quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Veio para o que era seu e os seus não O receberam.

Nesta quinta-feira, último dia de 2015, estamos diante do monumental Prólogo do Evangelho do Apóstolo João. Havia por aqui tantas e tantas citações que nos oferecem meditações profundas para este tempo de Natal. Por isso tomo a liberdade de escolher uma e partilho convosco: "Veio para o que era seu e os seus não O receberam." Deus fez-se carne, submeteu-se por isso à nossa História, entrou na História do Mundo, mas ao entrar na História do Mundo entrou na história de cada de nós. Deste modo é necessário estarmos atentos à Sua presença na nossa vida, em todos os momentos. Ver no Outro a presença de Deus. Experimentai olhar todas as coisas na sua mais interioridade e o que ireis ver é algo muito grande que é a força do Amor. Um dia estava numa Eucaristia em Lisboa e à minha frente estava um casal com um filho e fiz a experiência de olhar nos olhos desse casal e ver como se olhavam e como olhavam para o filho. Reflectia para mim: "Como é grande, como é imenso este mistério da Vida! Como não tem limites a força e o poder do Amor, de todo aquele que se dá, sem esperar nada em troca para que ao fim possa emergir a Vida e a Vida em abundância." E esta é a revelação de Deus ao Mundo. Dar-se para que outros e outras tenham essa vida que brota do Amor, para que reconheçam este Menino que nasceu para todos, para que possamos participar do Amor que Deus nos tem. Deus não precisa de nós para nada, só precisa que o amemos, como Ele nos ama. Por isso neste dia, lembremo-nos do que Ele disse a Zaqueu: "Zaqueu, desce depressa que eu quero ficar hoje na tua casa..." Também Ele hoje quer ficar na tua casa... Acolhe-O e revê tudo o que foi este ano  de 2015 para ti juntamente com Ele! Uma boa entrada no Ano de 2016...

jjmiguel

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

E a Graça de Deus estava com Ele


Durante o tempo de Advento, dizemos que está para chegar Jesus. Durante o tempo de Natal dizemos que já nasceu o Salvador, o Messias. Porém, a dúvida poder-se-á instalar: mas onde está este Jesus que os Cristãos passam a vida a dizer que está para chegar ou já chegou. Sim, já chegou e está nos pobres, nos doentes, nos prisioneiros nos que sofrem e é para eles que tem de ir toda a nossa atenção. Tal como a profetiza Ana, não deixemos de rezar por eles. Natal é de facto todos os dias.  Porque o Messias só chegará de facto quando no coração do Homem exista realmente a Caridade e desta Caridade se faça Vida e Esperança para a Vida do Mundo para que possamos construir uma Civilização do Amor, a Nova Jerusalém, como nos fala o Apóstolo. 

jjmiguel

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel.

Ao ler o Evangelho de hoje uma pergunta interior surgiu: mas de qual Messias nós esperamos? Israel esperava um messias político, um messias que viesse fazer do Povo de Israel um grande povo que todas as nações a ele ficassem submetidas. Mas esse não é o Messias pelo qual também nós tanto esperamos. Na verdade, esperamos um Messias que só nos venha dar a felicidade, que nos cure, que faça desaparecer o sofrimento, a pobreza do Mundo. Lamento, mas se estamos à espera desse Messias, vamos cair no mesmo erro que o povo israelita. O Messias pelo qual nós esperamos é o Messias que não vem fazer desaparecer o sofrimento, a pobreza e tantos males do Mundo, porque esses são males criados às mãos do próprio Homem. Esses males só acabarão quando o próprio Homem abrir o seu coração ao Amor, à Vida e à Esperança, caso contrário esperará um Messias de morte. Mas este Messias não é da morte mas da Vida.

jjmiguel


segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Do Egipto chamei o meu Filho

Maria e José fogem para o Egipto com o Menino. A fuga porque já no berço o Menino de Belém provoca a ira, provoca a confrontação e provoca a perseguição por causa da sua missão: o restabelecimento da Paz e do Amor no Mundo. Temos a ideia de um Salvador que nos vem salvar, quando essa salvação está nas nossas mãos e de abrirmos o coração a esta Paz e ao Amor, caso contrário podemos cair na ilusão de Herodes que se enfureceu, porque pensou que o Menino lhe vinha retirar o poder das suas mãos. E é essa a ideia que temos de Jesus, que Ele nos vem retirar alguma coisa. Simplesmente Ele nos devolve a Graça e a Paz. Nada nos vem retirar, mas é preciso deixar que Ele fale, para que seja notícia. Depois, houve toda uma chacina de meninos que foram ceifados às mãos de Herodes em Belém. São eles os primeiros Santos Inocentes Mártires, os primeiros que deram a vida por causa do nome de Jesus e por isso a Igreja os recorda neste dia. Por isso neste dia também quero recordar todos aqueles e aquelas que por causa do nome de Jesus hoje dão a sua vida nos mais diversos ambientes. Gente que por causa da Cruz torna este Menino de Belém vivo e actual no Mundo. Hoje não temos um ataque ao Cristianismo, temos um ataque à Religião em si, e por isso seria urgente que os líderes religiosos do mundo inteiro se unissem contra este combate. O combate contra o indiferentismo e o combate contra o fundamentalismo e por fim a vitória do Amor e da Vida sobre esta cultura de morte que nos invade.

jjmiguel

domingo, 27 de dezembro de 2015

Na Solenidade da Sagrada Família de Jesus, Maria e José


Neste dia falamos de Família. O que é a Família hoje? Há muito para dizer dos caminhos que esta instituição tem trilhado. Desde já um pedido de desculpas, mas não quero ferir ninguém com as palavras proferidas, mas partilho o que penso para que possais pensar e reflectir... A Família continua a ser e é a base de toda a estrutura de uma sociedade. Hoje há quem fale de Família na qual não há vínculos de sangue. Tenho pena mas isso não é família, isso quanto muito chamar-se-á comunidade, ou outra coisa qualquer. Família só há uma e é composta por um Pai e uma Mãe. Como diria alguém, não há pais "ex-aequo", nem mães "ex-aequo". Não podemos ver nas crianças como "bonequinhos" para adoptar. A criança é um ser humano, não traz "livro de instruções", porque o livro de instruções para uma criança chama-se Amor. Bem como não se faz um aborto porque "sim". Também esta mulher necessita de protecção social. Sinceramente, a Família carece de um forte combate vocacional. Falamos de vocações sacerdotais, consagradas, mas não falamos da palavra vocação em si própria. E hoje a Família, tal como a sociedade, carece de gente vocacionada para o que quer que seja. Não casamos, porque são sonhos de príncipes e princesas, ou porque é tradição, ou porque é bonito. Não se faz um filho para suportar uma relação (porque só piora...), faz-se um filho por gosto, porque se ama. Casa-se por por Amor, acima de contractos civis. O casamento seja civil ou religioso deverá ser sempre, mas sempre, um acto de vocação na doação, não um acto de puro sexualismo. Aliás a sexualidade não pode ser vista só do ponto de vista da genitalidade. Há mais vida para lá do genital. Há Amor, Doação no dar-se ao Outro, numa entrega para se poder gerar a Vida. Só assim o Amor pode ser gerador da Vida. Por isso, eu, em cada bébé que vou tendo a informação do seu nascimento quero acreditar sempre que é produto do Amor. E só o Amor poderá, baseado numa Família onde reina o Amor, construir uma Sociedade próspera. Poder-me-ão falar das mães solteiras, nos divorciados, para eles só duas palavras bastam: Amor e Acolhimento. Algo que carecem as nossas comunidades paroquiais e a nossa sociedade diante dessas realidades. Acontece que a Família nestes últimos anos tem levado muitas machadadas em nome de umas "modernices", sem que para isso se tenha sabido fazer ou ajudado a algum planeamento no campo social ou no campo espiritual. Tenho conhecimento de que já se realiza a "festa de despedida de casado", como se faz a "festa de despedida de solteiro". Estamos numa sociedade que carece de Amor, porque tem medo de falar de Amor, porque ao mesmo tempo genitaliza o Amor e transforma-o em sexualidade. E isto é a mais pura deturpação de todo o Amor. Seria necessário pois que a ciência teológico-filosófica falasse mais claro e com palavras mais simples para que todos entendam. Seria necessário não uma Igreja mais aberta (porque já se abriu o que chegasse), mas mais próxima. Algo que admiro no nosso Papa Francisco. Falta colocar as palavras do Concílio Vaticano II em prática e pelo menos ler todos os seus documentos e fazer deles reflexão espiritual (não só tê-los na prateleira da biblioteca, porque é bonito). Além disso, há uma outra faixa etária na Família que não pode ser esquecida e que esquecemos, que são os mais velhos. Eles são símbolo de uma vida passada, símbolo de uma experiência vivida e por isso teremos que ter por eles o mais completo respeito e também eles carecem hoje de protecção social. Fico chocado, muito chocado, verdadeiramente chocado, quando escuto casos de gente que descarrega a sua fúria em cima dos seus mais velhos. Não compreendo a violência doméstica, quando um homem bate numa mulher ou vice-versa, por uma meia-dúzia de centavos, assim como não compreendo os casos de maus-tratos a crianças às mãos dos seus próprios pais. Não compreendo porque é que se fala tanto em apoios estatais a mulheres que querem fazer o aborto, e àquelas que querem ser mães nem se fala no assunto. A opção é ter de recorrer a clínicas a Espanha para o fazer. No caso de abortar por violação, também pergunto onde está a protecção social a estas mulheres e às crianças que dali nascem? Ainda porque é que se facilita a adopção aos casais homossexuais e não se facilita a adopção por casais heterossexuais? Passamos a vida a ajudar África, porque achamos que são os mais frágeis do Mundo e mesmo aqui ao nosso lado estas coisas acontecem. No meio disto tudo, onde está o Amor? O Amor de um Homem por uma Mulher? O Amor pelos Filhos? O Amor dos Filhos pelos Pais? Amor pelos Avós, pelos Tios, Primos, Cunhados(as), Irmãos(ãs)? Onde está o Amor? Não se ama porque "sim", ama-se porque se ama... Na verdade todos condenaram na época a encíclica "Humanae Vitae", porque o Papa Paulo VI tinha condenado a pílula como meio de contracepção, certo é que eu ao ler a encíclica, Paulo VI vai bem mais longe, muito mais longe e fala-nos do Amor. Do Amor que terá de existir entre o Homem e a Mulher em ordem à edificação de uma Casa que se chama Família e essa é os alicerces deste colossal Palácio que é um País e um Mundo - a Casa Comum, como chamar-lhe-ia o Papa Francisco.
Deixo-vos com as palavras de São Paulo, para que sejam analisadas à Luz do Amor e não de outra forma:  Esposas, sede submissas aos maridos, como convém no Senhor. Maridos, amai as esposas e não vos exaspereis contra elas. Filhos, obedecei em tudo aos pais, porque isso é agradável no Senhor. Pais, não irriteis os vossos filhos, para que não caiam em desânimo. Col. 3, 18

jjmiguel

sábado, 26 de dezembro de 2015

Aquele que perseverar até ao fim, será salvo.

Depois de ontem termos celebrado o Nascimento de Jesus, eis que a liturgia nos aponta para a celebração da memória do primeiro mártir cristão, segundo a Tradição da Igreja - Santo Estêvão. Parecerá contraditório termos celebrado ontem a vida, e hoje celebrarmos a morte. Mas não o é. A memória de Santo Estêvão vem-nos trazer à memória que o Menino de Belém não veio trazer a Paz, mas antes o fogo, para nossa redenção e salvação. Dizia-me alguém que seguir Jesus é uma missão mais de temer do que de desejar, e com razão... Somos por isso como cristãos a dar a vida, a dar testemunho da vida e do Evangelho de Jesus na vida do Mundo, não nos limitando a cumprir preceitos. Estamos cheios de preceitos e de regras que nos cerram em cadeias de morte. Jesus veio quebrar com todas essas cadeias. Por isso não nos preocupemos, saibamos ser sinal e luz deste Menino na vida do Outro que hoje se nos cruza connosco. Esta Luz não é senão a Luz do Natal... A Luz da Paz...

jjmiguel
FOTO: ascruzadas.blogspot.com

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Na Solenidade do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo

O Apóstolo João diz no Evangelho apresentado para este dia: "O Verbo era a luz verdadeira, que vindo ao mundo, ilumina todo o Homem." O Verbo é a Palavra que se fez carne e habitou entre nós. Deus entrou na nossa história e submeteu-se à nossa condição de homens e mulheres. Oh admirável mistério que procuramos entender! A Palavra que era, torna-se presente. A Palavra que era, torna-se dinâmica num aqui e agora. Por isso os Cristãos não podem permanecer no seu cómodo, de ombros caídos, a pensar num passado e preocupados com um futuro... Porém, já chega de palavrinhas, é tempo de passarmos à prática e actualizar esta Palavra de Vida e para a Vida. Hoje são as redes sociais, os blogues e a Internet e todos os meios de comunicação social ao dispôr que servem de actualização e anúncio a esta Palavra. Desta forma todo o trabalho pastoral que se possa fazer neste campo é muito, muito pouco. Nós continuamos a perspectivar o "Online" como meio de distracção e de lazer, mas enquanto muitos de nós, sobretudo em algumas frentes da Pastoral, não virmos estes meios como forma eficaz de chegar às periferias existenciais, estaremos a desperdiçar forças e meios. Da minha parte, este é um caminho de anúncio e presença da Palavra que se faz carne e que quer habitar no meio de nós. Se outros com melhores meios não o fazem, paciência, mas como diria alguém, a dor que costuma a existir no encaixe entre os braços é muito forte, sobretudo nos círculos eclesiásticos. Além disso, se esta Palavra carece de actualização a culpa terá de ser imputada directamente a todos os Cristãos, a começar por mim, porque nos falta o testemunho de vida, acente na Fé, na Esperança e na Caridade. O Mundo carece da actualização desta Palavra que se faz carne e habita entre nós. Habita e está connosco. Por isso deixemos que Ele entre e fale na Política, na Economia, na Ética, na Sociologia, na Psicologia, no Direito, na Sociedade... Durante este tempo que antecedeu o Natal em passagem pela rua vi muita gente atarefada completamente alienada, por um lado mergulhada num consumismo proporcionado pelo sistema capitalista e cada vez mais gente individualizada, vítimas de um sistema socialista de direitos, esquecendo os deveres. Vi também muita filantropia passar pela nossa TV, a começar pelas Popotas e Leopoldinas que escondem isso mesmo - filantropia. Não vi ninguém falar do Presépio de Belém, de Jesus Cristo... Todos falam do Natal, mas falar do Natal sem Jesus Cristo, sinceramente não sei do que falam e também não sei o que festejam. O que é de preocupar é que muitos "ditos cristãos" vão exactamente nesta onda selvagem. Porém, deixemos que neste dia a Palavra se faça carne e reine entre nós a Luz e a Paz de Cristo e assim possa ser Natal todos os dias deste Mundo.
Um Santo Natal a todos os homens e mulheres de boa vontade...

jjmiguel

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

José subiu também da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de David, chamada Belém

Mas agora saístes do vosso sono, santificastes-vos, tornastes-vos filhos da luz, filhos do dia, e já não sois das trevas nem da noite (1Tess 5, 5) "Amanhã vereis a majestade de Deus em vós." Hoje, por nós, o Filho fez-se justiça vinda de Deus; amanhã manifestar-Se-á como vida nossa, para que nos pareçamos com Ele na glória.

De São Bernardo, monge cisterciense

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Ele vai-se chamar João

Com efeito, perguntaram a João, que já anunciava o Senhor: "Tu quem és?" E ele respondeu: "Eu sou a voz que clama no deserto." A voz é João, enquanto o Senhor é a Palavra: "No principio existia o Verbo." João é a voz durante algum tempo; Cristo é o Verbo no princípio, Ele é o Verbo eterno.

De Santo Agostinho, bispo de Hipona

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Naquele tempo, disse Maria

A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder de seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Encheu de bens os famintos e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre.

Da oração do Magnificat

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?

É a graça de Deus que produz esta maravilha no coração dos eleitos; a humildade não os torna receosos e timoratos, como a generosidade de alma os não torna orgulhosos. Pelo contrário, nos santos, estas duas virtudes reforçam-se uma à outra. A grandeza de alma, não só não abre a porta ao orgulho, como é sobretudo ela que permite avançar no mistério da humildade. Com efeito, os mais generosos ao serviço de Deus são também os mais penetrados pelo temor do Senhor e os mais reconhecidos pelos dons recebidos.

De São Bernardo, monge cisterciense

domingo, 20 de dezembro de 2015

No IV Domingo do Tempo de Advento

Que mistério novo e admirável! João não nasceu ainda e já fala saltando no ventre de sua mãe. Ainda não apareceu e já profere anúncios. Ainda não pode gritar e já se faz ouvir através dos seus actos. Ainda não começou a sua vida e já prega a Deus. Ainda não viu a luz e já aponta para o Sol. Ainda não foi dado ao mundo e já se apressa e agir como percursor. O Senhor está ali, e ele não é capaz de se conter, não suporta os limites fixados pela natureza, esforça-se por romper a prisão do seio materno e procura dar a conhecer antecipadamente a vinda do Salvador.

De São João Crisóstomo, bispo

sábado, 19 de dezembro de 2015

Eram ambos justos aos olhos do Senhor

A mãe de João Baptista é uma mulher velha e estéril; a de Cristo, uma jovem no auge da sua juventude. João é fruto da esterilidade; Cristo da virgindade. Um é anunciado pela mensagem de um anjo; ao anúncio do anjo, o outro é concebido. O pai de João não acredita na notícia do seu nascimento e emudece; a Mãe de Cristo acredita em seu filho e, pela fé, concebe-O no seu seio. O coração da Virgem acolhe a fé; depois,  tornando-se mãe, Maria recebe um fruto no seu ventre.

De Santo Agostinho, bispo de Hipona

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

A Virgem conceberá e dará à luz um filho

José não só viu Aquele que tantos profetas e reis tinham desejado ver, como conversou com Ele, apertou-O nos braços com particular ternura, cobriu-O de beijos. Com um cuidado cheio de zelo e uma solicitude sem igual, alimentou Aquele que os fiéis haviam de comer como pão da vida eterna.
Em virtude desta dignidade sublime a que Deus elevou o seu servo fiel, sempre a Igreja exaltou e honrou São José com um culto excepcional, ainda que inferior ao que presta à Mãe de Deus, e sempre implorou a sua assistência nas horas críticas. Por isso, declaramos solenemente São José Patrono da Igreja Católica.

Do Beato Pio IX, papa

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo

É por isso que os profetas, depois de terem recebido desta mesma Palavra o dom da profecia, pregaram antecipadamente a sua vinda na carne, pela qual se realizou a comunhão entre Deus e o homem, de acordo com a vontade do Pai. Desde o ínicio, de facto, o Verbo anunciou que Deus havia de ser visto pelo homens, que com eles viveria e conversaria na Terra, e que Se tornaria presente à obra que tinha modelado, para a salvar.

De Santo Ireneu de Lyon, bispo e teólogo

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

És Tu Aquele que havia de vir ou devemos esperar outro?

Contudo, estes actos são apenas pequenos exemplos do testemunho trazido por Cristo. O que funda a plenitude da fé é a cruz do Senhor, a sua morte, o seu sepulcro. É por isso que, depois da resposta que citámos, Ele acrescenta: "E feliz daquele que não encontrar em Mim ocasião de queda." Com efeito, a cruz podia provocar a queda dos próprios escolhidos, mas não há testemunho maior de uma pessoa divina, nada que mais pareça ultrapassar as forças humanas, que esta oferta de um só pelo mundo inteiro. É somente assim que o Senhor Se revela plenamente. Aliás, é assim que João O designa: "Eis o Cordeiro, eis Aquele que tira o pecado mundo" (Jo 1, 29).

De Santo Ambrósio, bispo de Milão e doutor da Igreja

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

E vós, que bem o vistes, não vos arrependestes, acreditando nele

Tu que preferiste o humano ao divino, que quiseste ser escravo do mundo em vez de vencedor do mundo, converte-te. Tu que fugiste da liberdade que as virtudes conferem porque quiseste sofrer o jugo do pecado, converte-te. Converte-te verdadeiramente, tu que, por medo de possuir a Vida, te entregaste à morte.

De São Pedro Crisólogo, bispo de Ravena

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Donde era o baptismo de João? Do Céu ou dos homens?

Ele é a voz de quem quebra o silêncio: "Preparai o caminho do Senhor", como se dissesse: "Sou a voz que se faz ouvir apenas para introduzir a Palavra no vosso coração; mas esta não se dignará entrar onde pretendo introduzi-la se não lhe preparardes o caminho." E que quer dizer "Preparai o caminho", senão: "Suplicai insistentemente"? Que quer dizer "Preparai o caminho", senão: "Sede humildes de coração"?

De Santo Agostinho, bispo de Hipona

domingo, 13 de dezembro de 2015

III Domingo do Tempo de Advento

Creio que pelo vento se devem entender as tentações que, na multidão dos crentes, revelam que uns são palha e outros são trigo. Porque, quando a vossa alma foi dominada por uma tentação, não foi a tentação que a transformou em palha, mas é porque éreis já palha, quer dizer, homens levianos e sem fé, que a tentação revelou a vossa verdadeira natureza. Em contrapartida, quando enfrentais as tentações, não é a tentação que vos torna fiéis e constantes; ela revela apenas as virtudes da constância e de coragem que estavam em vós, mas de uma forma escondida.

De Orígenes, presbítero e teólogo

sábado, 12 de dezembro de 2015

Em vez de o reconhecerem, fizeram-lhe tudo o que quiseram

O evangelista João diz-nos: "Houve um homem enviado por Deus; o seu nome era João. Tinha vindo como testemunha, para dar testemunho da Luz. Ele não era  a luz, mas vinha para dar testemunho da luz." Esse precursor, João Baptista, que dava testemunho da luz, foi enviado pelo Deus que tinha prometido por meio dos profetas enviar o seu mensageiro diante de seu Filho, para Lhe preparar o caminho, quer dizer, para dar testemunho da luz com o espírito e com o poder de Elias. Precisamente porque João é uma testemunha, o Senhor diz que ele é mais do que um profeta. Todos os outros profetas anunciaram a vinda da luz do Pai e desejaram ser julgados dignos de ver Aquele que pregavam. João profetizou como eles, mas viu-O presente, mostrou-O e convenceu muitos a crerem nele, de tal forma que ocupou simultaneamente o lugar de profeta e de apóstolo. Foi por isso que Cristo disse que ele era "mais do que um profeta."

De Santo Ireneu de Lyon, bispo, teólogo e mártir

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Mas a sabedoria foi justificada pelas suas obras

Vendo este mundo coberto de morte,
No teu amor, tiveste piedade;
E, para o salvares dos seus males,
Vieste curá-lo dos seus pecados.

Quando chegou a plenitude do tempos,
Uma virgem Te deu à luz;
Foi como esposo em sua casa,
Que saíste daquele seio puríssimo.

Da Liturgia Latina

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Quem tem ouvidos oiça

Quando Ele vir a tua vontade, quando Ele vir que, em total pureza de coração, confias mais nele que em ti próprio e te obrigas a esperar mais nele que nas tuas forças, então este poder que desconheces virá fazer em ti a sua morada. E sentirás em todos os teus sentidos o poder daquele que está incontestavelmente contigo. Graças a este poder, muitos entram no fogo e não temem, caminham sobre as águas e não hesitam.

De Isaac, o Sírio, monge perto de Mossul

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Vinde a Mim

Engana-se aquele que imagina encontrar a paz no gozo dos bens deste mundo e nas riquezas. As frequentes provações cá de baixo e o próprio fim deste mundo deveriam convencer esse homem de que assentou os fundamentos da sua paz na areia (Mt 7, 26). Pelo contrário, todos aqueles que, tocados pelo sopro do Espírito Santo, tomaram sobre si o jugo do Amor de Deus e, seguindo o exemplo de Cristo, aprenderam a ser mansos e humildes de coração, gozam desde já de uma paz que é a imagem do repouso eterno.

De São Beda, o Venerável, monge beneditino, doutor da Igreja

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Na Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria

Tão grandes bens procedem do fruto bendito do ventre sagrado da Virgem Maria. Pela plenitude da tua graça, o que estava cativo na região dos mortos exulta de alegria ao ver-se libertado, e o que estava ainda no mundo regozija-se ao sentir-se renovado. Pelo poder do Filho glorioso da gloriosa virgindade, os justos que morreram antes da sua morte vivificadora, alegram-se ao ver destruído o seu cativeiro, e os Anjos regozijam-se ao ver restaurada a sua cidade quase em ruínas. Ó mulher cheia de graça, superabundante de graça, a tua plenitude transborda para a Criação inteira e a faz reverdescer.

De Santo Anselmo, bispo

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Que estais a pensar nos vossos corações?

Ó infeliz Adão! Que procuravas tu para além da presença divina? Mas, ingrato, aí estás tu a ruminar o mal que fizeste: "Não, eu serei como Deus!" (Gn 3,5) Que orgulho intolerável! Acabas de ser feito de barro e de lodo e, na tua insolência, queres ser comparável a Deus? Foi assim que o orgulho engendrou a desobediência, causa da nossa infelicidade.

De Aelredo de Rievaulx, monge cisterciense

domingo, 6 de dezembro de 2015

II Domingo do Tempo de Advento

Está escrito sobre João: "Uma voz grita no deserto: "Preparai os caminhos do Senhor, endireitai as suas veredas". Mas o que vem a seguir diz respeito exclusivamente ao Senhor, nosso Salvador. Porque não foi João quem "aplanou ou vales", mas o Senhor, nosso Salvador. Considere cada um o que era antes de ter fé; e constatará que era um vale profundo, a pique, mergulhado nos abismos. Mas veio o Senhor Jesus, e enviou o Espírito Santo em seu lugar; foi então que "os vales foram aplanados". Eles foram aplanados com as boas obras e os frutos do Espírito Santo. A caridade não deixa subsistir em ti vale algum e, se possuíres a paz, a paciência e a bondade, para além de deixares de ser um vale, também começarás a ser uma montanha de Deus.

De Orígenes, presbítero e teólogo
FOTO: mais.com

sábado, 5 de dezembro de 2015

Ide primeiramente às ovelhas perdidas


Os homens que esperam Cristo são ainda em número incalculável; os espaços humanos e culturais ainda não atingidos pelo anúncio do Evangelho ou em que a Igreja não está presente são extremamente vastos, a ponto de exigirem a união de todas as suas forças. Devemos alimentar em nós a paixão apostólica de transmitir aos outros a luz e a alegria da fé, e formar todo o Povo de Deus para este ideal.

De São João Paulo II, papa

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

E abriram-se os seus olhos

Senhor, até quando? (Sl 6, 4). Até quando, Senhor, Te esquecerás de nós? Por quanto tempo ainda nos esconderás a tua face? (Sl 12, 2). Quando nos olharás e nos ouvirás? Quando iluminarás os nossos olhos e nos mostrarás a tua face? Quando virás de novo até nós? Olha para nós, Senhor, ilumina-nos, mostra-Te a nós. Concede-nos o bem da tua presença, a nós que, sem Ti, nada fazemos bem. Tem piedade dos nossos esforços activos para chegarmos a Ti, nós que nada podemos sem Ti. Se nos convidas, ajuda-nos.

De Santo Anselmo, monge, bispo e doutor da Igreja

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Nem todo aquele que Me diz "Senhor, Senhor" entrará no reino dos Céus, mas só aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus

Na infância da vida espiritual, quando começamos a deixar-nos conduzir por Deus, sentimos a sua mão, forte e firme, que nos guia; vemos de forma evidente o que devemos fazer e o que devemos abandonar. Mas não será sempre assim. Aquele que pertence a Cristo deve viver toda a vida de Cristo. Deve amadurecer até atingir a idade adulta de Cristo e, um dia, enveredar pelo caminho da cruz. Assim unido a Cristo, o cristão aguentar-se-á, mesmo na noite escura. Por isso uma vez mais e precisamente no coração da noite mais escura, "seja feita a vossa vontade."

De Santa Teresa Benedita da Cruz, carmelita, mártir, co-padroeira da Europa

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Onde iremos buscar, num deserto, pães suficientes para alimentar tão grande multidão?

A Igreja sabe que, desde já, o Senhor vem na sua Eucaristia e que está ali, no meio de nós. Mas esta presença é velada. E é por isso que celebramos a Eucaristia "enquanto aguardamos a feliz esperança e a vinda de Jesus Cristo nosso Salvador" (Tit 2, 3), pedindo a graça de ser acolhidos "com bondade no vosso Reino, onde nós também esperamos ser recebidos, para vivermos eternamente na vossa glória, quando enxugardes todas as lágrimas dos nossos olhos; e, vendo-Vos tal como sois, Senhor nosso Deus, seremos para sempre semelhantes a Vós e cantaremos sem fim os vossos louvores, por Jesus Cristo nosso Senhor" (oração eucarística).

Do Catecismo da Igreja Católica

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Felizes os olhos que vêem o que estais a ver

Assim, Deus dispôs o género humano de várias maneiras, com vista "à música e às danças" da salvação (Lc 12,25). É por essa razão que João escreve no Apocalipse: "E a sua voz era a voz das grandes águas" (Ap. 1, 15). É que são de facto múltiplas as águas do Espírito de Deus, pois o Pai é rico e grande. E, passando por tudo isto, o Verbo concedeu generosamente a sua assistência aos que Lhe estavam submetidos, dando a toda a criatura prescrições apropriadas.

De Santo Ireneu de Lyon, bispo, teólogo e mártir
FOTO: antiphonarium.blogspot.com