quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Quarta-feira da XXII Semana do Tempo Comum - Lc 4, 38-44

“Tu és o Filho de Deus” Os evangelhos contêm uma linguagem riquíssima no que toca a definição de Jesus. Aqui é nos apresentado a cura da sogra de Pedro e, a realização de mais milagres por parte de Jesus. Neste evangelho, a grandeza de Jesus é tanta, que Ele é aclamado como “o Filho de Deus”. Este atributo é colocado na pessoa de Jesus, pois, é a partir destes milagres e curas que se vai reconhecendo a filiação divina de Jesus. Este atributo é um dos principais e que vai acompanhando Jesus ao longo da sua vida. Este é também o atributo dado pelo centurião romano, no momento da inspiração de Jesus na cruz. Pois, este atributo carrega em si, a assertividade da divindade filial de Jesus, pois, quando se afirma “Tu és o Filho de Deus” está-se a afirmar a fé naquele que atua como Deus, desta forma, este atributo pode ser também a primeira profissão de fé daqueles que viram e, assistiram a toda a vida de Jesus e, foram testemunhas deste momento. 

André Araújo

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Terça-feira da XXII Semana do Tempo Comum - Lc 4, 31-37

“Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!” Pelo evangelho conseguimos ver que Jesus gozava de uma certa autoridade social e até divina. Essa autoridade era dada pela sua presença nas sinagogas onde Ele ensinava e proclamava a palavra de Deus. Neste evangelho é nos colocado na presença de um homem possesso por um espírito, ao que Jesus expulsa esse demónio. Todo este relato é nos dado para que nós consigamos compreender a autoridade dada por Deus a Jesus, uma autoridade tal que é capaz de expulsar demónios. Esta ideia de “santo de Deus” coloca uma prerrogativa na autoridade de Jesus, pois o demónio ao afirmar isto está efectivamente a declarar que Jesus é Filho de Deus e, como tal só Ele é que é capaz de expulsar demónios.

André Araújo

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Segunda-feira da XXII Semana do Tempo Comum - Mc 6, 17-29

“Herodes tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e santo”. O evangelho deste dia convida-nos à meditação do martírio de João Baptista. Este era visto como justo e santo por parte do rei. Note-se que a geração do pecado não está em Herodes, mas na sua filha. Aqui, o rei vê João com medo, não que ele tivesse medo de alguma coisa de mal lhe acontecesse por parte de João, mas porque o rei acredita que a mensagem de João era sincera e verdadeira. Numa leitura mais profunda, João aparece como o profeta que proclama a vinda do Messias e, esta proclamação da vinda do Messias, era geradora de desconfianças e de conflitos. Também toda a pregação de João se centra não só, numa “pregação escatológica”, mas também numa pregação moral, pois, a partir do evangelho nós sabemos que João apelava a uma correta atitude moral e, foi esta pregação de uma correta ação moral, que levou João ao martírio.

André Araújo 

domingo, 28 de agosto de 2016

No XXII Domingo do Tempo Comum - Lc 14, 1. 7-14

“Quem se humilha será exaltado e, quem se exalta será humilhado” são estas as palavras que ecoam a quem escuta este evangelho. Note-se que Lucas tem uma particularidade, que nos ajuda a compreender este evangelho, pois Lucas é visto como o evangelho da misericórdia, desta forma, quando Jesus profere estas palavras está apelar ao leitor, que seja humilde na sua acção pessoal, não importando a sua condição ou estrato social, mas este olhar atento para quem mais necessita. Pois, o uso da parábola vai ao encontro disso mesmo. Jesus com essa parábola pretende dizer aos discípulos que o importante não é convidar quem tem de comer, mas convidar a quem não tem de comer. É a partir desta parábola que nós entendemos a missão de Jesus e, a missão que Jesus pretende transmitir aos seus discípulos, uma missão centralizada nesta busca de um olhar atente e misericordioso para quem mais necessita. 

André Araújo

sábado, 27 de agosto de 2016

Sábado da XXI Semana do Tempo Comum - Mt 25, 14-30

Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado.” O Evangelho de Mateus é na sua essência, o Evangelho das parábolas, aqui, Jesus pretende colocar em destaque cada um dos nossos talentos. O evangelista utiliza a linguagem “talentos” para designar algo de importância e, que como tal deve ser aproveitado e, quando mais ele é aproveitado mais ele deve crescer. A parábola vai efectivamente ao encontro disso. A presença dos números cinco, dois e um, nada mais é de que uma sequência concreta para nos dizer que, não interessa a quantidade dos talentos que cada um tem, mas sim a rentabilidade deles, pois, Deus dá a cada um, um talento, mas nós devemos fazê-lo render, na esperança de que este talento não seja só para nós, mas seja aproveitado e usado em prol de todos aqueles que nos rodeiam. 

André Araújo

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Sexta-feira da XXI Semana do Tempo Comum - Mt 25, 1-13

“Portanto, ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia, nem a hora”. Neste evangelho Jesus recorre à parábola para explicar efectivamente as suas intenções. Aqui a parábola tem a função de colocar o ouvinte em atenção sobre o que poderá acontecer. A “Cautela” aqui utilizada pretende mostrar que, na visão de Jesus, cada um deve estar à espera de algo. Provavelmente aqui pode-se tratar de um pré-anuncio sobre a vinda de algo ou acontecimento de algo. Jesus nas suas intervenções procura utilizar uma linguagem simples, mas que ao mesmo tempo se torna metafórica, numa tentativa de cada leitor possa discernir o encontro e a meta das suas palavras. O reino dos céus aqui é para todo aquele que é capaz de se colocar atento as palavras de Jesus, não que Jesus faça escolhas, mas Ele procura avisar cada um de que, tudo pode acontecer pois Ele é filho de Deus.

André Araújo

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Quinta-feira da XXI Semana do Tempo Comum

Um mês depois da Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia fica o testemunho na primeira pessoa do nosso enviado especial a terras polacas...

"A minha ida a Cracóvia nada mais foi do que a construção de um caminho. A essência da alegria despertou quando eu coloquei o pé em Cracóvia, quando fui humildemente recebido em Chelmek. Claro que todos os dias foram verdadeiros desafios, desde as demoradas viagens de comboios até às refeições, que de longe eram as que nós estávamos habituados. Mas a ida a Cracóvia não se tratou apenas de um momento cultura e de construção de identidade, a ida a Cracóvia foi também e, como já disse, uma construção de um caminho. Lá foi possível ver a génese de um Cristianismo juvenil que floreava à face de uma camada juvenil. Na minha opinião ali foi efetivamente possível entender o conceito de Cristianismo fora do lugar, ou seja, onde cada um é desafiado a manifestar aos outros estas ideia de “amor ao próximo”. Não obstante a ideia de um amor além-fronteiras, a JMJ constitui em mim, um novo desafio para que cada jovem, seja capaz de ver num rosto diferente, numa cultura diferente, este Cristo multicultural. Não se trata apenas de um Cristo que é meu, mas de um Cristo que é de todos. Esta construção de identidade foi feita graças ao testemunho que eu vi, em cada jovem, em cada olhar e, até em cada abraço. Lá fui capaz de ver jovens, com o mesmo ideal e, com o mesmo “ídolo”, este Jesus Cristo que nos é dado pelo amor de cada um!
Pois, em cada conversa, em cada troca de objetos e, em cada abraço, eu senti o verdadeiro Cristo em cada um! Talvez o encontro verdadeiro é no momento em que o Papa passa pelos jovens pois, foi possível ver aí, essa ânsia de um pequeno contacto visual com o Papa. Estes jovens que ansiavam este encontro eclodiu em mim, esta sensação de procura de Cristo e, do acolhimento a Cristo, naquele momento o tempo em mim parou, mas é uma paragem concreta, uma paragem em que se esquece tudo o que acontece à nossa volta. Mas eis que surge uma pergunta “Era mais importante ver o Papa ou sentir este amor de e para Cristo?” Ver o Papa é importante, mas ver e sentir em cada jovem esta procura do amor de e para Cristo é como o clímax da fé daqueles jovens, porque o caminho pode ser muito bem feito, mas a meta, quando é vista como uma conquista, todos os problemas neste caminho desaparecem e, ali a meta foi ver no Papa o testemunho verdadeiro do amor de Cristo para cada um de nós e, partir de cada um de nós este amor para Cristo. 
Por fim, não esquecer a vitória de uma conquista. Pois todos os caminhos feitos em Cracóvia foram como um caminho em direção ao calvário, na medida em que por dificuldades de infraestruturas foi difícil muitas vezes alcançar o nosso objetivo, mas mesmo tendo essas dificuldades foi possível, com a fé, chegar ao lugar pretendido. Que dizer mais? Que estas jornadas permitiram encontrar em cada jovem, este Jesus Cristo que é a nossa vida! Ver em cada rosto de cada jovem, um olhar misericordioso para com todos, detalhando em cada gesto um gesto de amor e de misericórdia."


André Araújo, 
enviado especial Ambasciatore Romano à JMJ 2016 de Cracóvia

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Quarta-feira da XXI Semana do Tempo Comum

“De onde me conheces?” Jesus tem esta particularidade de nos deixar despidos diante da nossa realidade, talvez por isso tenhamos alguma relutância em nos querer confrontar connosco próprios. Jesus conhece-nos muito bem, porque sabe bem quem nós somos e penetra os nossos interiores, mesmo as partes mais escuras. Na verdade, é para nós sempre um difícil exercício de nos confrontarmos com aquilo que de facto somos, com o que fazemos de errado. Diante de Jesus temos duas hipóteses: ou fugimos, não querendo ver os nossos terrenos pantanosos, e refugiamo-nos nas nossas revoltas, nos nossos orgulhos; ou assumimos o que somos e abrimos o nosso coração à Luz Cristo que ilumina as nossas cavernas tenebrosas dando lugar ao Amor, à Paz e à Concórdia. Será que estamos dispostos a esta abertura de coração?



jjmiguel 

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Terça-feira da XXI Semana do Tempo Comum

Oh se os mortais conhecessem o que é a graça divina, como é bela, nobre e preciosa, quantas riquezas encerra, quantos tesouros, quantas alegrias e delícias em si contém! Usariam sem dúvida toda a diligência, trabalhos e cuidados em procurar penas e aflições; andariam todos pelo mundo em busca de moléstias, enfermidades e tormentos, em vez de fortunas, para conseguir o inestimável tesouro da graça. Esta é a recompensa e o mais alto lucro da paciência. Ninguém se queixaria da Cruz nem dos sofrimentos que porventura lhe advêm, se conhecesse a balança em que são pesados para serem distribuídos pelos homens.


De Santa Rosa de Lima, virgem

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Segunda-feira da XXI Semana do Tempo Comum

Enriquecida de bens superabundantes, a Esposa, a Mãe do único Esposo, suave e agradável, cheia de delícias, como uma fonte dos jardins espirituais, como uma nascente de águas vivas e vivificantes que brotam torrencialmente do Líbano divino, desde o Monte Sião até às nações estrangeiras em redor, para toda a parte fazia derivar rios de paz e torrentes de graça celeste. Por isso, quando a Virgem das virgens era elevada ao Céu por Aquele que era o seu Deus e o seu Filho, o Rei dos reis, por entre a exultação dos Anjos, a alegria dos Arcanjos e a aclamação de todos os bem-aventurados, então se cumpria a profecia do salmista que diz ao Senhor: À vossa direita está a rainha, revestida com manto de ouro, resplandecente de beleza.



De Santo Amadeu de Lausana, bispo

domingo, 21 de agosto de 2016

No XXI Domingo do Tempo Comum

“Senhor, são poucos os que se salvam?” A questão da morte e da salvação é um problema existencial humano e que tem fustigado o Homem ao longo da sua História. O que é a morte? Será que existe vida para além da morte? O que é a vida eterna? O que é o mal? Porque é que existe o mal? Porque é que existe o sofrimento? São muitas e muitas as perguntas interiores que temos e que não temos resposta para directa para lhes dar. Há quem viva muito preocupado em dar essas respostas. Mas quem é que disse que tudo que ter resposta? O nosso racionalismo leva-nos a desfocalizar a nossa vida do essencial. Por isso toda a nossa vida é um mistério e por ser mistério somos chamados a dar resposta todos os dias a esse mistério. A nossa vida é revelação de Deus e por isso somos chamados a estarmos atentos no nosso modo de agir, no nosso modo de viver, no nosso modo de como peregrinamos nesta peregrinação. Vimos de Deus e para Ele caminhamos e somos todos chamados a este mundo a deixar a nossa melhor marca com a nossa vida. Por isso não nos podemos alienar dos problemas do Mundo e viver indiferentes como se nada tivesse a acontecer. Nestas horas é necessário o restabelecimento da paz mundial, de restabelecer os laços do Amor, para que possamos fazer já deste mundo, o mundo que há-de vir. Não nos preocupemos com estas questões interiores, somos chamados a pensar nelas, mas não somos chamados a desistir de um Mundo que precisa do teu Amor, do Amor de cada um de nós.

jjmiguel

sábado, 20 de agosto de 2016

Sábado da XX Semana do Tempo Comum

“Vós todos sois irmãos”. Quando leio estas palavras de Jesus no Evangelho remeto o meu pensamento para algum farisaísmo que existe na nossa Igreja. Não será que nós não temos muitas vezes este tipo de comportamentos que Jesus aponta aos escribas e fariseus? Eu penso que sim... Quando é que vamos entender que somos todos irmãos em Jesus Cristo, que não existem escravos, ou homens-livres, judeus ou gregos, cristãos ou muçulmanos, budistas e hinduístas, pretos ou amarelos, vermelhos ou caucasianos, porque todos somos filhos do mesmo Pai. Filhos amados pelo mesmo Pai, porque esse mesmo Pai nos chamou à sua obra Criadora. Vivemos muito de mestres, doutores, títulos e mais títulos mas tudo isso é justificado pelo Mestre dos mestres, Doutor dos doutores, por Aquele que possuí todos os títulos. Nada disto é nosso. A Igreja não é nossa, é de Deus, e não a podemos monopolizar como bem queremos, mas nos deixarmos guiar pelo sopro do Espírito Santo. Bem sei, que há muitos de nós que colocam em causa este sopro do Espírito Santo, sobretudo quando existem no interior da Igreja decisões importantes a tomar, mas é assim que deverá ser sentido e não de outra maneira. Por isso somos convidados hoje, a ter ideias claras: do que é a Igreja, em que Igreja acreditamos... Neste momento já chega de tanta crítica à Igreja, mesmo vindo do seu interior. Os problemas estão identificados e neste momento acho que não vale a pena continuarmos no discurso que os católicos são assim, ou de outra maneira, que os padres deviam fazer assim, ou de outra maneira... A quem passa a vida com criticas internas no seio da Igreja, exigiria soluções para essas críticas, a começar por mim próprio. Queremos todos que a Igreja mude, mas mudar o quê, se nada fazemos para mudar. Esta já não é a hora de apontar dedos, é hora de agir em conformidade com aquilo que nos diz a Doutrina e o Magistério da Igreja desde o Concílio Vaticano II. Entendo muito bem a emergência de alguns grupos que vivem o saudosismo do Concílio de Trento, mas seria necessário continuar o que nos disse o Concílio Vaticano II e pelo que conheço o “escancarar das portas” não foi a perda da dignidade pelo Sagrado e a perda de identidade cristã, bem pelo contrário. Chega de verborreias, é necessária acção, para que a Igreja possa continuar no mundo a sua verdadeira missão: levar a Boa Notícia do Evangelho a todos os confins da Terra...

jjmiguel

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Sexta-feira da XX Semana do Tempo Comum

“Qual é o maior mandamento da Lei?” A esta questão Jesus pura e simplesmente resume os Dez Mandamentos deixados por Deus a Moisés: amar a Deus e a amar o próximo. Significa por isso que Jesus aponta para o Amor como o expoente máximo de toda a vocação humana. Recordo as palavras de Sua Santidade, o Papa Francisco, na sua viagem de Roma para Cracóvia: “O Mundo está em guerra, porque perdeu a paz!” Palavras sábias e profundas do Santo Padre. Na verdade, perdemos a paz e vivemos uma guerra oculta. Uma guerra oculta onde reina a hipocrisia, onde reina um mundo feito de dissimulações e de teatralidades. Diria São Paulo para nos suportarmos uns aos outros... Neste momento todos nós andamos a suportar uns aos outros porque em última instância estamos a deixar cair por terra esse bem maior que é o Amor. Oiço e vejo tanta gente a falar e a encher a boca de Amor, mas actos de Amor onde estão? Tantos e tantas a falar dessa misericórdia, mas quando vejo um mundo de marginalizados e um fosso maior entre ricos e pobres cada vez maior, pergunto-me que raio de misericórdia é esta da qual andamos a falar? Amar a Deus, é amar os outros e amar os outros é amar a Deus; e amar é sair para fora para conhecer, para compreender e fazer do coração do outro, o meu coração. A verdade é que meus caros e minhas caras todas estas palavras neste momento já não passam disso mesmo: palavras, simples palavras. O mundo precisa de acção!

jjmiguel

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Quinta-feira da XX Semana do Tempo Comum

“Muitos são os chamados, mas pouco os escolhidos”. A Religião é este religar, o religar à nossa Origem. Por isso a Religião deve ser para o Homem significado de Paz e de Amor. E o Homem não pode viver sem Religião, ele é eminentemente religioso. Durante muito tempo existe um combate feroz silencioso numa tentativa de acabar com a Religião e retirar Deus da vida do Homem. Deus foi retirado da vida do Homem, certo é que o Homem vai ao seu encontro. Pergunto: se querem viver num Mundo sem Deus e sem Religião, então porque é que vão aos bruxos, cartomantes, mediun’s, astrólogos...? Aliás todos os dias de manhã nas nossas televisões é o que temos... Além disso, há uma outra questão: como  é que se professa uma Religião sem se conhecer a fundo os seus princípios? Simplificando: como é que se diz “eu sou muçulmano...” se depois não se vive nada do Islamismo na vida quotidiana? Como é que se diz “eu casei-me pelo Budismo” se depois não se vive nesse casamento os príncipios budistas na vida quotidiana? E o mesmo se passa no Cristianismo. Como é que se pode deixar o Cristianismo e ir para outras religiões se nem sequer conhecemos o Cristianismo? Ora uma das críticas que se tem feito à Igreja é que a Igreja não dá formação aos cristãos... Ao ouvir esta afirmação, entendo-a, mas só não consigo perceber porque é que quando a Igreja se abre a esse tipo de formação, os seus participantes, afinal, são aqueles que já conhecem minimamente o Cristianismo. Há dias ouvia na rádio que era necessária uma Biblia para crentes e não-crentes. Que significa isto? A Biblia só tem uma linguagem. A Palavra de Deus só tem um sentido e não os sentidos que lhe queremos dar, além disso querer ler a Biblia à luz da ciência será um bom exercício, mas é preciso que se chegue a alguma conclusão. Muito francamente, negamos Deus, porque não nos queremos confrontar com a nossa Verdade. Por isso, concordo com o Papa Francisco quando diz que “o mundo perdeu a paz”, porque em última instância a guerra que estamos a assistir é uma guerra que não é religiosa, mas que é contra a Religião. E desse modo seria útil que os líderes religiosos tomassem as devidas medidas para afrontar quem ainda acha que “a Religião é o ópio do Povo”.

jjmiguel

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Quarta-feira da XX Semana do Tempo Comum

“Estes últimos trabalharam só uma hora e deste-lhes a mesma paga que a nós”. A nossa lógica humana da recompensa. Em tudo queremos recompensas. E se isto já era no passado, dada a uma cultura judaica que vivia para o negócio, num mundo absorvido pelo capitalismo não estamos muito diferentes. São João Paulo II alertava, pouco tempo depois da queda do Muro de Berlim, para implantação de uma sociedade capitalista depois de se ter feito cair uma sociedade comunista. A verdade é que foi isso que aconteceu: saimos de uma sociedade atormentada pelo comunismo, para entrarmos numa sociedade monstruosa afogada num capitalismo e de um consumismo em que importa o ter. Cada vez mais escuto “eu tenho”, e menos “eu sou”. Mas afinal o que temos de facto? Colocamos muita importância nas coisas materiais, não nos conseguimos abstrair e viver com o essencial. Viver com o essencial. A qualidade de vida é isso mesmo, viver com o essencial. Não temos de viver na miséria, mas não temos de viver na luxúria. A verdade é que colocamos muita importância em coisas inúteis e complicamos a nossa vida e a vida dos outros. Passamos a vida em conflitos e achamos que todos têm alguma coisa contra nós e por isso a nossa resposta é a violência. Quantas famílias desunidas em conflitos quem em síntese são assuntos de “lana caprina”... Famílias essas que muitas vezes se dizem cristãs e até têm uma vida cristã normal. Em suma, se tivessemos Amor, não precisaríamos de recompensas.

jjmiguel

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Terça-feira da XX Semana do Tempo Comum

“Nós deixamos tudo para Te seguir. Que recompensa teremos?” A pergunta de Pedro é pertinente para um mundo que vive de negócios. A Religião não é negócio com Deus. Seguimos Jesus Cristo gratuitamente e sem esperar alguma coisa em troca. Quando nos colocamos ao serviço de Jesus Cristo, colocamos a nossa vida gratuitamente. É uma realidade que existem serviços que poderão ser remunerados e sinceramente não me oponho a tal. O problema é quando se deixa de viver Jesus Cristo na nossa vida em nome dessa remuneração. A Religião não é para ser uma profissão, é para ser vivida. Por isso eu pergunto: como é que se presta um serviço à Igreja, se não vivemos, se não acreditamos sequer e nem vivemos Jesus Cristo na nossa vida? O Sagrado é uma coisa muito séria, não é para ser banalizado. Podemos ser grandes profissionais da Religião, mas se não vivermos Jesus Cristo nas nossas vidas a partir do nosso interior de nada vale! Podemos ser “padres profissionais” mas se não vivermos na vida, se não meditarmos o Evangelho e prepararmos as homilias, somos debitantes de palavras. Podemos ser grandes organistas profissionais, mas se não houver o toque da fé nas teclas de nada vale sermos organistas. Podemos ser grandes cantores profissionais mas se não houver o toque da fé no canto de nada vale cantar em celebrações litúrgicas. Podemos ser grandes catequistas profissionais, entendermos “a potes” de pedagogia e psicologia, mas se não existir o toque da fé de nada vale as nossas catequeses. Podemos ser grandes decoradores e entendermos muito de decoração floral, mas se não houver o toque da fé de nada vale decorar a nossa igreja. Vivemos numa sociedade que espera recompensas por tudo e por nada, é verdade que o contexto assim influencia, mas não nos podemos deixar levar por modas. Há hoje por aí uma corrente de pensamento que acha que tem de existir formação laical dentro da Igreja e concordo com essa corrente, mas cuidado não se profissionalize o Sagrado e não se afogue o Sagrado numa tecnocracia, porque de tecnocratas estamos cheios.

jjmiguel

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Na Solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria

“Bendito é o fruto do teu ventre”. A Igreja hoje chama-nos a contemplar o dogma da Assunção da Virgem Santa Maria. Os cristãos acreditam que a Virgem Maria foi elevada ao Céu em corpo e alma pelo próprio Deus. Deus que em vida a perservou sem mancha, também na hora da morte, Deus persevou a sua alma das trevas da morte. Na verdade, não podia ser de outra maneira, Maria foi uma mulher como nós, o que nela se gerou é fruto do Espírito de Deus. No nosso corpo estão as nossas memórias profundas. Maria viveu uma vida em graça e Deus a quis perservar nessa graça na hora da morte. Deus humilhou-se nascendo de uma mulher, restituindo a dignidade à mulher. A mulher é o centro do acolhimento e o centro da expectativa. À mulher foi dada a graça de poder gerar a vida. Admirável sacerdócio... Haverá sacerdócio mais sublime do que gerar vida? Vivemos hoje muitas confusões... “mas sem confusão, nem separação”: o homem é para a mulher e a mulher para o homem e esta é a ordem natural da Natureza. O homem é chamado pelo matrimónio a ser “pai” e a mulher a ser “mãe”, pelos “filhos” que são resultado de uma união abrasada pelo Amor entre os dois. “O homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles erão uma só carne.” Mc 10, 7-8. Qual é a dúvida afinal? A dúvida é que existe uma demissão do verdadeiro papel do homem e do verdadeiro papel da mulher. A mulher deve amar o seu marido, e o marido deve amar a esposa. Qual é a dúvida? Desse Amor nascem os filhos e que são educados no Amor. Qual é a dúvida? O homem deve ajudar a mulher nas suas tarefas domésticas, mas não é escravo da mulher, nem “dona de casa”; bem como a mulher pode conduzir o carro; mas não é a motorista, nem a empregada da casa. O que assistimos hoje é a desvirtualização de todas estes conceitos e todas funções sociais que estão a cavar uma mina nesta sociedade até ao seu desabamento. Lembrar que Maria foi uma como nós, que acolheu no seu ventre o Filho de Deus e nela a Palavra se fez vida e habitou entre nós. Maria soube ser mulher, numa sociedade que pura e simplesmente excluía as mulheres. Se a morte de Jesus foi um escândalo para judeus e gregos, o nascimento não foi melhor. Como poderia uma mulher dar à luz o Filho de Deus? Deus passa toda a lógica humana e nem tudo na vida é ciência e um mais um pode não ser dois... Somos por isso chamados a contemplar e a meditar diante destes mistérios da nossa fé, porque se soubéssemos tudo não seriam mistérios e os mistérios de Deus não se esgotam.

jjmiguel

domingo, 14 de agosto de 2016

No XX Domingo do Tempo Comum

“Eu vim trazer o fogo à terra”. Ao ler Evangelho pensava como conseguimos ainda ter uma noção de vida cristã muito romanceada. Quando penso no fogo penso em todos os cristãos que hoje de uma forma ou de outra são perseguidos. Ainda pensamos que os cristãos são perseguidos em países longínquos e que nada se passa à nossa volta. Provavelmente temos cristãos perseguidos mesmo no interior da nossa própria sociedade e até quem sabe dentro da nossa própria Igreja. Em boa verdade, o Evangelho de Jesus é revolucionário, porque nos fala do mais frágil que há em nós que é a nossa capacidade de amar. Somos engolidos hoje por uma mensagem distorcida acerca do amor que nos leva para um amor erótico, concupiscente e isto porque vivemos hoje numa carência muito grande de Amor. Queremos ser amados a todo o custo, mas não nos deixamos amar, porque temos de medo de ser amados. A própria palavra “amar” nos causa vergonha e nos deixa constrangidos e isto porque estamos mergulhados em preconceitos e com a cabeça cheia de mitos e não conseguimos distinguir mais nada, porque os nossos mundos são a preto e branco. Amar vai muito além da genitalidade sexual. Fico espantado como uma sociedade tão livre, vive tão presa a coisas velhas. Será necessário falar de Amor, de sexualidade, de genitalidade, de moral, de ética, de valores... Mas ainda todos temos medo falar disso. Ainda é tabu... Se não conseguimos compreender o porquê de um homem ter dado a sua vida numa Cruz (que mal fez Ele...?), também não conseguimos perceber nada acerca do Amor. Afinal, somos todos meros aprendizes e maus alunos. O fogo de que Jesus fala não é o fogo da guerra é o fogo do Amor que deve abrasar o Mundo, é disso que precisamos e ansiamos.

jjmiguel

sábado, 13 de agosto de 2016

Sábado da XIX Semana do Tempo Comum

Como cantar os vossos louvores, valorosos irmãos? Como poderão as minhas palavras exaltar dignamente a vossa fortaleza de ânimo e a perseverança da vossa fé? Suportastes um duríssimo combate até à consumação da glória; e não cedestes perante os suplícios, mas foram os suplícios que cederam diante de vós. Não foram os tormentos mas sim as coroas do triunfo que puseram fim ao vosso sofrimento. Longe de quebrantar a firmeza da vossa fé, o tempo que durou a cruel dilaceração dos vossos membros permitiu-vos, pelo contrário, chegar mais depressa junto do Senhor.



De São Cipriano, bispo e mártir

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Sexta-feira da XIX Semana do Tempo Comum

Eu creio que isto aconteceu assim porque há outro martírio, o martírio de amor, com que Deus, conservando a vida de seus servos e servas para que continuem a trabalhar para sua glória, os faz ao mesmo tempo mártires e confessores. Creio que as Filhas da Visitação são chamadas a este martírio e que, por disposição divina, algumas delas o conseguirão se o desejarem ardentemente. Sede totalmente fiéis a Deus e experimentá-lo-eis. O amor divino lança a sua espada até ao mais íntimo e secreto das nossas almas e chega até nos separar de nós mesmos. Conheci uma alma a quem o amor separou de tudo quanto lhe agradava, como se um golpe dado pela espada do tirano lhe tivesse separado o espírito do corpo.



Das Memórias de Santa Joana Francisca de Chantal, religiosa

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Quinta-feira da XIX Semana do Tempo Comum

Feliz de quem pode gozar as delícias do sagrado banquete e unir-se intimamente ao coração de Cristo, cuja beleza os Anjos admiram sem cessar; cujo afecto atrai os corações, cuja contemplação nos reconforta, cuja benignidade nos sacia, cuja suavidade enche a alma, cuja lembrança nos inunda de luz suave, cuja fragância ressuscita os mortos, cuja visão gloriosa constitui a felicidade de todos os habitantes de Jerusalém celeste. Ele é o esplendor da luz eterna, o espelho puríssimo da acção divina. Olha continuamente para este espelho, rainha e esposa de Cristo; contempla nele o teu rosto e procura adornar-te interior e exteriormente com as mais variadas flores das virtudes e com as vestes formosas que convêm à filha e à esposa castíssima do Rei dos reis.


De Santa Clara, virgem

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Quarta-feira da XIX Semana do Tempo Comum

A Igreja Romana convida-nos hoje a celebrar o triunfo de São Lourenço, que, desprezando as ameaças e as seduções do mundo, venceu a perseguição do demónio. Exercia nessa Igreja de Roma, como sabeis, as funções de diácono. Aí administrou o sagrado Sangue de Cristo; aí derramou o seu sangue pelo nome de Cristo. O bem-aventurado apóstolo São João expôs claramente o mistério da Ceia do Senhor, dizendo: “Como Cristo deu a sua vida por nós, também nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos”. Assim compreendeu São Lourenço; assim o compreendeu e realizou: o que tinha recebido naquela mesa, isso mesmo ofereceu. Amou a Cristo na sua vida, imitou-O na sua morte.


De Santo Agostinho, bispo

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Terça-feira da XIX Semana do Tempo Comum

Contudo a cruz não é um fim em si mesma: ela eleva-nos para as alturas e revela-nos as realidades superiores. Por isso ela não é somente um símbolo; ela é a arma poderosa de Cristo; é o cajado do pastor com que o divino David sai ao encontro de Golias infernal e com o qual bate fortemente à porta do Céu e a abre. Então brotam as torrentes da luz divina que envolvem todos aqueles que seguem o Crucificado.


De Santa Teresa Benedita da Cruz, virgem e mártir

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Segunda-feira da XIX Semana do Tempo Comum

O seu lado foi aberto, como o de Adão; mas em vez da mulher, que com o seu erro gerou a morte, brotou dele uma fonte de vida que vivifica o mundo com dois rios: um deles renova-nos no baptistério e reveste-nos com a túnica da imortalidade; o outro alimenta na mesa divina os que renasceram pelo Baptismo, como o leite alimenta os recém-nascidos.


De Teodoreto de Ciro, bispo

domingo, 7 de agosto de 2016

No XIX Domingo do Tempo Comum

Movido pelo mesmo amor, quisestes oferecer gratuitamente ao género humano a reconciliação convosco; e por isso nos destes o Verbo, o vosso Filho Unigénito, para que Ele fosse o advogado e medianeiro entre Vós e os homens. Ele foi a nossa justiça, levando sobre Si e castigando em Si todas as nossas injustiças e iniquidades, pela obediência que Vós, eterno Pai, Lhe impusestes, ao decretar que Ele assumisse a nossa humanidade. Oh incomparável abismo de caridade! Haverá coração tão duro que fique insensível e não se comova, ao ver como a sublimidade divina desceu à profunda baixeza da nossa condição humana?


De Santa Catarina de Sena, virgem

sábado, 6 de agosto de 2016

Sábado da XVIII Semana do Tempo Comum

“E eles ficaram cheios de medo”. O medo, o nosso medo. O medo é algo que nos retira a paz. E necessitamos de paz. Escrevo exactamente no dia em que na Igreja de Saint-Étienne-du-Rouvray foi assassinado um sacerdote enquanto celebrava missa, enquanto foram feitos reféns, por dois homens, membros do auto-proclamado Estado Islâmico. A nossa resposta é a repulsa, é a revolta e toda uma quantidade de sentimentos que nos saltam perante colossal barbaridade. No entanto, achamos que nada disto tem lógica e que nada justifica tal ataque hediondo. A história e a memória justificam... Estamos perante uma Europa que esqueceu o seu passado e que nunca pensou que a história fizesse um dia justiça. Os tempos que vivemos são exactamente de julgamento da história, sobre erros e erros cometidos por parte da Europa e do Ocidente. Porém a Europa não tem capacidade de resposta. Em primeiro lugar porque a Política vive na subserviência da Economia dissolveu-se por uma Liberdade populista (o poder caiu na rua...); em segundo lugar porque a Indiferença é norma na mentalidade europeia. A Europa necessita de Estado. A Europa de necessita de Ordem. A Europa não precisa de socialismos populares, nem de anarquias, porque, ao que parece existe quem defenda a anarquia e até se deleite com o ataque a uma igreja paroquial que ceifou a vida a um sacerdote. Todos vivemos com medo da ressurreição de Hitler, de Mussolini, de Franco, Salazar... Pois eu temo a ressurreição destes senhores, mas temo também a ressurreição de Lenine, Estaline e outro quantos ditadores de extrema-esquerda. A Europa vive de líderes parolos que passam a vida a lamentar e a criticar, numa verborreia sem fim. Já não precisamos de criticas, nem de análises, precisamos de soluções. Ora, essas soluções os líderes europeus não as têm, porque não têm força, porque estão todos submetidos todos à Economia. Sim, por momentos tenho o saudosismo de uma Europa de Richelieu, de Napoleão, de Churchill, porque para mal ou para bem estes homens pensaram e idealizaram uma Europa. A Europa não pode esquecer a sua identidade histórica alicerçada na Cruz de Cristo. Durante muito tempo os reis e os líderes europeus colocam nos seus brasões de armas exactamente essa Cruz. A Europa actual anda a retirar a Cruz dos seus símbolos nacionais. Aliás, a Cruz foi retirada da vida europeia... O problema é que da Cruz retirada, emerge agora o Quarto Crescente como símbolo europeu, bem como outros símbolos de religiões esotéricas e paganizadas. Além de outras religiões orientais que são interpretadas segundo o nosso belo prazer e para nosso deleite, porque essa vivência de religião terá muito pouco. Todos nos tempos de nos confrontar com a nossa verdade e não fugir dela e temos medo disso mesmo. E passamos a vida em buscas e a desperdiçar energias, quando todas as respostas se encontram em nós e na nossa relação com Deus e Jesus Cristo. Se o Cristianismo deixou de ter influência é porque os Cristãos também não são testemunho de Cristo. Precisamos de Cristãos que falem de Jesus Cristo. Precisamos de Cristãos que em vez de falarem mal da Igreja, do Papa Francisco, ou de outro tipo de cuscovilhices e conversas de corredor falem de Jesus Cristo... O tempo que falam mal de uma Igreja que vive do poder, de uma Igreja burocrática, de uma Igreja pecadora, falem de uma Igreja de Jesus Cristo. Saberão falar de uma Igreja de Jesus Cristo? Somos uma Europa triste, de europeus tristes...


jjmiguel

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Sexta-feira da XVIII Semana do Tempo Comum

“Que poderá dar o homem em troca da sua vida?” A pergunta de Jesus é profunda e implica uma outra pergunta: que sentido tem a vida do homem? No fundo desta questão está outra pergunta: que sentido tem a nossa vida? Tantas e tantas vidas que hoje se encontram sem sentido, mesmo aquelas que parecem ter sentido. Somos muitas vezes ofuscados por imagens e aparências que fogem à realidade. Tanta pobreza envergonhada que existe por esse mundo fora e nós muitas vezes pensamos o contrário. Tanta gente que vive a sofrer, mas tem vergonha de dizer que sofre, porque no fundo tem vergonha de dizer que quer amar e que quer ser amado(a). Não nos fiquemos apenas por imagens, seria importante que olhássemos nos olhos de cada um e de cada uma que se cruz connosco na rua e soubéssemos ler no seu olhar o que se passa no seu interior. O problema é que muitas vezes somos mergulhados para as ideias pré-concebidas. Ora, Jesus não veio dar a Sua vida pelos que já têm tudo (ou pensam ter tudo...), Jesus veio exactamente para os pobres, para os pecadores, para os marginalizados, para aqueles que não têm nada... Somos por isso chamados ao sentido último da nossa vida que é dar... Dar Amor, dar Vida, proclamar o Ano da Graça do Senhor no coração de cada um e de cada uma que encontramos na rua e nos nossos ambientes. Assusta-me muitas vezes a forma como os cristãos dão testemunho deste ano de graça. Tenho muitas vezes a sensação que proclamam no coração dos outros o ano da desilusão, da guerra e do conflito... Será isso ser cristão? Será isso a imitação de Jesus Cristo, Nosso Mestre e Senhor?


jjmiguel

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Quinta-feira da XVIII Semana do Tempo Comum

“Não tens em vista as coisas de Deus, mas as dos homens”. A frase entra no contexto em que Pedro se lembrou de contestar Jesus porque este tinha dito que iria sofrer muito às mãos dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas. Nós não percebemos a lógica de Deus, porque vivemos muito centrados e agarrados aos bens deste mundo. Nunca será demais lembrar que o tempo e o espaço deste mundo é mera passagem no nosso caminho para a nossa casa definitiva. Somos parte de um projecto e de uma missão que Deus tem para nós e isso responsabiliza-nos diante dos outros e diante de Deus. Somos responsáveis uns pelos outros, não podemos viver de costas voltadas, como se nada tivesse a acontecer. Vivemos um tempo em que parece que cada vez mais somos levados a viver numa alienação do que verdadeiramente se passa. Acaso são organizados eventos e mais evantos; festas e mais festas; inclusivamente até inventam tecnologia para nos distraír e nos ofuscar com o essencial da nossa vida. Num tempo em que podemos estar a disfrutar do tempo de férias, seria importante que esse tempo fosse mesmo de férias e de quebras de rotinas para que nos possamos concentrar no essencial que é a nossa vida e a vida do mundo. Que importância temos nós para a História do Mundo? Como podemos nós virar a página na História Mundial? Podemos, se quisermos de coração...


jjmiguel

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Quarta-feira da XVIII Semana do Tempo Comum

“Faça-se como desejas”. Jesus parece estar relutante em atender esta mulher cananeia. Mas ela insistiu, persistiu e não desistiu, e Jesus acabou por atendê-la ao seu pedido. Este trecho evangélico faz-me pensar na nossa falta de oração, ou até na inexistência da nossa fé ao rezarmos. Não podemos continuar a rezar conjuntos de orações devocionais e tradicionais para nos dirigirmos a Deus. A nossa oração tem de ir muito mais além disso. A nossa oração tem de constituir um diálogo, uma relação viva entre nós e Deus. Fazer que Deus também possa participar na nossa vida. Se nos acontece alguma coisa, ou se estamos a passar uma fase menos boa na nossa vida, já parámos para perguntar a Deus o que Ele acha acerca desse assunto? Muito provavelmente, até Lhe perguntamos, o problema é que a resposta muitas vezes não é aquela que queremos ouvir. Mas Deus não é feito à nossa medida, nem feito para escutarmos o que queremos ouvir. Deus é verdade e a verdade de Deus pode não ser a verdade que nós desejamos muitas vezes. Abrir o coração a essa verdade é um exercicio que convirá ao nosso espírito. Possamos abrir o coração a Deus e à Sua verdade, não deixemos que o nosso coração se torne gelo perante o sofrimento e a dor, mas que se torne fogo vivo do Amor de Deus.


jjmiguel

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Terça-feira da XVIII Semana do Tempo Comum

“Porque duvidaste?” Homens de pouca de fé, porque duvidais? Porque duvidamos que este mesmo Jesus Cristo continua connosco na nossa vida? A fé é incerteza na certeza de que o silêncio de Deus é a sua mão de Amor que nos sustenta. Tudo queremos controlar e nada controlamos porque nada nosso, nem a nossa própria vida é nossa, mas de Deus. É um acto de altíssima soberba e orgulho pensarmos que podemos comandar a nossa própria vida, mas é um acto de grande humildade e de desprendimento pensarmos que toda a nossa vida é dádiva e graça Daquele que tudo pode, por isso tudo podemos Naquele que nos conforta. Procuramos refúgio, e que refúgio melhor podemos encontrar senão nas próprias mãos de Deus. Na vida muitas vezes parece que Deus faz silêncio, mas muito provavelmente nesse silêncio Ele leva-nos nos seus braços, porque nos está a proteger do vento frio. Coragem e confiança, Ele está convosco...


jjmiguel

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Segunda-feira da XVIII Semana do Tempo Comum

“Partiu os pães”. Jesus partiu os pães e os discipulos distribuiram pela multidão que estava em torno a Jesus. Uma multidão que estava com fome e com sede. Todos ficaram saciados no final. O evangelho remete-nos para um multiplicação de pães que na verdade não existiu, porque essa multiplicação se fez através da partilha do que cada um tinha. A partilha e a comunhão são duas palavras que neste inicio do mês de Agosto são sublinhadas. Num mundo em que anseia por uma mudança de página na sua História, por onde brotam tantas e tantas tentativas de revoluções frustradas, eis a Revolução que ainda ninguém conseguiu fazer e que está ao nosso dispôr: a Revolução da Partilha e de Comunhão. A bem dizer, a Revolução do Amor. Passamos a vida a querer combater a pobreza, a fome, a guerra... Mas como seria o Mundo se todos nós partilhássemos um pouco de nós mesmos em favor dos outros. Dar de graça o que de graça recebemos. Neste dia possam as palavras de Jesus ressoar no nosso coração: “Dai-lhes vós de comer...”


jjmiguel