardamos a feliz esperança e a vinda de Jesus Cristo nosso Salvador" (Tit 2, 3), pedindo a graça de ser acolhidos "com bondade no vosso Reino, onde nós também esperamos ser recebidos, para vivermos eternamente na vossa glória, quando enxugardes todas as lágrimas dos nossos olhos; e, vendo-Vos tal como sois, Senhor nosso Deus, seremos para sempre semelhantes a Vós e cantaremos sem fim os vossos louvores, por Jesus Cristo nosso Senhor" (oração eucarística).

Do Catecismo da Igreja Católica

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Felizes os olhos que vêem o que estais a ver

Assim, Deus dispôs o género humano de várias maneiras, com vista "à música e às danças" da salvação (Lc 12,25). É por essa razão que João escreve no Apocalipse: "E a sua voz era a voz das grandes águas" (Ap. 1, 15). É que são de facto múltiplas as águas do Espírito de Deus, pois o Pai é rico e grande. E, passando por tudo isto, o Verbo concedeu generosamente a sua assistência aos que Lhe estavam submetidos, dando a toda a criatura prescrições apropriadas.

De Santo Ireneu de Lyon, bispo, teólogo e mártir
FOTO: antiphonarium.blogspot.com

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Vinde comigo e eu farei de vós pescadores de homens


Iniciamos este caminho de Advento. Caminharemos juntos neste percurso especial e por isso queria de alguma forma marcar este tempo de uma forma muito especial. Durante estes dias pensava como poderia eu oferecer algo especial para este tempo tão rico e tão cheio de esperança e vida que é o Advento e por isso durante estes dias e até ao dia em que iremos recordar e actualizar o Nascimento de Jesus em Belém, irei-vos propor algumas pequenas linhas de textos dos primeiros padres da Igreja que são sugeridas pelo site www.evangelhoquotidiano.org. Porém aqui só irei publicar a aquele excerto que considero importante e que quero partilhar convosco. Por isso e deste modo aqui vos deixo nesta segunda-feira, o primeiro excerto... que vos possa servir neste vosso caminho espiritual até ao Natal.

"Que pescaria admirável a do Salvador! Admirai a fé e a obediência dos discípulos. Como sabeis, a pesca exige uma atenção ininterrupta. Ora, no meio da labuta, eles ouvem o chamamento de Jesus e não hesitam um instante, dizendo por exemplo: "Deixa-nos ir a casa falar com a nossa família." Não, deixam tudo e seguem-nO, como Eliseu fez com Elias (1Rs 19, 20). Esta é a obediência que Cristo nos pede: sem a menor hesitação, mesmo que necessidades aparentemente mais urgentes nos pressionem. Foi por isso que quando um jovem que queria segui-lO Lhe pediu para ir primeiro sepultar o pai, Ele não lho permitiu (Mt 8, 21) Seguir Jesus, obedecer à sua palavra, é um dever que tem prioridade sobre todos os outros."

De São João Crisóstomo, presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla

domingo, 29 de novembro de 2015

No I Domingo do Tempo de Advento


Neste domingo damos inicio a um novo tempo na liturgia: o Advento. Os cristãos começam um tempo de preparação para a celebração do nascimento de Jesus Cristo. Este é um tempo de esperança e ao mesmo tempo de conversão. De esperança, porque é nesta esperança em que vive o cristão, de conversão porque é mais uma oportunidade que Deus nos concede para possamos sinal de graça e de vida. Nestes tempos vemos tantos e tantos cristãos de braços caídos. Não nos refugiemos exclusivamente nesta ideia de "crise". Um tempo de crise, é um tempo de julgamento, de perspectivar o que não está bem, para que possamos melhorar. Daqui advém a esperança cristã. O cristão não é um profeta da desgraça, mas um profeta da graça e da vida junto de todos os seus irmãos crentes e não-crentes. Em bom rigor, o mundo não precisa de profetismo da desgraça. Por outro lado este é um tempo de conversão, um tempo que Deus nos concede a graça para que possamos mudar de vida, na construção de um mundo mais fraterno, mais tolerante na construção da Paz e de uma Civilização de Amor. Todos nós só poderemos celebrar este Natal de 2015 se soubermos ser construtores da paz, da esperança, da caridade em todos os nossos ambientes. Mas não só nos nossos ambientes, mesmo junto daqueles que todos os dias se cruzam connosco, na rua, no autocarro, no metro, na escola, no local de trabalho, e nós nem nos olhos os olhamos, porque andamos tão cheios de nós, tão centrados nos nossos problemas que nos esquecemos que mesmo ao nosso lado existe um rosto que necessita de um sorriso, de uma mão que precisa de outra mão. Que sentido faz celebrar o Natal se não contemplarmos o Nascimento de Jesus em Belém, e a importância que este acontecimento teve para o nosso Mundo? O Natal da gruta de Belém necessita urgente mente de ser actualizado, e são os cristãos que terão mais responsabilidade por actualizá-lo. Porém, não façamos deste tempo de mais um tempo de "caridadezinha". Este tempo que antecede o Natal tem sido, neste últimos anos, aproveitado, pelas mais diversas formas para olharmos para os mais frágeis da nossa sociedade como os "coitadinhos". Tenhamos a capacidade deste tempo de Advento irmos mais além que essas campanhas que só alimentam e sustentam o protagonismo de alguns e sejamos capazes de ir mesmo ao encontro do irmão e ser assim sinal deste Verbo que encarnou e habitou entre nós. Sejamos neste Advento este sinal de esperança e conversão na vida do Outro, para que o Verbo encarne e habite no coração de cada homem e mulher de boa vontade.

jjmiguel, ar
FOTO: snpcultura.org

sábado, 28 de novembro de 2015

Velai, pois, orando continuamente

"Tende cuidado convosco..." é a exortação do Nosso Mestre e Senhor. Somos muito frequentemente levados a menosprezar a oração quando tudo no caminho parece ser em linha recta. Mas cuidado, não nos surpreenda uma curva. Para não sermos surpreendidos é necessário este caminho espiritual com Ele na nossa vida. E esse caminho só se fará a partir do momento em que façamos Dele o centro gravitacional de toda a nossa vida. Ele conhece-nos e sabe bem do que precisamos. Deus não nos conhece pela aparência, mas penetra-nos com o seu olhar, por isso nada Lhe podemos esconder. Por isso tantos e tantas têm dificuldades em olhar Deus de frente, porque Ele nos confronta com a nossa verdade, diante Dele ficamos despojados e isso causa-nos confronto pessoal e leva-nos para o problema da culpa, porém só o poderemos superar pelo arrependimento do coração para que se possa fazer graça, paz e vida dentro de nós. Aceitar e amar, como Ele nos ama... Não tenhamos medo Dele, Ele ama-nos como somos, assim mesmo, como somos com todas as nossas fragilidades e qualidades. Muitos dos nossos problemas estariam resolvidos a partir do momento em que descobríssemos o poder do Amor de Deus em nós. Coragem, ainda que tudo à tua volta possa ruir, Deus ama-te!!!
Que este seja a motivação para um tempo de Advento que muito em breve começa...

jjmiguel, ar
FOTO: blog.marciafernandes.com.br

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Não passará esta geração sem que tudo se cumpra.

Todos os dias somos como que mergulhados numa imprensa em pleno ataque de gritos. Mergulhados por uma imprensa que na maior parte das vezes já não tem mais informação porque se esgotou, pelos grandes recursos que existem ao nível da informação. Muito frequentemente, nem sabemos muito bem o que escolher para escutar uma boa notícia, ou para ter um pouco de Paz. Ora no centro desta gritaria falta-nos escutar esta Palavra e seria muito bom que ela fosse também notícia nestes meios de informação. Porém, todos ficamos escandalizados quando se profere o nome de Deus nos meios de comunicação social. Mas muito mais perverso que isso será querer associar o nome de Deus àquilo que Deus não é. Não se pode fazer uma guerra em nome de Deus. Mas poder-me-ão perguntar: "Mas nós cristãos, não o fizemos já no passado?" Sim, é verdade! Recordo-me das Cruzadas, da Inquisição principalmente. E isto foi senão mais do mesmo do que vemos hoje no mundo islâmico. Porém, convém dizer que quando aconteceram as Cruzadas, bem como a Inquisição teremos que falar de uma Religião que se misturava perfeitamente com a Política. Não esqueçamos que em muitos casos casos o Direito Canónico regulava o Direito Civil e vice-versa. Ora não será isto que estará a acontecer hoje no mundo islâmico? Na verdade, não foi por acaso que o Nosso Mestre e Senhor disse: a Deus o que é de Deus e a César o que é de César! Desta forma, seria útil que de uma vez por todas que a ideia de um Estado Laico fosse colocada em prática, porém sem fins anti-religiosos. Porém, tudo passará, e temos que continuar esta bom combate em ordem à construção de uma Nova Jerusalém com os alicerces no Amor, na Paz e na Concórdia...

jjmiguel, ar

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Quando estas coisas começarem a acontecer, cobrai ânimo e levantai a cabeça

O mundo vive momentos de tempestade, mas ao mesmo tempo momentos interessantes que deverão ser vividos com toda a nossa vida. O que estamos a ver, a ouvir para um dia podermos contar, ou deixarmos escrito, e assim se completará a História. Jesus nas palavras de hoje referia-se à destruição da cidade de Jerusalém pelo Império Romano. Também hoje assistimos ao cair de velhos e arcaicos modelos culturais e ideológicos que todos já conhecemos. Porém não é o momento de baixarmos os braços, antes porém é altura dos Cristãos se erguerem e abrasar o mundo com um testemunho de vida em Jesus Cristo. Na verdade, é impressionante algumas imagens que nos vão chegando de África, América Latina, do Médio Oriente. Imagens de testemunho de que Jesus Cristo vive no Mundo. Refiro-me, a todos aqueles e aquelas que dão o seu sangue pelo nome de Jesus Cristo e não em nome de uma Guerra Santa. Na verdade, Jesus Cristo veio trazer o fogo à terra, mas não foi o fogo do conflito, da injúria, do orgulho e da tristeza. Jesus Cristo antes pelo contrário veio trazer o fogo da Paz, do Amor e da Esperança na vida do Homem e esse é o verdadeiro sentido da religião. Quando a religião já não é esta Paz, este Amor, esta Esperança, esta Vida, então não falamos de religião mas de uma outra coisa. Por isso, considero que tudo o que está a acontecer no que se refere a uma Igreja que é perseguida em diversos países, ao desvirtuamento do Islão, ao anti-semitismo por parte ainda de alguma extrema-direita, ou à perseguição aos monges budistas no Tibete. Tudo isto, não é um ataque a uma religião em específico, é um feroz ataque à Religião em si mesma, de um Ser Humano que quer afastar de uma vez por todas Deus da sua vida e substituir-se ao próprio Deus. É por isso urgente a Espiritualidade! É urgente a Teologia! É urgente que os líderes religiosos e as religiões se unam na conquista de um mundo renovado e que o religue para a origem de toda Vida e Vida em si mesma. 

jjmiguel, ar
FOTO: agencia.ecclesia.pt

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Pela vossa constância é que sereis salvos.


Jesus Cristo mostra-nos o futuro de quem deixa tudo para O seguir. Mas quem é que disse que seguir Jesus Cristo seria fácil? Temos muitas vezes umas singelas ideias de romantismo no que diz respeito a este caminho de seguimento de Jesus Cristo. Porém, centro-me nas últimas palavras de Jesus no evangelho apontado para o dia de hoje: "pela vossa constância é que sereis salvos." Todos temos a tentação de quando este caminho se torna em curvas de abandoná-lo. Mas o que seria um caminho sem curvas? Jesus diz-nos para que não tenhamos medo, pois Ele nos apontará o caminho. Mantei-vos firmes na vossa fé, na vossa vida e sede testemunhas Deste que não é a vida como é a vida em si mesma, em todos vossos ambientes e tudo o resto vos virá por acréscimo. Experimentai este abandono nas Suas mãos e deixai que seja Ele a guiar-nos à Paz, à Alegria e à Justiça. Mais do que ninguém Ele nos conhece e sabe do que precisamos. "A quem iremos nós, Senhor, só Tu tens palavras de vida eterna?" Perguntava Pedro (aquele que O negou três vezes, e que Ele escolheu para comandar esta barca...) Somos muitas vezes vencidos pelo cansaço da vida, pelo sofrimento, pela dúvida, pelas solicitações, mas em nada tenhamos medo porque Ele está connosco. Ainda que muitas vezes neste caminho se faça noite, Ele caminha connosco, vive connosco porque foi para isso mesmo que este Verbo se fez carne, para habitar connosco e revelar-nos na Cruz (sinal maior de todo o Cristão) o Amor de Deus como sinal da Vida, da Luz e da Esperança, não só para um passado, nem para um futuro, mas num hoje presente que perdurará pelos séculos dos séculos. Porém, não nos fiquemos agarrados à Cruz, que ela seja sinal da Vida e da Luz na vossa vida, afinal foi por ela que Ele venceu o Mundo.

jjmiguel, ar
FOTO: eduardoreis.com.br

terça-feira, 24 de novembro de 2015

É necessário que estas coisas sucedam primeiro, mas não será logo o fim.

As palavras de Jesus deixam-nos alarmados. As suas palavras revelam-nos guerras e revoltas, fomes e epidemias, fenómenos nos céus, povo contra povo, reino contra reino. Muitos e muitos têm falado que são palavras do pré-anúncio do fim do mundo. Nada mais falso! Afinal, não tem sido todas estas coisas que têm marcado a História humana? Não nos deixemos enganar por esta gente que só sustenta o medo e quer que vivemos no medo, para tirar proveito desse medo e desse terror. Jesus diz-nos, que tudo isto acontecerá, mas que não será o fim. Porque em última instância todas as coisas terrenas serão passageiras, só em Jesus Cristo está a verdadeira vida, porque só o Amor terá a última palavra. Nem o Mundo, nem a Morte, só Amor tem palavras de Vida eterna. Esse Amor que se fez carne e habitou entre nós como luz para erradicar de uma vez para sempre todas as nossas trevas. O Tempo, senhor da História continuará o seu caminho, só Deus permanece.

jjmiguel, ar
FOTO: levocomavida.wordpress.com

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Deitou tudo o que tinha para viver.

Cada um de nós dá o que tem, e a mais não é obrigado, desde que seja com a consciência que o que faz é bem feito. O nosso mundo está cheio de gente que não tendo quer dar, mas muitas vezes isso pode não ser o melhor. Devemos dar o que temos e o que sabemos, na nossa humildade e no nosso desprendimento. Não vivamos para a imagens irreais. O mundo está cheio de actores amadores que acham que é fugindo e encobrindo aquilo que na verdade são, serão melhores que todos os outros. Vivemos numa avidez pelo protagonismo, pelo poder e para as aparências. Nem tudo o que conta na vida é a imagem, mas o deixarmo-nos mergulhar na profundidade do que somos. Não importa o ter, importa o ser. É nesta dicotomia entre o ter e o ser em que estamos mergulhados e que não nos dá claridade diante dos problemas e dos sofrimentos da vida. Jesus Cristo é a resposta para o nosso ter e o nosso ser. Não temos que ser mais do que ninguém, somos o que somos, com as nossas fragilidades e qualidades. Durante muito tempo, e actualmente, tem sido vendida uma imagem de qualidade de vida que nada tem a ver com qualidade de vida. A nossa qualidade de vida provém do nosso interior e não do nosso exterior. Qualidade de vida não vem do ter mais, vem do ser o que somos, sem que nos envergonhemos disso. Não vivamos para aparências e mundos virtuais que não existem.
Em Jesus Cristo e só em Jesus Cristo está a nossa verdade...

jjmiguel, ar
FOTO: caritatis.com.br

domingo, 22 de novembro de 2015

Na Solenidade de Cristo Rei


A Igreja celebra hoje a Solenidade de Cristo Rei. Porém é também o fim de um tempo litúrgico, o Tempo Comum, mas também o fim de um Ano Litúrgico. No próximo Domingo iniciaremos um novo tempo litúrgico e um novo ano litúrgico. Centro-me nas últimas palavras de Jesus a Pilatos - dar testemunho da verdade. O que é a verdade para nós hoje? Jesus Cristo não veio estabelecer nenhum reino tal como concebemos esta ideia de reino. O reino de Jesus Cristo está dentro de cada um de nós e somos todos nós que formamos este reino. Por isso somos, chamados a dar testemunho da verdade, de uma verdade que muitas vezes pode incomodar e para a qual o Mundo não quer ver, nem ouvir. Preferimos viver na espuma dos dias. Mais do que no passado a Igreja e a Sociedade necessita de testemunhos desta verdade que é a vida em Jesus Cristo. O cristão, como discípulo, imita o Mestre. O que somos nós cristãos, sem Jesus Cristo. Jesus Cristo é rei, mas notai que durante toda a sua vida não se utilizou deste título, aliás segundo dizem os evangelistas Ele falava com autoridade, e essa autoridade chegou a ser questionada. Não é pelos títulos sociais que nos destacamos e que podemos captar a atenção de outros. Notai, se a política está descredibilizada é pela falta de testemunhos verdadeiros de uma boa governação; se as nossas Igrejas estão vazias é pela falta de testemunho de vida cristã; se na vida quotidiana os valores e a ética estão pelas ruas da amargura é exactamente pela carência de viver esses mesmo valores. Não coloquemos as culpas nos outros mas em nós próprios. Sejamos pró-activos na construção deste reino. Todos somos responsáveis uns pelos outros, unidos a ao Rei na construção deste Reino de Paz, Justiça e Alegria.

jjmiguel, ar
FOTO: leme.pt

sábado, 21 de novembro de 2015

Deus não é Deus de mortos, mas de vivos

Os saduceus eram um grupo social da alta aristocracia que não acreditavam na ressurreição e estavam muito preocupados pelo facto de todos os sete irmãos terem tido como mulher, a mulher de seu irmão que não deixou descendência. Em bom rigor frequentemente somos como estes saduceus. Vivemos preocupados demais com as coisas deste mundo, quando as coisas de Deus não podem jamais ser vistas com os olhos do mundo. Deus não é energia, muito menos um velho de barbas que muitas vezes na catequese nos ensinam. Deus vai muito mais além que a nossa lógica humana. Não há racionalidade, nem ciência alguma que O possa explicar, pois nos está oculto aos nossos olhos. A resposta está mesmo nos nossos olhos. Continuar a ver Deus à nossa medida é desfocarmos a realidade de Deus, porque Deus não é à nossa medida, nem sequer para satisfazer os nossos caprichos. Por isso somos chamados a contemplar um Deus que não é morte. A morte não faz parte da vida em Deus, porque Deus não é um Deus de mortos, mas de vivos. Na morte está a resposta para a Vida, porque com a morte tudo se renova e retoma a vida. A morte não é a resposta definitiva a nada. A resposta está definitiva está no Amor. Deste modo todo o cristão é convidado a passar da morte à Vida. Todo o cristão é convidado a morrer para si mesmo para dar Vida. Todo o cristão é chamado a amar a todos. Assim o Cristianismo só pode ser entendido com a morte e com a ressurreição. Ficarmo-nos simplesmente pela morte, ou ficarmo-nos simplesmente pela ressurreição é pouco para um caminho com Jesus Cristo. Vivemos muito preocupados com essa pergunta última humana que é o depois da morte... Não nos preocupemos! Preocupemo-nos antes em preparar já neste Mundo o prelúdio para a nossa chegada à Nova Jerusalém. A fé é exactamente este salto no escuro. Confiemos em Deus, no Seu Amor e Misericórdia, tudo o resto virá por acréscimo.

jjmiguel, ar

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

A minha casa será casa de oração; mas vós fizestes dela um covil de ladrões.

Há algum tempo conversava com alguém acerca das grandes catedrais espalhadas um pouco por toda a Europa e chegávamos à conclusão que estavam transformadas em locais de turismo para turista ver. Na verdade, não podemos esconder que são templos de uma construção sublime e de uma colossal beleza, que nos desperta o espírito para algo que nos religa para algo que nos é desconhecido e que nos remete para a Paz e para o Silêncio. Pessoalmente, não compreendo quando alguns fazem de um espaço sagrado um local para colocar a conversa em dia. Assim como não compreendo como é que uma igreja paroquial está fechada uma semana inteira, (em alguns casos só abrem de mês a mês) abrindo só ao domingo, quando deveriam estar abertas todos os dias. Qualquer igreja, seja ela de que tipo construção for é um espaço que nos deve elevar a mente, a vontade e o coração para o Alto. Uma igreja poderá ser local de visita, mas também local de silêncio que nos deve fazer voltar para o nosso interior. Com alguma razão Jesus dizia para não fazermos da casa de seu Pai um covil de ladrões. Palavras duras, mas que fazem todo o sentido, na actualidade. O ambiente sagrado não é local de turismo, o ambiente sagrado é local de interioridade e de voltarmo-nos para Aquele que é a vida. Porém, convém dizer que nada tenho contra a quem visita os grandes monumentos porque nos remetem também para uma identidade cultural à qual a Europa não a pode renegar e essa é a identidade cristã. Por outro lado, lado estes monumentos são também eles locais de encontro e de contacto para crentes e não-crentes. Locais de contacto com o Senhor da Vida... 

jjmiguel, ar 

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Se neste dia também tu tivesses conhecido o que te pode trazer a paz!

Jesus referia-se à destruição de Jerusalém volvidos uns anos depois da sua morte e ressurreição como nos relata os anais da História. Mas as palavras de Jesus vão mais longe... Saber reconhecer os sinais de Deus na nossa vida. Uma pergunta que me tem sido colocada pessoalmente no meu interior é porque é que todos lemos o horóscopo e procuramos a posição dos astros se nos são ou não favoráveis, (por momentos faz-me lembrar o tempo dos oráculos na cultura grega) mas não conseguimos decifrar uma sequer palavra da Bíblia? A esse propósito admiro imenso os Muçulmanos que sabem e conhecem bem o Corão, ou os Judeus que sabem e conhecem bem a Torá. Nós, os Cristãos-Católicos desde há muito que tem sido uma luta para o conhecimento da Bíblia, falando em termos pastorais. Todos nos encerramos de que os padres têm culpa, mas certo é que quando se fazem formações bíblicas a participação nestas mesmas formações é muito frágil. Mas não nos detenhamos em culpas... Fica no ar a sensação de que os Cristãos-Católicos não estão muito interessados em conhecer a Bíblia. Queira Deus, eu estar enganado na análise que faço e perdoem-me se estou enganado. Mas falo pelas experiências que já tive neste campo. Porém, não deixemos que a visão do nosso espírito seja desfocada pela mundanidade ou pelo paganismo e que nos leva para a superficialidade espiritual. Jesus não nos pede que nos fiquemos pela superfície, mas que nos possamos mergulhar na sua Palavra de Vida e que através dela O possamos reconhecer na nossa vida. Seria óptimo que todos os dias pudéssemos pegar na nossa Bíblia e ler uma palavra que seja e meditar sobre ela... Experimentai a fazê-lo... (são cinco minutos...) Para terminar vem-me estas palavras de Jesus: "Sem mim nada podeis fazer..."

jjmiguel
FOTO: urbsmagna.wordpress.com

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A todo aquele que tem, há-de ser dado, mas àquele que não tem, mesmo aquilo que tem lhe será tirado.


Até onde vai o nosso orgulho, a nossa soberba, o nosso egoísmo? O Senhor deu-nos uma mina. Como andamos a gerir essa mina? Podemos colocar a pergunta mais simples: o Senhor deu-nos uma casa para nós gerirmos, como estamos a geri-la? Damos de graça o que de graça recebemos e colocamos a render, para que possa prosperar, sem esperarmos nada em troca. Pelo fruto se conhece a árvore. Não tenhamos medo de nos abrir a esta vasta Casa Comum que o Senhor nos concedeu para nós gerirmos. E se algum dia o Senhor vier, o que nos vai perguntar é exactamente o que fizemos com o que nos foi dado. Damos o que podemos e até onde podemos, mas com a consciência que Deus não nos chama para aquilo que não podemos, porque Ele capacita os escolhidos. Quando Ele nos chama a uma missão a um ministério sabe bem ao que nos está a chamar. Não tenhamos medo e possamos nós colocarmo-nos nas suas mãos. Porque ao fim de tudo é Ele o administrador de toda esta Casa Comum que é o nosso Mundo. Os cristãos são chamados a esta missão deste testemunho de vida e de esperança que nos foi concedido pela graça de Deus. Se o cristão já não é esta testemunha da vida e da esperança em Jesus Cristo, então é porque algo está mal e terá de ser restaurado.

jjmiguel
FOTO: vatican.va

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Hoje tenho de ficar em tua casa.

Não posso esconder que pessoalmente o Evangelho apontado para hoje nesta memória litúrgica de Santa Isabel da Hungria é de uma extrema beleza. Zaqueu era um cobrador de impostos, um homem rico que procurava ver Jesus e não sabia como, e como a multidão era tanta subiu a uma árvore para que pudesse ver de perto Jesus. Jesus ao passar olhou para Zaqueu e diz-lhe que queria ficar naquele dia em sua casa. Notai que não foi Zaqueu que convidou Jesus, foi Jesus que tomou a iniciativa de ir a casa de Zaqueu. Quantas e quantas vezes na nossa vida Jesus se faz nosso convidado na nossa casa, bate às portas do nosso coração e qual a nossa resposta? Por outro lado há nesta leitura a ideia do encontro. O encontro entre nós e Jesus. Para nos encontrarmos com este Jesus, deixemos cair o nosso egoísmo, o nosso orgulho, a nossa soberba e sejamos nós próprios, com tudo o que bom e de mau somos. Deixar cair o nosso preconceito em relação ao Outro e vamos ao seu encontro, olhá-lho nos olhos e conhecê-lo. Deixemos cair os nossos rígidos preconceitos em relação a quem é diferente de nós, porque é na diferença que somos todos iguais. Jesus dá-nos sempre esta oportunidade de se querer encontrar connosco. E quantas e quantas vez O buscamos, procuramos por Ele, mas queremos encontrá-lO onde Ele não existe, quando Ele está mesmo ao nosso lado. A alegria de Zaqueu foi tão grande que se despojou de tudo o que tinha para dar e dar-se. É esta a alegria do encontro com Jesus. Ao nos encontrarmos com Jesus tudo se renova e são irradiadas todas as nossas trevas de uma vez para sempre. Alegra-te, hoje porque Jesus quer ficar hoje contigo, sim contigo, na tua casa, abre-Lhe as portas e deixa que Ele te fale. Muito provavelmente tens tanta coisa para Lhe dizer... Sem medo, abre as portas e deixa que essa Luz te irradie e te envolva, porque como Ele diz neste texto de São Lucas: "Hoje veio a salvação a esta casa, por este também ser Filho de Abraão, pois, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido." Que neste e todos os dias sejam de salvação e de vida para todos nós...

jjmiguel
FOTO: arqrio.org

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Que queres que Eu te faça?

"A tua fé te salvou." Assim disse Jesus ao cego que lhe suplicava que tivesse compaixão dele. As pessoas que vinham com Jesus repreendiam o cego para que ele parasse de gritar, mas ele continuou. E Jesus vendo a fé do cego, curou-o da cegueira. Duas ideias que retiro do texto evangélico: primeira é que a fé salva, a fé é vida e não a morte. Ficámos todos chocados com os últimos acontecimentos de Paris e de facto não se pode ficar indiferente, mas não se pode colocar as culpas em Deus. Deus não é morte, nem guerra, pelo contrário, Deus é Vida e Paz. Como pode Ele querer a desgraça do Homem, sendo o Homem imagem e semelhança de Deus? Por isso é condenável os actos hediondos e bárbaros cometidos em Paris na noite de sexta-feira. Não acredito que o Islão defenda o que aconteceu, até pelo que sei o Islão é uma religião tolerante, e que respeita tudo e todos, como todas as outras religiões mundiais. A segunda ideia é o nosso preconceito perante o Outro. Vivemos de ideias e pensamentos pré-concebidas  e isto porque vivemos na espuma. Vivemos na superficialidade da Vida ofuscando-nos da profundidade da Vida e não nos deixando ver que na nossa diferença, somos todos iguais e que nesta casa comum que é o nosso Mundo todos temos espaço. Daí não se justifica que a partir de agora julguemos todo o povo muçulmano pelo que aconteceu em Paris, porque não é a Religião que tem de acabar, é o fanatismo louco que existe, seja no campo religioso, assim como no campo político-cultural. Cada vez mais a humanidade, neste contexto de globalização, deve ver neste momento uma oportunidade única para a abertura à Liberdade, Igualdade e Fraternidade de todos os povos, culturas e religiões, em ordem ao combate do fundamentalismo e fanatismo louco de que gozam todas as religiões e ideologias político-culturais. Na verdade, o diálogo inter-religioso, não devem ser só palavras bonitas, mas antes ser levado à prática e esta é a hora para que possamos construir a Nova Jerusalém, a Civilização do Amor na nossa Casa Comum.

jjmiguel
FOTO: expresso.pt

domingo, 15 de novembro de 2015

No XXXIII Domingo do Tempo Comum

O texto escolhido para este domingo leva-nos para o final dos tempos. Na verdade, estamos quase no final de um tempo. Na liturgia caminhamos para o final do Tempo Comum e carregam-se já baterias para o inicio de um novo ano litúrgico com o inicio do Tempo de Advento que nos levará à celebração natalícia. Porém, Jesus não nos quer dar uma visão do fim do mundo, como muitos profetas da desgraça profetizam por aí, indicando até datas precisas. O final dos tempos para o cristão é outro. Jesus convida-nos a estarmos atentos aos sinais dos tempos, a perscrutarmos o nosso interior. Na verdade, andamos muito distraídos de Deus no centro desta gritaria do Mundo. Jesus convida-nos a centrar-nos no essencial para a nossa vida. No meio de uma sociedade de informação deixemos que Jesus seja esta boa informação na nossa vida. No outro dia, um ministro do governo português na tragédia que foram as inundações de Albufeira falou de Deus. A forma como se exprimiu não foi a mais feliz, porém toda a gente ficou surpreendida e escandalizada por se ter falado de Deus. Pois, é isso que falta hoje na nossa sociedade, deixar que Deus também seja notícia. Deus ainda escandaliza, Deus ainda choca, Deus ainda confronta e isto é se não só um sinal que o Mundo vive sedento de espiritualidade e procurando uma resposta para a suas perguntas últimas interiores, porém Deus não se esqueceu do Mundo, foi o Mundo que se esqueceu de Deus. Deixemos que Deus entre no Mundo e que inunde as nossas vidas de Paz, de Luz e de Vida.

jjmiguel
FOTO: ionline.pt
 

sábado, 14 de novembro de 2015

Já que esta viúva me incomoda, vou fazer-lhe justiça, para que me deixe de vez e não volte a importunar-me.

Neste Sábado destaco do evangelho o poder da oração. O que é a oração? A oração é um diálogo. Um diálogo entre duas pessoas que se conhecem e à medida que vão dialogando vão estreitando laços ao ponto de permanecerem unidos por sentimentos e emoções. Ora em relação a Deus é a mesma coisa. Será que fazemos de Deus o nosso amigo mais intimo? Feliz, muito feliz daquele que pode dizer que tem Deus como seu amigo e que toda a sua vida passa por Ele. O evangelho confronta-nos com a nossa perseverança na oração. Nas nossas noites de deserto parece que Deus se desfaz em silêncio e que se esqueceu de nós, mas é exactamente nesse silêncio que Ele nos quer falar, só espera que nós paremos de gritar para que O possamos escutar, porque Ele está connosco nas nossas lágrimas, mas também nos nossos sorrisos. Experimenta nesta calma de sábado um momento (5 minutos) um pouco de silêncio no teu interior e em vez de te lamentares a Deus, escuta que provavelmente Ele te irá responder. Porém não esperes de imediato uma resposta, coloca-te atento(a) às palavras, aos diálogos, aos olhares, que se cruzarem contigo hoje e muito provavelmente Ele falar-te-á. Se tal não acontecer, entra novamente em diálogo com Ele e não desistas. Ele vai-te escutar, porque o nosso tempo não é o tempo de Deus.

jjmiguel
FOTO: a12.com

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Quem procurar salvar a vida, há-de perdê-la; e quem a perder, há-de conservá-la.


As palavras de Jesus no Evangelho de hoje geram em nós medo. Em algumas interpretações está presente aqui o anúncio do fim dos tempos ou o fim do mundo. Vivemos com muito receio do fim do mundo. Aliás existem por aí muitas correntes que espalham esse medo e aproveitam-se desse medo. A verdade é que estas palavras já serviram no passado mesmo na própria Igreja para impor um certo medo e aproveitar esse medo. Porém, Jesus não nos exorta ao medo, muito menos quer que vivamos com medo da vida. Como podia Aquele que é a vida defender o fim da vida? Como podia Deus Criador, querer destruir a sua própria obra? Jesus exorta-nos com estas palavras, precisamente à vida. A uma vida interior de oração e de conversão. Na verdade, exorta-nos a que possamos em cada dia e mediante a nossa vida a poder melhorar o que na nossa vida possa estar menos bem. Apesar das dificuldades e do sofrimento da vida e da parafernália  de um mundo em gritaria, não deixemos de lado o nosso silêncio interior (tão importante nos dias de hoje) e ainda não deixemos de acreditar na vida... Porque Ele é a vida! Saibamos olhar e silenciar em nós o que em nós nos causa gritos.

jjmiguel
FOTO: leiamiranda.com

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O Reino de Deus não vem de maneira ostensiva.


Os fariseus interrogaram Jesus quando chegaria o Reino de Deus. Na verdade, a Igreja fala no Reino de Deus, no anúncio do Reino de Deus desde os seus primeiros tempos. Somos muitos de nós que nos interrogamos o que é isso do Reino de Deus, ou quando chega esse tal dito Reino de Deus, ou então que reino é esse, ou então para quê esse anúncio? Pois bem, esse Reino não tem fronteiras, muito menos tem algum Rei, e nem muito menos existe com os nossos padrões de mundanidade. Esse Reino está no nosso interior. Passamos o nosso tempo a querer ver, a encontrar respostas onde elas não existem, quando essas respostas estão dentro de nós. O problema é que não nos queremos confrontar com as respostas que temos para as nossas perguntas últimas e por isso é preferível alinhar pelo ateísmo ou pior que isso, pela indiferença. O Reino de Deus já está no meio de nós, basta vivê-lo... O Reino de Deus é Justiça, Paz e Alegria... Não será isto que procuramos? Num momento em que queremos mudança, aqui está a mudança e a revolução!

jjmiguel