domingo, 30 de setembro de 2012

No XXVI Domingo do Tempo Comum

Cidade do Vaticano - Hoje a liturgia nos fala sobre a liberdade do coração de Deus. Vivemos em um mundo onde nos são exigidas carteirinhas, passaportes, enfim, tudo aquilo que registra nossa pertença a alguma associação, a algum país e sem a apresentação desse registro ficamos na rua, sem possibilidade alguma de ingressar no local desejado.
Muitos pensam desse modo em relação à religião e, pior ainda, também em relação a Deus. Queremos enquadrar não apenas as pessoas, mas também Deus.
Tanto o Livro dos Números quanto o Evangelho de Marcos comentam esse modo de ser existente naqueles que foram chamados a ficar ao lado de Deus, a participar de sua intimidade, e que se aborrecem porque outras pessoas, que não são do grupo dos seguidores, de repente, estão na intimidade do Senhor.
Em Números encontramos o caso de dois homens que não haviam acompanhado o grupo dos escolhidos para receber o dom de profetizar, começaram a fazê-lo no acampamento. Um jovem, preocupado com o fato, foi avisar Moisés, imediatamente. O grande líder respondeu: “Quem dera que todo povo do Senhor fosse profeta, e que o Senhor lhe concedesse o seu espírito!”
Em São Marcos encontramos João dizendo a Jesus que ele e seus companheiros havia encontrando um homem que estava expulsando demônios, e que o haviam proibido de fazê-lo, por não ser do grupo dos discípulos. Agindo do mesmo modo como Moisés, o Senhor discorda desse gesto e diz: “Não o impeçais... Porque quem não é contra nós é por nós.”
O Espírito de Deus - que sopra onde e quando quer - é dado a todos, pois cada um dos seres humanos foi criado em um particular gesto de carinho de Deus, o Pai de todos. Do mesmo modo, a redenção de Jesus foi feita em nome de todos e para todos. Deus é livre para se revelar a quem quiser, e manifestar de modo especial o seu amor.
Como nos Atos dos Apóstolos, o Espírito Santo tocou a inteligência e o coração de um pagão, e o fez desejar o Batismo. Nesse relato da conversão do etíope, vemos o papel importantíssimo do Diácono Filipe ao obedecer à inspiração de Deus e se aproximar do pagão.
Que em nossa vida sejamos facilitadores do amor de Deus e não coloquemos empecilhos à ação do Espírito Santo!

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sábado, 29 de setembro de 2012

Do Beato João Paulo II, papa

Na perfeição da sua natureza espiritual e em virtude da sua inteligência, os anjos são chamados desde o princípio a conhecer a Verdade e a amar o Bem, que conhecem muito mais plena e perfeitamente do que ao homem é possível. Este amor mais não é do que o acto duma vontade livre [...] que é sinónimo duma possibilidade de escolha a favor ou contra esse mesmo Bem, ou seja, o próprio Deus. Nunca é demais repetir o que já dissemos a seu tempo a propósito do homem: ao criar livres os homens, Deus quis que, no mundo, se realizasse este amor verdadeiro que só é possível tendo como base a liberdade; por isso quis que a criatura, formada à imagem e semelhança do seu Criador (Gn 1,26), pudesse assemelhar-se-Lhe da forma mais plena possível, a Ele que «é amor» (1Jo 4,16). Ora, ao criar esses espíritos puros como seres livres, Deus, na Sua Providência, não podia também deixar de prever a possibilidade do pecado dos anjos. No entanto, precisamente porque a Providência divina é Sabedoria eterna capaz de amar, Deus saberia tirar da história deste pecado [...] o bem definitivo de todo o universo recém-criado.


Com efeito, como afirma claramente a Revelação, o mundo dos espíritos puros está dividido em bons e maus. [...] Como havemos de compreender tal distinção? Os Padres da Igreja e os seus teólogos não hesitam em falar de uma cegueira produzida por uma sobrevalorização da perfeição do seu próprio ser, levada ao ponto de ofuscar a supremacia de Deus que, ao contrário, supunha uma atitude de submissão e de obediência. Tudo isso se encontra expresso de maneira concisa nas palavras «Não servirei!» (Jr 2,20), manifestação radical e irreversível da recusa em tomar parte na edificação do Reino de Deus no mundo criado. Satanás, o espírito rebelde, quer o seu próprio reino, não o de Deus, assim se erguendo em adversário primeiro do Criador, opondo-se à Sua Providência como antagonista da sabedoria cheia de amor de Deus. Desta revolta e deste pecado de Satanás, tal como do do homem, devemos tirar a seguinte conclusão, expressa nas sábias palavras da experiência da Escritura, que afirma: «O orgulho é causa de ruína» (Tb 4,13).

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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

De Juliana de Norwich, mística inglesa

Na minha ignorância, surpreendia-me que a profunda sabedoria de Deus não tivesse impedido o início do pecado, porque se o tivesse feito, pensava eu, tudo estaria bem. [...] Jesus respondeu-me: «O pecado é inelutável, mas tudo acabará em bem, tudo acabará em bem, todas as coisas, quaisquer que sejam, acabarão em bem».


Com esta pequena palavra «pecado», Nosso Senhor apresentou-me ao espírito tudo o que não é bom: o desprezo ignóbil e as provações extremas que sofreu por nós ao longo da Sua vida e na Sua morte; todos os sofrimentos e as dores, corporais e espirituais, de todas as Suas criaturas. [...] Eu contemplei todos os sofrimentos que existiram ou existirão, e compreendi que a Paixão de Cristo era o maior, o mais doloroso de todos, e que a todos ultrapassa. [...] Mas não vi o pecado. Sei, pela fé, que ele não tem substância nem qualquer espécie de ser; só o poderemos reconhecer pelo sofrimento que causa. Percebi que este sofrimento é temporário: ele purifica-nos, leva-nos a conhecer-nos a nós mesmos e a gritar por misericórdia. A Paixão de Nosso Senhor fortifica-nos contra o pecado e o sofrimento: esta é a Sua santa vontade. No Seu terno amor por todos aqueles que serão salvos, Nosso Senhor reconforta-os pronta e suavemente, como se lhes dissesse: «É verdade que o pecado é a causa de todas estas dores, mas tudo acabará em bem: todas as coisas, quaisquer que sejam, acabarão em bem». Ele disse-me estas palavras com grande ternura, sem a mínima censura. [...]


Nestas palavras vi um mistério profundo e maravilhoso, oculto em Deus. Ele desvendará e far-nos-á conhecer esse mistério plenamente no céu. Quando o conhecermos, entenderemos por que razão permitiu a vinda do pecado a este mundo. E ao ver isto, regozijar-nos-emos por toda a eternidade.

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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

De Discursos Esprituais de Santo Isaac, o sírio, monge de Nínive

Como podiam os seres criados contemplar a Deus? A visão de Deus é tão terrível que o próprio Moisés afirma que teme e treme. Com efeito, quando a glória de Deus apareceu no monte Sinai (Ex 20), a montanha fumegava e tremia de medo sob o efeito da revelação; e os animais que se aproximavam das suas encostas morriam. Os filhos de Israel prepararam-se: obedecendo à ordem de Moisés, purificaram-se durante três dias a fim de serem dignos de ouvir a voz de Deus e de ver a Sua revelação. Ora, quando chegou o momento, não conseguiram assumir a visão da Sua luz nem receber a força da Sua voz de trovão.


Mas, agora que Ele espalhou a Sua graça pelo mundo com a Sua vinda, não foi através de um tremor de terra, nem através do fogo, nem anunciando-Se com uma voz tonitruante que apareceu, mas antes como o orvalho sobre o velo (Jz 6,37), como uma gota que cai docemente no solo. Foi sob outra forma que Ele veio até nós. Com efeito, cobriu a Sua grandeza com o véu da carne e fez desta um tesouro; viveu entre nós nessa carne que a Sua vontade havia formado no seio da Virgem Maria, a Mãe de Deus, para que, ao vê-Lo semelhante a nós e a viver entre nós, não ficássemos atormentados pelo medo ao contemplá-Lo. Foi por isso que aqueles que se cobriram com as vestes nas quais o Criador apareceu, com esse corpo de que Ele se revestiu, se revestiram do próprio Cristo (Gl 3,27). Porque desejaram ter no seu homem interior (Ep 3,16) a mesma humildade com que Cristo Se revelou na Sua criação e nela viveu, como Se revela agora aos Seus servos. Em lugar das vestes de honra e glórias exteriores, eles adornaram-se com essa humildade.

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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Das Homilias de São João Crisóstomo

O que é tido como loucura de Deus, é mais sábio que os homens, e o que é tido como fraqueza de Deus é mais forte que os homens (1Cor 1,25). Sim, a cruz é uma loucura e uma fraqueza, mas só aparentemente. [...] A doutrina da cruz conquistou os espíritos de todo o mundo por meio de pregadores ignorantes. Esta doutrina abriu uma escola onde não se tratava de questões banais, mas de Deus e da verdadeira fé, da vida segundo o Evangelho, e do julgamento futuro. Assim, a cruz transformou em filósofos pessoas simples e iletradas. É por isso que a loucura da cruz é mais sábia que a sabedoria dos homens. [...]


Como é que é mais forte? Porque se propagou pelo mundo inteiro, porque submeteu os homens ao seu poder e resistiu aos inumeráveis adversários que gostariam de ver desaparecer o nome do Crucificado. Pelo contrário, esse nome desabrochou e propagou-se. [...] Os seus inimigos pereceram, desapareceram; os vivos que combatiam um morto foram reduzidos à impotência. [...] Com efeito, os filósofos, os oradores, os reis, em suma, a terra inteira, não foi capaz de imaginar o que os publicanos e os pecadores conseguiram fazer pela graça de Deus. [...] Era pensando nisso que o apóstolo Paulo dizia: «o que é tido como fraqueza de Deus é mais forte que os homens». De outro modo, como teriam aqueles doze pescadores pobres e ignorantes imaginado semelhante empreendimento?

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terça-feira, 25 de setembro de 2012

De Bento XVI, papa

Realmente Maria é a mulher da escuta: vemo-lo no encontro com o Anjo (Lc 1,26ss) e vemo-lo de novo em todas as cenas da sua vida, desde as bodas de Caná, até à cruz e até ao dia do Pentecostes. [...] Já no momento da Anunciação podemos captar a atitude de escuta: uma escuta verdadeira, uma escuta que é interiorizada, que não se limita a dizer sim mas que assimila a Palavra, que toma a Palavra, à qual se segue a verdadeira obediência, porque a Palavra foi interiorizada, isto é, tornou-se Palavra em mim e para mim. [...] Assim a Palavra torna-se encarnação.


Vemos o mesmo no Magnificat. Sabemos que é um tecido feito de palavras do Antigo Testamento. Vemos que Maria é realmente uma mulher da escuta, que conhecia a Escritura no seu coração. Não conhecia apenas alguns textos, mas identificava-se a tal ponto com a Palavra, que as palavras do Antigo Testamento se tornaram, sintetizadas, um cântico no seu coração e nos seus lábios. Vemos que a sua vida estava realmente imbuída da Palavra; tinha entrado na Palavra, tinha-a assimilado, e a Palavra tinha-se tornado vida nela, transformando-se depois de novo em Palavra de louvor e de anúncio da grandeza de Deus.


Nossa Senhora é palavra de escuta, palavra silenciosa, mas também palavra de louvor, de anúncio, porque na escuta a Palavra se torna de novo carne e assim torna-se presença da grandeza de Deus.

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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Da Beata Teresa de Calcutá, religiosa

Escuta em silêncio. Quando o teu coração transborda com um milhão de coisas, não consegues ouvir a voz de Deus. Mas, assim que te pões à escuta da voz de Deus no teu coração pacificado, ele enche-se de Deus. Isso requer muitos sacrifícios, mas se temos realmente o desejo de rezar, se queremos rezar, temos de dar este passo. Trata-se apenas do primeiro passo, mas se não o dermos com determinação, nunca alcançaremos a última etapa, a presença de Deus.


É por isso que a aprendizagem deve ser feita desde o início: escutar a voz de Deus no nosso coração; e Deus põe-Se a falar no silêncio do coração. Depois, da plenitude do coração sobe o que a boca deve dizer. Aí opera-se a fusão. No silêncio do coração, Deus fala e tu só tens de escutar. Depois, da plenitude do teu coração que se encontra repleto de Deus, repleto de amor, repleto de compaixão, repleto de fé, a tua boca falará.


Lembra-te, antes de falares, que é necessário escutar e só então, das profundezas de um coração aberto, podes falar e Deus ouvir-te-á.

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domingo, 23 de setembro de 2012

No Domingo XXV do Tempo Comum

Cidade do Vaticano (RV) - Já havia na Antiguidade uma presença muito grande de grupos de pessoas que não acreditavam em nada. Eram formados principalmente pelos ricos e os intelectuais. Evidentemente, nem todos os ricos e intelectuais eram materialistas e descrentes, muitos acreditavam na vida após a morte.
Sua lei era “Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos!” (Is 22,13). Junto a esses havia alguns judeus que deixaram a fé de seus antepassados e se uniram aos grupos de infiéis.
Contudo, a vida honesta e coerente dos crentes incomodava a consciência dos descrentes. Esse incômodo está escrito na primeira frase da primeira leitura de hoje, extraída do livro da Sabedoria. “Armemos ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda: ele se opõe ao nosso modo de agir, repreende em nós as transgressões da lei e nos reprova as faltas contra a nossa disciplina.”
Hoje também temos esses grupos de materialistas e as perseguições, mesmo que veladas, são reais. Também Jesus não escapou às garras dessa gente. A presença, mesmo que silenciosa, de uma pessoa de vida exemplar, incomoda e agride aqueles que optaram por viver desonestamente.
Quando formos perseguidos, deveremos rezar pó aqueles que nos perseguem e maltratam, mas ao mesmo tempo nos alegrar porque nosso testemunho de fé em Deus é vivo e incomoda. Mas se nada nos acontece, deveremos rever nossa vida, alguma coisa está errada em nosso anúncio.
No Evangelho acontece algo que se enquadra dentro desse espírito mundano. Os judeus, com seus líderes, não entendem o messianismo de Jesus. Eles esperam um messias triunfante, vitorioso nos moldes dos valores deste mundo. Contudo, Jesus os desnorteia quando diz que ele irá “ser entregue nas mãos dos homens, e eles os matarão.” Para seus discípulos o Cristo pede que o sigam no serviço a todos e em se colocarem como últimos, exatamente contrário em relação ao pedido da mãe de João e de Tiago, para que seus filhos ocupassem os primeiros lugares, ao lado de Jesus.
Também em nosso mundo, inclusive no mundo religioso, quantas pessoas não aspiram e lutam para uma posição de destaque na Igreja, na paróquia, na congregação religiosa! Quantas pessoas que ocupam lugar de importância não o usam para serem servidas e tirarem proveito para si e para seus interesses corporativos!Lutemos pela pureza de nossa fé. Ela será autêntica se vivermos o que nos diz São Tiago na segunda leitura de hoje. ”Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más. De onde vêm as guerras? De onde vêm as brigas entre vós?”
E o Apóstolo ensina “... a sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura, depois pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento.”
Vivamos nossa fé na pureza de sentimentos e na entrega total de nossa vida a Jesus Cristo. Que ele viva em nós! Que nossa riqueza e nossa sabedoria sejam viver ao máximo a fé cristã.

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sábado, 22 de setembro de 2012

De São João Crisóstomo, presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja

Se hoje não tiver persuadido o meu auditório, talvez o venha a fazer amanhã, daqui a três ou quatro dias, ou até mais tarde. O pescador que inutilmente tenha lançado as redes o dia todo, à noitinha, antes mesmo de partir, por vezes apanha o peixe que não conseguiu apanhar durante o dia. E, mesmo que não obtenha boas colheitas durante vários anos, o agricultor não deixa de trabalhar a terra, porque acontece amiúde num só ano conseguir suplantar com abundância todas as perdas anteriores.


Deus não nos pede para sermos bem-sucedidos, mas para sermos trabalhadores, e o nosso trabalho não será menos recompensado só porque ninguém nos escuta. [...] Cristo sabia muito bem que Judas não converteria e, no entanto, tentou convertê-lo até ao fim, censurando-lhe a sua falta nos mais tocantes termos: «Amigo, a que vieste!» (Mt 26,50 [Vulgata]); ora, se Cristo, modelo dos pastores, trabalhou até ao fim na conversão dum homem desesperado, o que não devemos nós fazer por aqueles nos quais nos é pedido que ponhamos sempre a nossa esperança?

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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Dos Comentários de Santo Agostinho, bispo de Hipona, doutor da Igreja

Ao amar o teu inimigo, desejas que ele seja para ti um irmão. Não amas o que ele é, mas aquilo em que queres que ele se torne. Imaginemos um pedaço de madeira de carvalho em bruto. Um artesão hábil vê essa madeira, cortada na floresta; a madeira agrada-lhe; não sei o que ele quer fazer dela, mas não é para a deixar como está que o artista gosta dela. A sua arte faz com que veja em que é que se pode transformar essa madeira; o seu amor não é dirigido à madeira em bruto; ele ama o que fará com ela e não a madeira em bruto.


Foi assim que Deus nos amou quando éramos pecadores. Na verdade, Ele disse: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes». Ter-nos-ia Ele amado pecadores para que permanecêssemos pecadores? O Artesão viu-nos como um pedaço de madeira em bruto, vindo da floresta, e o que tinha em vista era a obra que nela faria, não a madeira em si, nem a floresta.


Contigo passa-se a mesma coisa: vês o teu inimigo opor-se-te, encher-te de palavras mordazes, tornar-se rude nas afrontas que te faz, perseguir-te com o seu ódio. Mas tu estás atento ao facto de ele ser um homem. Vês tudo o que esse homem fez contra ti, mas também vês nele aquilo que foi feito por Deus. Aquilo que ele é, enquanto homem, é obra de Deus; o ódio que te tem é obra dele. E que dizes tu para contigo? «Senhor sê benevolente para com ele, perdoa-lhe os pecados, inspira-lhe o Teu temor, converte-o.» Não amas nesse homem aquilo que ele é, mas aquilo que queres que ele venha a ser. Assim, quando amas um inimigo, amas nele um irmão.

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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Das Homilias de São Macário, monge do Egipto

Acolhamos o nosso Deus e Senhor, o verdadeiro médico, o único capaz de curar a nossa alma ao vir a nós, Ele que tanto penou por nós. Ele bate sem cessar à porta do nosso coração, para que Lha abramos e O deixemos entrar para Ele repousar na nossa alma, para que Lhe lavemos os pés e O cubramos com perfume, para que faça em nós a Sua morada. Com efeito, Jesus acusa aquele que não Lhe lavou os pés, dizendo: «Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa» (Ap 3,20). Efectivamente, foi para isso que Ele suportou tantos sofrimentos, que entregou o Seu corpo à morte e nos resgatou da servidão: para vir à nossa alma e fazer dela Sua morada.


É por isso que o Senhor diz àqueles que, no julgamento, estiverem à Sua esquerda e forem enviados para a geena: «Tive fome e não Me destes de comer, tive sede e não Me destes de beber» (Mt 25,42ss). Porque a Sua comida, a Sua bebida, as Suas roupas, o Seu tecto, o Seu repouso estão no nosso coração. Por isso Ele bate sem cessar, querendo entrar em nós. Acolhamo-Lo, portanto, e recebamo-Lo dentro de nós, pois Ele é também o nosso alimento, a nossa bebida, a nossa vida eterna.


E toda a alma que não O acolhe agora dentro de si, para Ele aí encontrar repouso, ou antes, para que ela repouse n'Ele, não herdará o Reino dos Céus com os santos e não poderá entrar na cidade celeste. Mas Tu, Senhor Jesus Cristo, deixa-nos entrar, a nós que glorificamos o Teu nome, com o Pai e o Espírito Santo, por todos os séculos. Amen.

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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

De São Basílio, monge, bispo de Cesareia da Capadócia, doutor da Igreja

Irmãos, não nos deixemos ficar na indiferença e no desleixo; não adiemos sempre para amanhã ou mais tarde, com ligeireza, o momento de pormos mãos à obra. «É este o tempo favorável, é este o dia da salvação», diz o apóstolo Paulo (2Co 6,2). Agora é o tempo da penitência, mais tarde será o da recompensa; o presente é o tempo da perseverança, e um dia virá o da consolação. Agora, Deus vem em auxílio daqueles que se afastam do mal; mais tarde, Ele será o juiz dos actos, das palavras e dos pensamentos dos homens. Hoje, usufruímos da Sua paciência; conheceremos a justiça dos Seus julgamentos no momento da ressurreição, quando cada um de nós receber consoante as obras realizadas.


Até quando adiaremos obedecer a Cristo, que do Seu Reino celeste nos interpela? Não desejaremos nós a purificação? Quando nos decidiremos a abandonar o tipo de vida que levamos para seguirmos o Evangelho com radicalidade?

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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Dos Comentários de Santo Ambrósio, bispo de Milão, doutor da Igreja

A misericórdia divina compadece-se das lágrimas desta mãe. Ela é viúva; o sofrimento e a morte do seu filho único abalaram-na profundamente. [...] Parece-me que esta viúva, rodeada por uma grande multidão, é mais do que uma simples mulher que merece, pelas suas lágrimas, a ressurreição de um filho jovem e único. Ela é a imagem da própria Santa Igreja que, através das suas lágrimas, no meio do cortejo fúnebre e até ao túmulo, consegue chamar à vida o jovem povo que é o mundo. [...]


Porque à palavra de Deus os mortos ressuscitam, recuperam a voz e a mãe reencontra o seu filho; ele é chamado do túmulo, arrancado ao sepulcro. Que túmulo é este para vós senão a vossa má conduta? O vosso túmulo é a falta de fé. [...] Cristo liberta-vos deste sepulcro; saireis do túmulo se escutardes a palavra de Deus. E, se os vossos pecados forem demasiado graves para poderem ser lavados pelas lágrimas da vossa penitência, intervirão por vós as lágrimas da vossa mãe, a Igreja. [...] Ela intercede por todos os seus filhos como o faria por outros tantos filhos únicos. Com efeito, ela está repleta de compaixão e sente uma dor espiritual muito maternal quando vê os seus filhos serem arrastados para a morte pelo pecado.

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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Da Primeira Regra de São Francisco de Assis

No amor que é Deus, suplico a todos os meus irmãos – aos que pregam, aos que oram, aos que trabalham manualmente, aos clérigos e leigos – que invistam na humildade em tudo: que não se ufanem, que não encontrem alegria ou se orgulhem interiormente com as boas palavras e as boas acções que Deus diz ou realiza por vezes neles ou através deles. Pois diz o Senhor: «não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem» (Lc 10,20). Convençamo-nos firmemente de que, por nós, só temos erros e pecados. Rejubilemos antes nas provações que temos de suportar na alma e no corpo, e em todo o tipo de angústias e de tribulações neste mundo, com vista à vida eterna.


Irmãos, evitemos o orgulho e a vã glória. Evitemos a sabedoria deste mundo e a prudência egoísta. Pois aquele que é escravo das suas tendências egoístas investe muito esforço e aplicação na formulação de discursos, mas muito menos na passagem aos actos; em lugar de procurar a religião e a santidade interiores do espírito, quer e deseja uma religião e uma santidade exteriores e visíveis aos olhos dos homens. É sobre eles que o Senhor diz: «Em verdade vos digo, receberam a sua recompensa» (Mt 6,5). Pelo contrário, aquele que é dócil ao Espírito do Senhor quer mortificar e humilhar aquilo que é egoísta, vil e abjecto na carne. Dedica-se à humildade e à paciência, à simplicidade pura e à verdadeira paz de espírito; aquilo que deseja sempre e acima de tudo é o temor de Deus, a sabedoria de Deus e o amor de Deus Pai, Filho e Espírito Santo.

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domingo, 16 de setembro de 2012

No Domingo XXIV do Tempo Comum

Cidade do Vaticano (RV) - Mais uma vez Deus nos leva a uma revisão de nossos critérios, se estão de acordo com os de Jesus, o Homem Novo, ou se nos deixamos levar pelos do mundo e aceitamos os seus, tão diversos dos do Senhor.
A primeira leitura, extraída de Isaías nos apresenta a figura significativa do Servo Sofredor, a mesma da sexta-feira santa, onde lemos sobre o homem das dores que confia no Senhor. Esse relato nos conduz ao Evangelho deste domingo, em que Marcos faz o primeiro anúncio da paixão do Mestre. Ora, Jesus é aquele que nos salvou a partir do seu sofrimento, que foi rejeitado e hostilizado pelos grandes de Israel e, em seguida, enaltecido pelo Pai e, por Ele, ressuscitado. Por isso Jesus se tornou a força, a esperança, o referencial para aqueles que assumem, como missão, a luta por seus irmãos, pela justiça, para que eles sejam respeitados como filhos de Deus.
No Evangelho Cristo desnorteou seus discípulos ao falar que ele seria rejeitado e sofreria muito e que exatamente por causa dessa paixão é que sairia vitorioso. Jesus ensinou que a vitória virá através da morte, da derrota. Ele quebrou a lógica do mundo, virou a mesa.
Quando Pedro, que havia feito bela profissão de fé, mas ainda sem uma compreensão amadurecida, disse que impediria tal desastre acontecer, Jesus o repreendeu com um veemente “Afasta-te de mim Satanás!” E em seguida disse para todos:” Se alguém me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la”.
Renunciar a si mesmo significa renunciar a toda ambição pessoal, não pensar em si, em seus interesses, mas estar totalmente voltado para Deus e para os outros.
Tomar a sua cruz é muito mais do que aceitar as durezas do dia a dia; é conseqüência do “renunciar a si mesmo,” quando nos sacrificamos pela felicidade de alguém e é, em diversas ocasiões, o preço pela fidelidade ao Evangelho.
Seguir Jesus é tomar parte em seu projeto redentor, na luta pela instauração do Reino de justiça e de paz e aceitar as conseqüências dessa participação; é perder a vida, como aconteceu com ele, nosso Mestre e Senhor.
Ser companheiro de Jesus em sua paixão, assumindo toda sua humilhação, trabalhos e lutas, nos proporcionará, depois, segui-lo na glória. Por isso, quem quiser salvar a sua vida, irá perdê-la; mas quem a perder, irá salvá-la.

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sábado, 15 de setembro de 2012

Da Encíclica Spe Salvi de Bento XVI, papa

Santa Maria, [...] o velho Simeão falou-Vos da espada que atravessaria o vosso coração (cf. Lc 2,35), do sinal de contradição que vosso Filho haveria de ser neste mundo. Depois, quando a actividade pública de Jesus se iniciou, tivestes de vos pôr de lado, para que pudesse crescer a nova família [...] daqueles que tivessem ouvido e observado a Sua palavra (cf. Lc 11,27s). Apesar de toda a grandeza e alegria do primeiro início da actividade de Jesus, vós, já na Sinagoga de Nazaré, tivestes de experimentar a verdade da palavra sobre o «sinal de contradição» (cf. Lc 4,28s). Assim, vistes o crescente poder da hostilidade e da rejeição que se ia progressivamente afirmando à volta de Jesus até à hora da cruz, quando tivestes de ver o Salvador do mundo, o herdeiro de David, o Filho de Deus morrer como um falido, exposto ao escárnio, entre os malfeitores.


Acolhestes então as palavras: «Mulher, eis aí o teu filho» (Jo 19,26). Da cruz, recebestes uma nova missão. A partir da cruz ficastes Mãe de uma maneira nova: Mãe de todos aqueles que querem acreditar no vosso Filho Jesus e segui-Lo. A espada da dor trespassou o vosso coração. Tinha morrido a esperança? Ficou o mundo definitivamente sem luz, a vida sem objectivo? Naquela hora, provavelmente, no vosso íntimo tereis ouvido novamente as palavras com que o anjo tinha respondido ao vosso temor no instante da anunciação: «Não temas, Maria!» (Lc 1,30). Quantas vezes o Senhor, o vosso Filho, dissera a mesma coisa aos seus discípulos [...].


Na hora de Nazaré, o anjo também vos tinha dito: «O seu reinado não terá fim» (Lc 1,33). Teria talvez terminado antes de começar? Não; junto da cruz, [...] vós tornastes-vos mãe dos crentes. Nesta fé, [...] caminhastes para a manhã de Páscoa. A alegria da ressurreição tocou o vosso coração e uniu-vos de um novo modo aos discípulos [...]. O «reino» de Jesus era diferente daquele que os homens tinham podido imaginar. Este «reino» iniciava-se naquela hora e nunca mais teria fim. Assim, vós permaneceis no meio dos discípulos como a sua Mãe, como Mãe da esperança.

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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Das Homilias de São João Crisostomo, bispo de Constantinopla e doutor da Igreja

Hoje Nosso Senhor Jesus Cristo está na cruz e nós festejamos, para que saibamos que a cruz é uma festa e uma celebração espiritual. Outrora a cruz significou um castigo, agora tornou-se objecto de honra. Outrora símbolo de condenação, ei-la agora princípio de salvação. Pois ela é para nós a causa de numerosos bens: libertou-nos do erro, iluminou-nos nas trevas e reconciliou-nos com Deus; tínhamo-nos tornado para Ele inimigos e estranhos, e ela deu-nos a Sua amizade e aproximou-nos d'Ele. A cruz é para nós a destruição da inimizade, o garante da paz, o tesouro de mil bens.


Graças a ela não erramos já pelos desertos, porque conhecemos o verdadeiro caminho. Não ficamos de fora do palácio real, porque encontrámos a porta. Não receamos as armas ardentes do diabo, porque descobrimos a fonte. Graças a ela já não somos viúvos, porque descobrimos o Esposo. Não temos medo do lobo, porque temos o bom pastor. Graças à cruz não tememos o usurpador, porque nos sentamos ao lado do Rei.


Eis porque estamos contentes ao festejar a memória da cruz. O próprio São Paulo nos convida para a festa em honra da cruz: «Celebremos, pois, a festa, não com o fermento velho nem com o fermento da malícia e da corrupção mas com os ázimos da pureza e da verdade» (1Co 5,8). E a razão para isso: «Cristo, nosso cordeiro pascal, foi imolado»

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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Dos Manuscritos de Santa Teresa do Menino Jesus, carmelita, doutora da Igreja

«Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem» (Mt 5,43-44). Claro que no Carmelo não se encontram inimigos mas, enfim, há simpatias; sentimo-nos mais atraídas por esta irmã, enquanto aquela nos levaria até a fazer um desvio para não deparar com ela. Assim, sem mesmo o saber, ela torna-se objeto de perseguição. Pois bem, Jesus diz-me que é preciso amar essa irmã, rezar por ela, mesmo que a sua conduta me leve a crer que ela não gosta de mim: «Se amais os que vos amam, que agradecimento mereceis? Os pecadores também amam aqueles que os amam.»


E não basta amar, é preciso demonstrá-lo. Ficamos naturalmente felizes por dar um presente a um amigo, gostamos muito de fazer surpresas, mas a caridade não é isso, pois os pecadores também o fazem. Eis que Jesus continua a ensinar-me: «Dá a todo aquele que te pede, e a quem se apoderar do que é teu, não lho reclames». Dar a todas as que pedem é menos doce que oferecer-se a si mesma num movimento amoroso. [...] Se é difícil dar a quem nos pede, ainda o é mais deixar alguém apoderar-se do que é nosso sem o reclamar. Oh minha Mãe, digo que é difícil, mas deveria antes dizer que parece ser difícil, pois o jugo do Senhor é leve e suave (Mt 11,30). Quando o aceitamos, sentimos logo a sua doçura e clamamos como o salmista: «Correrei pelo caminho dos Teus mandamentos, porque deste largas ao meu coração» (Sl 118,32). Não há como a caridade para dilatar o meu coração, oh Jesus. Desde que essa doce chama o consome, corro com alegria no caminho do Vosso mandamento novo (Jo 13,34).

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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Dos Comentários de Santo Ambrósio, bispo de Milão

«Felizes vós, os pobres». Nem todos os pobres são felizes, pois a pobreza é uma coisa neutra: pode haver pobres bons e maus. [...] Bem-aventurado o pobre que invoca o Senhor e Ele o atende (Sl 33,7): pobre em erros, pobre em vícios, o pobre no qual o príncipe deste mundo nada encontrou (Jo 14,30), o pobre que imita aquele Pobre que, sendo rico, Se tornou pobre por nós (2Co 8,9). É por isso que Mateus dá a explicação completa: «Felizes os pobres de espírito», pois o pobre de espírito não se ufana, não se engrandece no seu pensamento humano. Esta é, então, a primeira beatitude.


[«Felizes os mansos» escreve Mateus em seguida.] Tendo-me libertado de todos os pecados [...], estando satisfeito com a minha simplicidade, isento de mal, resta-me moderar o meu carácter. De que me serve não possuir bens materiais, se não for manso e tranquilo? Porque seguir o caminho certo é, evidentemente, seguir Aquele que diz: «Aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração» (Mt 11,29). [...]


Dito isto, lembrai-vos de que sois pecadores: chorai os vossos pecados. Chorai os vossos erros. E é razoável que a terceira beatitude seja para aqueles que choram os seus pecados, pois é a Trindade que perdoa os pecados. Purificai-vos, pois, com as vossas lágrimas e lavai-vos com o vosso choro. Se chorardes por vós mesmos, ninguém terá de chorar por vós. [...] Todos temos os nossos mortos para chorar; morremos quando pecamos. [...] Que o pecador chore por si mesmo e se arrependa, a fim de se tornar justo, pois «o que advoga a sua causa parece ter razão» (Pr 18,17). 

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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Do Beato João Paulo II, papa

A oração de Cristo em Getsemani é o encontro da vida humana de Jesus Cristo com a vontade eterna de Deus. [...] O Filho fez-Se homem para que tivesse lugar esse encontro da Sua vontade humana com a do Pai. Fez-Se homem para que esse encontro fosse repleto da verdade sobre a vontade humana e sobre o coração humano, esse coração que quer fazer desaparecer o mal, o sofrimento, o julgamento, a flagelação, a coroa de espinhos, a cruz e a morte. Fez-Se homem para que, neste contexto da verdade sobre a vontade humana e sobre um coração humano, surgisse toda a grandeza do amor que se exprime na dádiva de si e no sacrifício: «Porque Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o Seu Filho único» (Jo 3,16). Quando Cristo ora, o amor eterno deve confirmar-se através da oferenda do coração humano. E confirma-se de facto: o Filho não recusa ao Seu coração tornar-se o altar, o local da elevação, antes de se tornar o local da cruz. [...]


A oração é, por conseguinte, o encontro entre a vontade humana e a vontade de Deus. O seu fruto privilegiado é a obediência do Filho ao Pai: «Seja feita a Tua vontade». Porém, a obediência não significa renúncia à nossa vontade, mas antes uma verdadeira abertura do olhar espiritual e do ouvido espiritual a este Amor que é o próprio Deus. E Deus é este Amor (1Jo 4,16), Ele que amou de tal modo o mundo que lhe deu o Seu Filho único. Eis então o homem, eis Jesus Cristo, o Filho de Deus; após a Sua oração em Getsemani, torna a erguer-Se, fortalecido por essa obediência através da qual Se reuniu a este amor, a esta dádiva do Pai ao mundo e a todos os homens.

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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Das Homilias de Melitão de Sardes, bispo

O Senhor, sendo Deus, fez-Se homem e, tendo sofrido em vez do enfermo, tendo sido encarcerado em vez do prisioneiro, tendo sido condenado em vez do criminoso e sepultado em vez do que jazia no sepulcro, ressuscitou dos mortos e exclamou com voz poderosa: «”Quem ousará condenar-Me? Aproxime-se de Mim!” (Is 50,8) Eu libertei o condenado, dei a vida ao morto, ressuscitei o que estava sepultado. “Quem ousará atacar-Me?” (Is 50,9) Eu sou Cristo, Aquele que destruiu a morte, que venceu o inimigo, que calcou aos pés o inferno, que pôs em cadeias o violento (Lc 11,22) e que arrebatou o homem para as alturas dos Céus. Eu sou Cristo.


Vinde, portanto, todas as nações da terra oprimidas pelo crime, e recebei a remissão dos pecados. Eu sou o vosso Perdão, a Páscoa da salvação, o Cordeiro por vós imolado, a Água que vos purifica, a vossa Vida, a vossa Ressurreição, a vossa Luz, a vossa Salvação, o vosso Rei. Eu vos elevarei até às alturas dos Céus; Eu vos ressuscitarei e vos mostrarei o Pai que está nos Céus; Eu vos exaltarei pela Minha mão direita.»


Assim é Aquele que fez o céu e a terra e no princípio criou o homem (Gn 2,7), Aquele que Se fez anunciar pela Lei e pelos Profetas, Aquele que nasceu da Virgem, foi crucificado no madeiro, sepultado na terra, ressuscitado dentre os mortos, ascendeu às alturas dos céus, Se sentou à direita do Pai e detém o poder de tudo julgar e de tudo salvar. Por Ele criou o Pai tudo o que existe, desde o princípio até à eternidade. É Ele o Alfa e o Ómega (Ap 1,8), o princípio e o fim, Cristo, a Quem sejam dados a glória e o poder pelos séculos dos séculos, Amen.

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domingo, 9 de setembro de 2012

No XXIII Domingo do Tempo Comum

Cidade do Vaticano (RV) A segunda leitura de hoje, tirada da Carta de São Tiago, nos questiona quanto ao nosso relacionamento com as pessoas que são ricas, bonitas, inteligentes, realizadas profissionalmente, afetivamente, enfim, como nos portamos diante das pessoas bem sucedidas de acordo com o critério mundanos. Ao mesmo tempo, São Tiago também analisa nosso comportamento em relação ao pobre, ao deficiente, ao feio, ao menos inteligente, ao desempregado, ao sem teto, enfim aos marginalizados em nossa sociedade.
Se somos batizados, se fizemos a profissão de fé cristã e a renovamos a cada domingo no momento do Credo, deveremos agir como Jesus Cristo e ter um especial carinho pelos pobres e oprimidos já que eles mereceram uma atenção especial de Jesus e continuam sendo os filhos queridos do Pai.
Contudo, deixamos a carne falar mais forte e agimos de acordo com os critérios humanos, mesmo sabendo que fazemos algo errado. O belo, o aceito socialmente nos atrai tanto, na mesma proporção em que repugnamos o feio. Ao mesmo tempo demonstramos também nossa fragilidade, temendo a reação do mundo, em não sermos aceitos por causa de nossa postura socialmente incorreta diante dos códigos sociais elitistas. Aí renegamos o Cristo crucificado, que está no marginalizado, e abraçamos as pompas e as obras que o crucificaram.
Muitas vezes conseguimos ter atitudes cristãs dentro das igrejas, na hora da missa, mas tal não consegue resistir a um confronto em um ambiente extra eclesial. É na sociedade, nos casamentos, nas festas, no trabalho, na rua, nos hospitais, que somos chamados a sermos sal da terra e luz do mundo. É aí que deveremos fazer a diferença.
Criticamos muito os nossos políticos e deveremos continuar criticando-os quando não fazem o que prometeram em época de eleições. Alguns até se deixam subornar por dinheiro ou por acordos partidários. Mas atenção, não só os políticos corruptos são coniventes com os erros denunciados por uma frase do livro do Eclesiastes (13,3), mas também nós: "O rico comete uma injustiça e ainda se mostra altivo, o pobre é injustiçado e ainda se desculpa”. Concordaremos com isso ou vamos lutar pela justiça, evitando discriminação? Se cremos em Deus, nossas relações serão marcadas pela justiça e pela caridade.
No Evangelho Jesus curou um surdo que, por causa dessa deficiência, falava com dificuldade. O Senhor o levou para fora da multidão, tocou-o em seu ouvido e língua e disse sobre ele: "Abre-te!" O surdo, como não escuta, não sabe o que passa ao seu redor e geralmente, como no relato de hoje, tem dificuldade em se expressar e, por tudo isso se sente e é marginalizado. Jesus o retirou dessa situação, devolvendo-o capacitado. A ação cristã o reintegrou à sociedade.
Ao mesmo tempo o Senhor recomenda silêncio em relação ao seu feito. Perguntamo-nos o por quê? Porque Ele sabe que o testemunho dado só será possível quando as pessoas passarem, como ele Jesus passou, pela cruz e ressurreição. É no Calvário que surge o homem novo, o homem que supera os contra valores mundanos e revela a fé autêntica, a entrega radical ao querer do Pai, isto é, à prática da justiça.
Se Deus privilegia os pobres, que lugar ocupam os carentes em minha vida? Até onde pratico e luto por uma justiça social?

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sábado, 8 de setembro de 2012

Das Homilias de São Bernardo, monge cisterciense

«O nome da virgem era Maria» (Lc 1,27). Esse nome, que dizem significar «estrela do mar», convém admiravelmente à Virgem Mãe. Nada é mais justo do que compará-la a uma estrela que dá a sua luz sem se alterar, tal como deu à luz o seu Filho sem danificar o seu corpo virgem. Ela é efectivamente essa nobre «estrela surgida de Jacob», cujo esplendor ilumina o mundo inteiro, que brilha nos céus e penetra até aos infernos. [...] Ela é verdadeiramente essa linda e admirável estrela que havia de elevar-se acima do mar imenso, cintilante de méritos, iluminando pelo exemplo.


Vós todos, quem quer que sejais, seja o que for que sentirdes hoje, em pleno mar, sacudidos pela tormenta e pela tempestade, longe da terra firme, mantende os olhos na luz dessa estrela para evitar o naufrágio. Se se levantarem os ventos da tentação, se vires aproximar-se o escolho das provações, olha para a estrela, invoca Maria! Se te sentires sacudido pelas vagas do orgulho, da ambição, da maledicência ou do ciúme, eleva os olhos para a estrela, invoca Maria. [...] Se te sentires perturbado pela enormidade dos teus pecados, humilhado pela vergonha da tua consciência, assustado pelo temor do julgamento, se estiveres a ponto de naufragar nas profundezas da tristeza e do desespero, pensa em Maria. No perigo, na angústia, na dúvida, pensa em Maria, invoca Maria!


Que o seu nome nunca saia dos teus lábios nem do teu coração. [...] Seguindo-a, não te perderás; rezando-lhe, não desesperarás; pensando nela, evitarás enganar-te no caminho. Se Ela te agarrar pela mão, não te afundarás; se Ela te proteger, nada temerás; conduzido por Ela, ignorarás a fadiga; sob a sua proteção, chegarás ao objectivo. E compreenderás, pela tua própria experiência, como são verdadeiras essas palavras: «O nome da virgem era Maria». 

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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo de Hipona

Que «estejam cingidos os nossos rins e acesas as nossas lâmpadas»; sejamos semelhantes «aos homens que esperam o seu senhor ao voltar do seu noivado» (Lc 12,35). Não sejamos como aqueles ímpios que dizem: «Comamos e bebamos, que amanhã morreremos» (1Co 15,32). Quanto mais incerto é o dia da nossa morte, mais dolorosas são as tribulações desta vida; e devemos jejuar e orar ainda mais porque efectivamente morreremos amanhã. «Dentro em pouco já Me não vereis e pouco depois voltareis a ver-Me» (Jo 16,16). Agora é o momento acerca do qual Ele disse: «Chorareis e lamentar-vos-eis; o mundo alegrar-se-á e vós estareis tristes» (v. 20); é a altura desta vida cheia de provações em que viajamos longe d'Ele. «Mas Eu hei-de ver-vos de novo; e o vosso coração alegrar-se-á e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria» (v. 22).


Doravante a esperança que assim nos dá Aquele que é fiel às suas promessas não nos deixa totalmente sem alegria, até ficarmos cheios da alegria transbordante do dia em que «seremos semelhantes a Ele porque O veremos como Ele é» (1Jo 3,2), e em que «ninguém nos poderá tirar a nossa alegria». [...] «Uma mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza porque é chegada a sua hora. Mas depois de ter dado à luz o menino já não se lembra da aflição, pelo prazer de ter vindo ao mundo um homem» (Jo 16,21). É esta alegria que ninguém nos pode tirar e de que ficaremos repletos quando passarmos da presente concepção da fé para a luz eterna. Jejuemos então agora e oremos, porque nos encontramos nos dias do parto.

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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Dos Sermões de São Máximo de Turim, bispo

Quando o Senhor, sentado no barco de pesca, disse a Pedro «faz-te ao largo; e vós, lançai as redes para a pesca», quis aconselhá-lo não tanto a lançar às profundezas da água as redes de pesca, mas a derramar no fundo dos corações as palavras da pregação. Foi neste abismo do coração que São Paulo penetrou quando clamou «oh, que profundidade de riqueza, de sabedoria e de ciência é a de Deus!» (Rm 11,33). [...] Tal como as redes trazem nas suas malhas, para dentro do barco, os peixes que apanharam, assim a fé conduz ao seu seio, para o descanso, todos os homens recolhidos por ela.


Para fazer ainda crer que o Senhor estava a referir-Se à pesca espiritual, disse Pedro: «Mestre, trabalhámos durante toda a noite e nada apanhámos, mas porque Tu o dizes, lançarei as redes». O Senhor, nosso Salvador, é o Verbo, a Palavra de Deus; [...] e Pedro, ao lançar as redes a esta Palavra, estende a sua eloquência por todo o lado. Assim, Pedro estende as malhas da rede aparelhada segundo as directrizes do seu Mestre, lançando, em nome do Senhor, palavras claras e eficazes que permitem salvar homens e já não criaturas sem razão.


«Trabalhámos durante toda a noite e nada apanhámos». Sim, toda a noite trabalhara Pedro [...] mas, assim que brilhou a luz do Senhor, dispersaram-se as trevas e a fé permitiu-lhe distinguir nas profundezas da água aquilo que os seus olhos não podiam ver. Pedro sofreu a noite inteira até que o dia que é Cristo viesse em seu auxílio, conforme as palavras do apóstolo Paulo: «A noite adiantou-se e o dia está próximo» (Rm 13,12).

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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Do Catecismo da Igreja Católica

Se Deus Todo-Poderoso, criador do mundo ordenado e bom, cuida de todas as Suas criaturas, por que existe o mal? Não existe nenhuma resposta rápida para esta pergunta tão urgente quanto inevitável, tão dolorosa quanto misteriosa. É o conjunto da fé cristã que constitui a resposta a esta pergunta: a bondade da criação, o drama do pecado, o amor paciente de Deus que vem ao encontro do homem pelas Suas alianças, pela Encarnação redentora do Seu Filho, pela dádiva do Espírito, pela reunião da Igreja, pela força dos sacramentos, pelo apelo a uma vida bem-aventurada à qual as criaturas livres são antecipadamente convidadas a consentir, mas à qual também antecipadamente podem escusar-se. Não há uma linha da mensagem cristã que não seja em parte uma resposta à questão do mal.


Porque não terá Deus criado um mundo tão perfeito que nenhum mal aí conseguisse existir? Segundo o Seu poder infinito, Deus poderia sempre criar qualquer coisa melhor (São Tomás de Aquino). Porém, na Sua sabedoria e bondade infinitas, Deus quis livremente criar um mundo «a caminho» da sua perfeição. No desígnio de Deus, este devir comporta o aparecimento de certos seres e o desaparecimento de outros, com o mais perfeito mas também o menos perfeito, com as construções da natureza mas também as destruições. Com o bem físico existe também o mal físico enquanto a criação não atingir a sua perfeição. 

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terça-feira, 4 de setembro de 2012

Dos comentários de São Cirilo de Jerusalém, bispo de Jerusalém, doutor da Igreja

Deus é espírito (Jo 5,24), e portanto Aquele que é espírito gerou espiritualmente [...], por uma criação simples e incompreensível. O próprio Filho diz do Pai: «O Senhor disse-Me: 'Tu és Meu Filho, hoje mesmo Te gerei'» (Sl 2,7). Este hoje não é recente, mas eterno; este hoje não é deste tempo, mas de todos os séculos. «Desde o dia do Teu nascimento receberás o principado no esplendor sagrado, desde o seio materno, desde a aurora da Tua infância» (Sl 109,3). Crê pois em Jesus Cristo, Filho do Deus vivo, mas Filho único como afirma o Evangelho: «Porque Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o Seu Filho único, para que todo o que n'Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna» (Jo 3,16). [...] São João afirma a este propósito: «e nós vimos a Sua glória, glória que Lhe vem do Pai, como Filho único cheio de graça e de verdade» (Jo 1,14).


Os próprios demónios, tremendo à Sua frente, gritavam: «Ah! Que tens que ver connosco, Jesus de Nazaré? Sei quem Tu és: o Santo de Deus» Ele é portanto Filho de Deus por natureza e não por adopção, pois nasceu do Pai. [...] O Pai, Deus verdadeiro, gerou o Filho à Sua semelhança, Deus verdadeiro. [...] O Pai gerou o Filho de forma diferente de como nos homens o espírito gera a palavra; pois o espírito subsiste em nós, enquanto a palavra, uma vez pronunciada, se desvanece. Nós sabemos que Cristo foi gerado «pela palavra de Deus vivo e eterno» (1Pe 1,23), nascida do Pai eternamente, de modo inexprimível, da mesma natureza que Ele: «No princípio existia o Verbo e o Verbo era Deus» (Jo 1,1). Palavra que contém a vontade do Pai e cria todas as coisas por Sua ordem; Palavra que desce e que volta (cf Is 55,11), [...] Palavra cheia de autoridade e que tudo rege, porque Jesus sabia que o Pai depositara nas Suas mãos todas as coisas (cf Jo 13,3).


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