domingo, 11 de dezembro de 2011

Quem é o "Espírito Santo"?

O Espírito Santo é a terceira pessoa da Santíssima Trindade e é da mesma grandeza divina que o Pai e o Filho. [243-248, 263-264]

Devemos a descoberta, em nós, da realidade de Deus à acção do Espírito Santo. Deus enviou "aos nossos corações o Espírito de Seu Filho" (Gl 4, 6), para Ele nos aperfeiçoar totalmente. O cristão encontra, no Espírito Santo, uma alegria profunda, uma paz e uma liberdade interiores. "Vós não recebestes um espírito de escravidão para recair no temor, mas o Espírito de adopção filial, pelo qual clamamos: "Abbá, Pai!" (Rm 8, 15) No Espírito Santo, que recebemos o Baptismo e na Confirmação, podemos chamar "Pai" a Deus.


YOUCAT, nº 38, 2011

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A caminho do Natal 2011

Durante uma refeição escutava um amigo e contava-me que no tempo dele durante a noite de Natal ele esperava pelo Menino Jesus que lhe trouxesse os presentes. Este meu amigo tem 83 anos de idade.

Por seu turno, nessa mesma refeição, escutava um outro amigo que acabou por contar que já não esperava o Menino Jesus, mas esperava o Pai Natal na noite de Natal que lhe trouxesse os presentes. Este meu amigo tinha 28 anos.

Entretanto, um outro meu amigo, nessa refeição contava que não acreditava que o Menino Jesus e o Pai Natal trouxessem os presentes. Nem acreditava em nada. Mas, na verdade, a Leopoldina e a Popota eram as suas referências no Natal. Este meu amigo tinha 15 anos.

Durante este diálogo que se gerou à mesa, reflectia.

Na verdade, a caminhar para celebrarmos o aniversário do Nascimento de Jesus Cristo, o que é que esta sociedade já profundamente secularizada, que anseia por Deus, mas que O rejeita da sua vida, vai celebrar no dia 25 de Dezembro de 2011? Certamente não será a Popota e a Leopoldina? Porque enquanto há uma dimensão de Sagrado e Espiritual, no Nascimento do Filho de Deus, afinal, que dimensão tem a Popota e a Leopoldina senão uma dimensão de consumo capitalista filantrópico burgueso-maçónico?

O Sagrado é banido, mas ansiamos por ele como pão para a boca...


josé miguel

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Entregue à sorte...

Tudo permanece igual. As manifestações e as pseudo-revoluções sazonais. Um Governo que vive no limbo (o PS faria exactamente igual).Um país a duas velocidades: o país do desemprego e da pobreza envergonhada; e o país do "deixa andar".

Valha-nos o Fado, que se não fosse o Dr. Rui Vieira Nery, tudo ainda seria uma utopia. Honra lhe seja feita. A gritaria da Imprensa, que de tudo faz espalhafato. E percebe-se porquê...

E venha de lá essa Leopoldina e a Popota, porque o Menino-Jesus, é para os Católicos, e o Pai-Natal foi uma invenção da Coca-Cola! Então o que se celebra no Natal?

A um mês de terminar 2011, Portugal, encontra-se como o resto do Mundo: entregue à sua sorte.



josé miguel

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Palavras para os dias de hoje

Todos os santos encontraram um tesouro nos caminhos da vida: Jesus Cristo. Ao encontrá-lO, deixaram tudo o que possuíam (a vizinhança de pais, irmãos e amigos, casa, campos, etc.) para adquirirem esse tesouro.

Um tesouro que não os distrai em açambarcamentos de riquezas materiais, mas os mantém alerta e de lâmpadas acesas, à espera que se esgote o tempo que Deus lhes deu, enriquecendo-se entrementes com obras de amor, paz, solidariedade...

Jesus insiste com outro alerta acerca do principal na vida: "Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro se, depois perde a sua alma?" (Mt 16, 25)


Pe. Agostinho França, ssp

in revista Família Cristã, Novembro 2011, pág. 5

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Acerca de uma amiga...

Durante uma conversa, fiquei a saber que uma minha amiga estava internada num hospital, devido a uma anorexia que lhe foi diagnosticada. Reflecti e pensei em escrever e partilhar aqui alguns desabafos sobre esta matéria.

Todos fazemos ouvidos de mercador, quando um adolescente sofre. Porque achamos que aquilo é coisa de adolescente e que está a passar a "fase da gaveta". O problema é que a "fase da gaveta" não pode ser minimizada pelo preconceito social. E isso hoje é uma realidade.

Quando nos cruzamos com este tipo de patologias, normalmente procuramos saber quais as causas e as consequências. Na verdade, pensamos só nas consequências, porque nas causas, é mais dificil, porque para isso temos de apontar culpas. E de facto há culpas...

Nestes últimos tempos temos sido confrontados, cada vez mais com este tipo de patologias. E a Sociedade dá desculpas, quando a culpa está na própria Sociedade e somos todos culpados. Começa nos mais velhos e desce aos mais novos. Se o exemplo não vem de cima, como será por baixo?

Na verdade, a anorexia, bulimia, leva-me mais longe, e faz-me falar de bulliyng, de adolescentes cada vez mais agressivos, suícidio na adolescência, violência no namoro... E, na verdade, tudo isto é perceptível, quando analisamos as relações humanas entre as pessoas actualmente. Há dois termómetros que nos dizem o estado da temperatura social: a Família e o conceito "Amor".

Pergunto eu: o que se espera de uma sociedade que despreza a Família, quando esta é a primeira escola? E o que se espera de uma sociedade que tem medo de dar e receber Amor?

A este propósito, e como quem não quer a coisa, como podemos afirmar que Deus não está presente na sociedade, se o expulsamos constantemente da sociedade.

Se rejeitamos Deus, rejeitamos o Amor, porque Deus é Amor. Mas temos medo de amar...

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

De que modo Deus é "Pai"?

Veneramos Deus, antes de mais, por ser Pai, porque Ele é o Criador e Se encarrega das suas criaturas cheio de amor. Além disso, Jesus, o Filho de Deus, ensinou-nos a considerar o Seu Pai como nosso Pai, e a abordá-l' O mesmo como "Pai nosso. [238-240]


Diversas religiões pré-cristãs conheciam já o título divino de "Pai". Antes de Jesus, Deus já era abordado em Israel como Pai (Dt 32, 6; Ml 2, 10), e sabia-se também que Ele era como uma Mãe (Is 66, 13); o pai e a mãe representam, na experiência humana, a origem e a autoridade, a protecção e o sustento. Jesus mostrou-nos como Deus é realmente Pai: "Quem me vê, vê o Pai." (Jo 14, 9) Na parábola do filho pródigo (Lc 15, 11-32), Jesus toca no profundo desejo humano de um Pai misericordioso.


YOUCAT, nº 37, 2011

sábado, 29 de outubro de 2011

Non abbiata paúra!!!

Beata Chiara Luce Badano - 29 de Outubro de 1971






“Não tenhais medo de assumir as vossas responsabilidades: a Igreja tem necessidade de vós, precisa do vosso empenho e da vossa generosidade; o Papa tem necessidade de vós e, no início deste novo milênio, pede-vos que leveis o Evangelho pelas estradas do mundo.”

(Beato João Paulo II)

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Uma metáfora

O cenário avistado na Alameda D. Afonso Henriques, bem perto da Fonte Luminosa, em Lisboa, é uma metáfora da vida do país. Duas crianças a brincar nos baloiços do parque infantil e mesmo ali ao lado estão dezenas de idosos a jogar às cartas sentados nas mesas ou em pé a ver os trunfos dos outros. O desequilíbrio entre o número de gente jovem e mais velha está diante dos olhos de todos. Uns e outros avistam-se mas não se misturam. Cada um está no seu mundo, na sua vida, no seu mundo. Real ou faz de conta.

Sílvia Júlio, in Revista Família Cristã, Outubro 2011, pág. 29

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Da Carta a Diogneto

Os cristãos não diferem dos demais homens pela terra, pela língua ou pelos costumes. Não habitam cidades próprias, não se distinguem por idiomas estranhos, não levam vida extraordinária(...) Mas habitando, conforme a sorte de cada um, cidades gregas e bárbaras, é acompanhando os usos locais em matéria de roupa, alimentação e costumes, quer manifestam a admirável natureza da sua vida, que todos reputam extraordinária. Habitam as suas pátrias, mas como estrangeiros(...) Tudo suportam(...) casam-se e procriam, jamais lançam fora o que geraram(...) Vivendo na carne, não vivem segundo a carne(...) O que é a alma no corpo, são os cristãos no mundo: como por todos os membros do corpo está difundida a alma, assim os cristãos por todas as cidades do universo(...) habitam no mundo, mas não são do mundo...



FOLCH GOMES, pág. 110, "Carta a Diogneto", in Carlos Verdete e Senra Coelho, "História da Igreja: das origens até o Cisma do Oriente (1054), vol I, Ed. Paulus, Lisboa, 2009, pág. 143

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Pode descobrir-se que Deus é trinitário pela simples lógica?

Não. A Trindade de Deus é um mistério. Só através de Jesus é que a descobrimos. [237]


O ser humano, com as capacidades da sua razão, não consegue atingir Deus. Ele reconhece, todavia, a razoabilidade deste mistério ao aceitar a Revelação de Deus em Jesus Cristo. Se Deus fosse só e solitário, não poderia amar desde toda a eternidade. Iluminados por Jesus, encontramos sinais da Trindade de Deus já no Antigo Testamento (por exemplo em Gn 1, 2; 18, 2; 2Sm 23, 2) e até em toda a Criação.


YOUCAT, nº 36, 2011

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A propósito das imagens da criança chinesa

Levantou-se, então, um doutor da Lei e perguntou-lhe, para o experimentar: «Mestre, que hei-de fazer para possuir a vida eterna?»Disse-lhe Jesus: «Que está escrito na Lei? Como lês?»
O outro respondeu: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.»Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem; faz isso e viverás.»
Mas ele, querendo justificar a pergunta feita, disse a Jesus: «E quem é o meu próximo?»Tomando a palavra, Jesus respondeu:
«Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que, depois de o despojarem e encherem de pancadas, o abandonaram, deixando-o meio morto. Por coincidência, descia por aquele caminho um sacerdote que, ao vê-lo, passou ao largo. Do mesmo modo, também um levita passou por aquele lugar e, ao vê-lo, passou adiante.
Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão. Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo: ‘Trata bem dele e, o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar.’Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?»
Respondeu: «O que usou de misericórdia para com ele.» Jesus retorquiu: «Vai e faz tu também o mesmo.»


Lucas 10, 25-37

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Uma alegria estranha...

Na fluidez do dia de ontem, a notícia ia chegando, ao mesmo tempo que ia sendo comentada e transmitida de boca em boca que Muammar Khadafi tinha sido morto.Quantos e quantos não desejaram este dia... quer líbios, quer mesmo a comunidade internacional?

Compreendo a angústia vivida durante anos, por um povo que estava sujeito, às loucuras de um homem, que afinal, é como todos os outros: amava o Poder!

Ainda assim, condeno o assassinato de Muammar Khadafi. A vida é um bem essencial a todo o ser humano, seja esse homem bom ou mau. Havia outros métodos, talvez até mais eficientes que este. Para que serve o Tribunal de Haia? E os assassinos de Muammar Khadafi, o que lhes vai acontecer?

A nossa dita, sociedade civilizada e democrática, em pleno séc. XXI, comporta-se tal e qual como nos tempos da Inquisição ou das Cruzadas.

Desde o ínicio, que acompanho, a revolta líbia, pela imprensa. E uma questão me tem assaltado: que legitimidade tem os EUA, NATO, e outros Senhores da Guerra para invadirem um território, que não lhes pertence, e começar aos tiros? Entre outras questões... Porque, para estes Senhores da Guerra, impôr a democracia é um sinal de civilização. Mas a civilização e a cultura de um povo não provém da democracia, nem muito menos é imposta. Tenho curiosidade para ver as cenas dos próximos capítulos na Líbia. E tenho a impressão que já vi este filme, algures por aí...

E não podia deixar de comentar e condenar a falta de ética jornalística que ontem se pôde assistir ao longo do dia. Onde estava o Código Deontológico dos Jornalistas? Mas quando a crise aperta vale tudo...

josé miguel

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Acerca do momento presente

Nestes últimos dias gerou-se uma onda de contestação não só em Portugal, mas à escala global. De tal maneira, que quem não estiver com a Revolução, não está na moda. E este é um problema. As revoluções não são modas. As revoluções acontecem por espontânea vontade popular, não porque outros querem e instigam o Povo a vir para a rua. Nada do que se está a passar é semelhante a um Maio de 68, ou Abril de 74. E essas foram revoluções que partiram da espontânea vontade popular. Em boa verdade, havia uma Europa rejuvenescida, e em que Brigadas do Reumático tinham que cair, porque em boa verdade, os antigos regimes caíam de velhos.

Hoje, a Europa, e neste caso Portugal, não vive esse tempo. Na verdade, há um modelo de Regime que terá que cair, e uma nova geração terá que ser resposta a esse novo modelo. E aqui é o epicentro do problema. Não existe em Portugal, nem na Europa, uma geração consciente que é preciso fazer cair um novo modelo de Regime. Uma geração que "agarre o touro pelos cornos". Por outro lado, faz falta sangue novo para que se possa suceder uma Primavera Europeia, à boa maneira árabe. Porque por este andar a "Geração à Rasca" é um caso perdido. Não temos que ser saudosistas, nem imitar nada nem ninguém, porque os factos sucedem-se, não porque se pressione para fazer acontecer, mas porque o Povo quer que aconteça.

Além disso, como já terei dito anteriormente, a nossa geração tem um problema em mãos (tal como em 1974, e eles conseguiram resolver porque lutaram com as armas que tinham, porque agarraram o touro pelos cornos) e/ou agarramos o touro, com o momento presente (e deixarmos a histeria jornalística), com as armas do presente, ou então não vale a pena sequer começar...


josé miguel

domingo, 16 de outubro de 2011

A propósito da crise

Que esta (...) é a ordem de Deus; e estou persuadido de que não há para vós maior bem na cidade do que esta minha obediência a Deus. Na verdade, não é outra coisa o que faço nestas minhas andanças a não ser persuadir a vós, jovens e velhos, de que não deveis cuidar do corpo, nem das riquezas, nem de qualquer outra coisa antes e mais do que da alma , de modo que ela se torne óptima e virtuosíssima; e de que não é das riquezas que nasce a virtude, mas da virtude nascem a riqueza e todas as outras coisas que são bens para os homens, tanto individualmente para os cidadãos como para o Estado.


in Platão, Apologia de Sócrates

sábado, 15 de outubro de 2011

Santa Teresa de Ávila

Santa Teresa (1515-1582), natural de Ávila (Espanha), entrou no Carmelo com vinte anos e teve uma vida marcada pela santidade e profunda espiritualidade. Sentiu-se impulsionada e dar ínicio a uma grande reforma nos numerosos Carmelos de Espanha e enfrentou com coragem as dificuldades provindas desse ofício. Morreu em 1582, com 67 anos de idade, passando à história como Teresa, a grande. Por causa dos seus profundos ensinamentos espirituais deixados como herança doutrinal à Igreja, foi proclamada doutora da Igreja.

in Litúrgia Diária, Ed. Paulus, 2011

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Viver sem memória...

Há poucos dias, ouvia dizer que havia determinados simbolos, determinadas tradições, assim como, uma certa memória que já não fazia mais sentido existir. Ao fim ao cabo, deduzi que esta pessoa defendia o fim da História e o fim da Memória. Um pensamento típico, para uma sociedade, que quer viver sem memória.

Na rua ouvimos declarações, por parte da geração mais jovem: "Estudar História para quê?" Logicamente, que a resposta será: "Para estudar o passado!" Mas não ficando contentes com a resposta, replicam: "Para que me interessa o passado? O que importa é viver o presente..."

Na verdade, é esta a sociedade que estamos a formar à nossa mão. Uma sociedade que esquece o passado. Se esquece o passado, como pode viver o presente? Como posso saber quem sou no presente, se me esqueci do dia de ontem?

Uma sociedade que viva sem Memória, é uma sociedade em alienação total, do que se passa à sua volta. E isso interessa... sobretudo ao Poder!

Viver numa sociedade, sem compreender de onde veio e para onde vai, é como um boi a olhar para um palácio.

E em boa verdade, convém apagar-se o passado. Porque no preconceito social, os historiadores são aqueles que vivem encovilados dentro das velharias. Quem faz afirmações destas, fala de si próprio, pois vive alienado do mundo, encovilado no seu mundo.

A História é de um presente, de um hoje! E o Passado jamais poderá ser apagado, ainda que exista factos e acontecimentos que quisessemos apagar. Mas teremos de saber viver com esses factos.

A nossa vida é feita de memória: positiva ou negativa! Saibamos viver com ela...

josé miguel

terça-feira, 11 de outubro de 2011

De ânimo leve...

Dias após as eleições na Madeira, os resultados já esperados...

O Dr. Alberto João Jardim ganhou com maioria absoluta. E, sinceramente, há uma linguagem que os agentes políticos têm de aprender na política: ser, ou estar na política, é estar no meio do Povo, sentir o pulsar o Povo. E o que irrita a politica-politiqueira do continente é que o Dr. Alberto João Jardim, sabe isso muito e tira proveito disso. Facto que em Portugal, já há muito tempo isso é uma miragem...

Também não vejo com bons olhos, o buraco financeiro colossal da ilha. Assim como, também não vejo com bons olhos os buracos, buraquinhos e buracões que este país arrasta à alguns anos. E aí, não é só o Dr. Jardim o responsável. Há mais...

Mas isso, já não importa falar, porque já não vende jornal, nem audiências na TV...

Quando olho para tudo isto, vejo que existe uma enorme histeria, iniciada em grande parte por uma imprensa jornalística, também ela em crise financeira, e que qualquer tema/assunto é empolgado aos extremos.

No entanto, ainda não podemos inventar factos, pessoas... Ou será que podemos?

sábado, 8 de outubro de 2011

Acabou-se o dinheiro!

"Como afirmou Cavaco Silva, vivemos "o fim das ilusões". A maioria do país caiu, por fim, na dura realidade que muitos, não obstante, recusam ainda admitir. É destes, os que ainda pensam que que os fundos não têm fundo, que se ouve ao longe a reivindicação do aumento, do subsídio, do prémio. Apesar desta evidência triste mas extraordinariamente simples: Acabou-se o dinheiro!"


Henrique Monteiro, in "Expresso", 08/10/2011, pág. 40

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Cremos num Deus ou em três deuses?

Cremos num Deus em três pessoas. "Deus não é solidão, mas perfeita comunhão." (Bento XVI, 22.05.2005) [232-236, 249-256, 261, 265-266]


Os cristãos não adoram três deuses diferentes, mas um único Ser que dsabrocha em três, permanecendo, contudo, um. Que Deus seja trinitário sabemo-lo por Jesus Cristo: Ele, o Filho, fala do Seu Pai que está no Céu ["Eu e o Pai somos um" (Jo 10, 30)]. Ele ora ao Pai e concede-nos o Espírito Santo, que é o amor do Pai e do Filho. Por isso, somos baptizados "em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mt. 28, 19)


YOUCAT, nº 35, 2011

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Uma homenagem em 05 de Outubro...




"Em consequência dos acontecimentos, e também como já vimos monsenhor Tonti partiu de Lisboa para Roma, deixando os negócios da Santa Sé e a Nunciatura Apostólica de Lisboa, à custódia do jovem secretário, monsenhor Benedetto Aloisi Masella. A missão de monsenhor Aloisi-Masella em Lisboa foi delineada pelo secretário de Estado, card. Merry del Val, a 21 de Outubro de 1910. Este deveria orientar-se por sete propostas de trabalho, que relembramos: Máxima reserva; guardar silêncio até novas normas da Santa Sé; permanecer discretamente como simples custódia da Nunciatura em Lisboa, não declarando a sua qualificação pessoal diplomática, excepto em caso de ser necessário para sua defesa pessoal; abster-se de qualquer acto que pudesse interpretar-se como reconhecimento, ainda que implícito, do novo Governo; que tivesse em ordem as caixas do arquivo da Nunciatura para poderem ser expedidas solicitamente, a qualquer momento em que recebesse ordena a tal propósito; que continuasse a manter informada a Santa Sé sobre todos os acontecimentos que pudessem ter interesse; fazer chegar um endereço alternativo de uma pessoa segura, para que a Santa Sé lhe pudesse enviar correspondência em caso de necessidade."


in COELHO, Senra, "D. Augusto Eduardo Nunes: Professor de Coimbra - Arcebispo de Évora", Lisboa, Ed. Paulus, 2010, págs. 230 e 231



Ao Card. Benedetto Aloisi-Masella, que neste dia, soube o que significaram as palavras Resistência e Militância em nome de Cristo...


Um Cristão português em gratidão...

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O que deve fazer uma pessoa quando descobre Deus?

Quando uma pessoa descobre Deus, tem de O colocar no primeiro lugar da sua vida. Assim começa uma vida nova! Os cristãos conhecem-se por amarem até os seus inimigos. [222-227, 229]


Descobrir Deus significa saber que Ele me criou e me quer, que em cada segundo me olha com amor, que abençoa a minha vida e a sustém, que tem nas Suas mãos o mundo e as pessoas, que espera por mim ansiosamente, que me quer preencher e aperfeiçoar, e fazer-me Consigo para sempre... enfim, que Ele está presente aqui, comigo. Não basta dizer que sim com a cabeça. Os cristãos têm de assumir o estilo de vida de Jesus.




YOUCAT, nº 34, 2011

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O disfarce da dívida

Por estes dias, a Madeira vive dias quentes, não só pelo pleito eleitoral de 09 de Outubro próximo, mas também pelo buraco da dívida só agora detectado.

No centro deste tornado, existem vários factos que acho curioso analisar...

O facto de ninguém saber de nada antes da bomba explodir.

O facto de ser agora com eleições à porta.

O facto de a imprensa estar a ser utilizada para este combate (o que é proveitoso para a mesma).

O facto do Dr. Jardim não ser o único que neste país deveria ser chamado a contas. Ou todos já se esqueceram que há por aí alguém refugiado em Paris, e que ninguém lhe pede contas. E muitos mais...

Falamos da dívida da Madeira... E as restantes dívidas e mais dívidas que este país contém e que estão escondidas. Por estarem escondidas ninguém fala delas.

Que tema interessante para disfarçar, por exemplo, os 533.000 desempregados inscritos...

Que tema interessante para disfarçar a pobreza extrema a que este país vai estando remetido...

Que tema interessante para disfarçar que este país neste momento tem de se mobilizar em torno do que realmente interessa: sair deste marasmo a que foi votado...

E não se espere pela governança, tem de partir da vontade de todos (Homens e Mulheres que fazem os dias desta Nação), como foi a Primavera Árabe.


josé miguel

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Falando da Praxe Académica...

Em tempo de inicio de mais um ano lectivo seria útil relembrar a definição de Praxe.

A Praxe tem em vista a integração dos caloiros no novo mundo, numa nova vida, num novo ciclo que se abre na sua vida. E só com este fim é destinada a praxe.

Porém, se a praxe fôr um método de desintegração e abandono deste novo percurso para todos aqueles que agora começam... É tudo, mas não lhe chamem praxe!

Ao circular pelas ruas de algumas cidades do país, nestes próximos dias, vemos que por vezes a praxe é mais desintegração do que integração. E isto, porque ainda paira sobre a nossa sociedade o nevoeiro de uma sociedade que confunde autoridade com autoritarismo, medo com respeito, liberdade com libertinagem.

No entanto, os caloiros de hoje, não são os caloiros de à 10 anos. E, se da parte de quem praxa os novos caloiros, existe abusos, TAMBÉM EXISTE ABUSOS DA PARTE DE QUEM É PRAXADO PELOS VETERANOS, ou seja, dos caloiros. Também eles, faltam ao respeito e à educação de quem muitas vezes tem idade para ser irmão (ã) mais velho (a) deles...

Porque se existe autoritarismo na Praxe, por parte de quem praxa, também existe uma enorme falta de educação e respeito pelas pessoas que lá estão.

Mas, esta é uma matéria que não é denunciada pela Imprensa...

Tinha curiosidade de ver na nossa Imprensa este título: CALOIRO FALTOU AO RESPEITO A VETERANOS, POR ISSO FOI REPREENDIDO!

Mas, notícias a este nível não tem interesse...



josé miguel

sábado, 17 de setembro de 2011

O que significa "Deus é Amor"?

Se Deus é o amor, não há criatura que não seja sustentada e envolvida por um infinito desejo de bem. Deus não só declara que é o amor, mas também o demontra: "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos." (Jo 15, 13) [218, 221]


Nenhuma outra Religião afirma o que diz o Cristianismo: "Deus é amor." (1Jo 4, 8.16) A fé assenta nesta expressão, embora a experiência da dor e da maldade no mundo faça muitos duvidar de que Deus seja realmente amoroso. Já no Antigo Testamento Deus comunica ao Seu Povo, pela boca do profeta Isaías: "Visto que és precioso e honrado aos meus olhos e Eu te amei, assim por ti dei nações inteiras. Não temas, pois, porque Eu estou contigo." (Is 43, 5) E fá-lo dizer: "Pode a mulher esquecer-se da criança que amamenta e não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Mas ainda que ela o esquecesse, Eu nunca te esquecerei." (Is 49, 15) Que o discurso do Amor divino não consiste em palavras vazias demonstra-o Jesus na cruz, onde Ele entrega a Sua vida pelos Seus amigos.


YOUCAT, nº 33, 2011

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Espiritualidade sem religião?

Tinha razão o grande Vinicius de Moraes quando escreveu: "A vida é feita de encontros, mas há tanto desencontro na vida!" Cada dia é uma confirmação desta frase, uma certificação desta tese, um sufrágio desta percepção.

Sonhamos com a paz e vamo-nos atolando no lamacento estendal da guerra. Queremos desenvolvimento e deparamos com a crise. Ansiamos por justiça e afundamo-nos permanentemente na injustiça. Enfim, somos o que não queremos. E não conseguimos ser o que desejamos.

Este desencontro afecta as pessoas e não deixa de lado as instituições. É, por exemplo, sumamente curioso verificar como há uma crescente procura de espiritualidade fora do âmbito religioso. É legítimo, sem dúvida. Mas convenhamos que é também um pouco estranho. É legítimo porque a liberdade impõe que se respeite as opções de cada um e as referências de cada qual. A estranheza, porém, fará a sua aparição: é que as religiões estão em condições priviligiadas para saciarem esta sede e satisfazerem esta busca.

Cada uma a seu modo, as religiões estão habilitadas para assegurar um encontro da pessoa consigo mesmo. Porque é que não o estão a fazer? Nietzsche sentia que "o Homem é o ser mais distante de si mesmo" e Karl Ranner anotava a convicção de que "só Deus é a resposta total à total interrogação do Homem."

Como entender, então, este falhanço? Como enquadrar este equívoco? Não será caso para fazer uma avaliação? Não será oportuno apurar a fiabilidade das religiões? Será que elas estão a corresponder ao que lhes é pedido?

Uma religião existe não apenas para transmitir ensinamentos. Ela existe sobretudo para melhorar a vida das pessoas. Tal melhoramento pode incluir, como é óbvio, a transmissão de conteúdos doutrinais e preceitos éticos. Só que tudo isso se insere numa oferta de sentido que tem de ser percebida. Será que estamos a conseguir? Muitas vezes, a nossa vivência religiosa limita-se ao ritualismo, descuidadndo-se a vivência, o sabor e o compromisso. Tornamo-nos quase autómatos na repetição do que nos ensinaram e abdicamos de valorizar o que dizemos.

É evidente que o problema não está nas fórmulas nem nos ritos. Estes encerram uma sabedoria enorme e uma pertinência imensa. O problema está na ligeireza com que os encaramos e no modo como (não) extraímos todo o potencial que têm.

O que é mais perturbador é saber e sentir que transportamos um potencial extraordinário e não tiramos dele qualquer partido. Deus é mistério de simplicidade, jovialidade, candura, amor, simpatia, acolhimento e estima. Infelizmente, os nossos relacionamentos ainda estão muito pautados pela frieza, pelo ressentimento, pela arrogância e pela prepotência.

Urge, pois, revisitar as nossas raízes. Há virtualidades inauditas no Evangelho que professamos e no património espiritual que nos está confiado. É tempo de redescobrir a beleza do gesto, a importância da atitude, o calor do cumprimento. É hora de nos alegrarmos com o sorriso da criança. De irmos ao encontro do idoso e de lhe oferecermos o melhor presente: o presente da presença!

É pena que, às vezes, nos pareçamos com o palhaço da estória de Kierkegaard e que Joseph Ratzinger inclui no seu livro Introdução ao Cristianismo. O acampamento do circo estava a arder, o palhaço, já revestido para o espetáculo, veio à aldeia pedir ajuda. Só que toda a gente olhou para ele e ninguém o levou a sério. Até pensaram que era um número de circo bem conseguido!

É fundamental que nós, crentes, reganhemos credibilidade para o anúncio. É pelo testemunho de vida que atrairemos os outros para Jesus Cristo!


TEIXEIRA, João António Pinheiro, "Paixão de Deus pelos Homens", Lisboa, Ed. Paulus, 2011, págs. 128-130

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Do Evangelho Segundo S. João

"Naquele tempo, junto à cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe e a irmã da sua mãe, Maria, a mulher de Cléofas, e Maria Madalena.
Então, Jesus, ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: «Mulher, eis o teu filho!»
Depois, disse ao discípulo: «Eis a tua mãe!» E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua."


Jo 19, 25-27

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A resposta foi dada à 120 anos

A propósito do 27º Encontro da Pastoral Social, promovido pela Comissão Episcopal de Pastoral Social e a realizar-se em Fátima, remete o pensamento para o 120º aniversário da publicação da Encíclica "Rerum Novarum" do Papa Leão XIII.


Mas o que tem de extraordinário este texto?


Em boa verdade, é uma pedra no charco, à época em que é escrito, para não dizer um autêntico tornado, dentro da Igreja, como fora dela.


A Igreja responde à emergência de um Socialismo, que rejeita Deus da Sociedade, e a uma Sociedade que carece de uma política social equitativa e igualitária, mergulhada numa ideia em que só pela luta de classes é possível a Liberdade, a Fraternidade e a Igualdade.


Porém, é pela "Rerum Novarum" que a Igreja diz que é possível a Liberdade com Deus, a Fraternidade com Deus, a Igualdade com Deus. E aqui está a Revolução, aqui está a luta...


É possível o direito e o dever na propriedade


É possível o direito e o dever no trabalho


É possível o direito e o dever no salário


É possível o direito e o dever no patronato


É possível o direito e o dever no Estado


É possível o Homem ser homem com direitos e deveres.


É possível a vida...


Estavam assim lançadas as armas para a Doutrina Social da Igreja. Uma mesma Igreja que anos antes tinha condenado todas as ideias do Liberalismo, através da "Syllabus errorum" de Pio IX. É nestes momentos em que se vê e se sente que a Igreja não está atrasada no tempo, antes pelo contrário, com um avanço extraordinário, capaz de supreender. Simplesmente o seu "modus operandi" não é o da Sociedade... E mal vai a barca de Pedro, quando esta barca não fôr resposta aos problemas da Sociedade, como foi em 1891, e como é agora actualmente. Porque, ao fim de contas, a Igreja é de Deus...


Apesar, de muitos defenderem que o objectivo final da "Rerum Novarum" era um aproximar da Igreja às novas ideias que emergiam na época, para não perder influência política, económica ou social. Na verdade, enganam-se redondamente. Porque afinal quem faz afirmações destas, não sabe, não conhece o que fala. Se a Igreja pensasse dessa forma a esta hora seria uma instituição desfeita em escombros.


Hoje, ler e analisar, "Rerum Novarum", é um imperativo que se coloca a qualquer governante, ou a qualquer cidadão mais preocupado com estas questões.


Muitas são as comparações temporais que possamos fazer com a sociedade de 1891, algumas semelhantes, e por isso é hora, não de reescrever uma "Rerum Novarum", mas de construir a sociedade da "Rerum Novarum", porque os alicerces estão lançados.




Aqui fica o link para quem tomar a liberdade de ler:


http://www.vatican.va/holy_father/leo_xiii/encyclicals/documents/hf_l-xiii_enc_15051891_rerum-novarum_po.html


josé miguel

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O que significa "Deus é a Verdade"?

"Deus é Luz e n' Ele não há trevas." (1Jo 1, 5) A Sua Palavra é a Verdade (Pr 8, 7; 2Sm 7, 28), e a Sua Lei é a Verdade (Sl 119, 142). O próprio Jesus responde pela Verdade de Deus quando, diante de Pilatos, confessa: "Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da Verdade." (Jo 18, 37) [214-217]


Deus não pode ser submetido a um processo de demonstração, a ciência não pode fazer d´Ele um objecto comensurável. E, no entanto, Deus deixa-Se submeter a um tipo especial de demonstração: que Deus é a Verdade sabemo-lo por via da absoluta credibilidade de Jesus. Ele é "o Caminho, a Verdade e a Vida." (Jo 14, 6). Isso pode descobrir e experimentar quem a Ele se abandona. Se Deus não fosse "verdadeiro", a fé e a razão não poderiam entrar em diálogo. É possível, porém, um entendimento entre elas, porque Deus é a Verdade e a Verdade é divina.


YOUCAT, nº 32, 2011

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Na espuma dos dias...

Por estes dias os milionários franceses colocaram-se à disposição para auxiliar na crise da dívida francesa. Um facto que deu para reflectir.


Entretanto, por Portugal, os nossos milionários responderam a este repto afirmando que eram trabalhadores como os outros. E em boa verdade, não deixam de ter razão. No entanto, a reflexão levou-me rever o passado e a História.


E aqui está, o que se esperava da Classe Burguesa Portuguesa. Uma classe que continua virada para o seu umbigo. Por sinal, uma boa amostra da caracterização do Povo Português, porque se nas classes superiores as coisas são o que são, imaginemos o resto.


Na verdade, ainda muito caminho temos pela frente para chegar a níveis de civilização democrática.


Além disso, desde as últimas eleições ninguém comenta, ninguém fala, sobre a acção deste Governo. A Esquerda ainda digere a derrota, e ficou inerte. A Direita está pacificada (aparentemente), afinal é Poder.


Fica a sensação que se armou um clima de Paz Armada. Por quanto tempo?



josé miguel

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Porque Se apresenta Deus com um nome?

Deus apresenta-Se com um nome porque deseja ser acessível. [203-213, 230-231]


Deus não deseja permanecer anónimo. Ele não quer ser venerado como um mero "Ser Superior", que simplesmente pode ser sentido ou pressentido. Deus deseja ser conhecido e invocado como Aquele que é real e activo. Na sarça ardente, Deus revela o seu santo nome IHWH (Ex 3, 14). Deus torna-se acessível ao Seu Povo, embora Ele permaneça um Deus oculto, um mistério perene. Por causa de um elevadíssimo respeito, nunca se pronunciava (e ainda hoje não se pronuncia) em Israel o nome de Deus, sendo mesmo substituído pelo título ADONAI (Senhor); até o Novo Testamento o utiliza: "Jesus é o Senhor!" (Rm 10, 9)




YOUCAT, nº 31

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Porque cremos em um só Deus?

Cremos em um só Deus porque, segundo o testemunho da Sagrada Escritura, há um só Deus, e também porque, segundo as leis da lógica, só pode haver um. [200-202, 228]


Se houvesse dois deuses, um seria a fronteira do outro, Nenhum dos dois seria infinito; nenhum, perfeito. Portanto, nenhum seria Deus. A experiência fundamental de Deus feita por Israel está assim expressa: "Escuta Israel! O Senhor nosso Deus é único." (Dt 6, 4) Os profetas exortavam continuamente a deixar os falsos deuses e a virar-se para o único Deus: "Eu sou Deus e mais ninguém." (Is 45, 22)



YOUCAT, nº 30, 2011

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Qual é o teor do Símbolo Niceno-Constantinopolitano?

Creio em um só Deus,
Pai todo-poderoso,
Criador do Céu e da Terra,
de todas as coisas vísiveis e invisíveis.

Creio em um só Senhor Jesus Cristo,
Filho Unigénito de Deus,
nascido do Pai antes de todos os séculos:
Deus de Deus, Luz da Luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro;
gerado, não criado, consubstancial ao Pai.
Por Ele todas as coisas foram feitas.
E por nós, homens,
e para nossa salvação desceu dos Céus.
E encarnou pelo Espírito Santo,
no seio da Virgem Maria,
e se fez homem.
Também por nós foi crucificado
sob Pôncio Pilatos;
padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia,
conforme as Escrituras;
e subiu aos Céus, onde está sentado à direita do Pai.
De novo há-de vir em Sua glória,
para julgar os vivos e os mortos;
e o seu reino não terá fim.

Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida,
e procede do Pai e do Filho;
e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado:
Ele que falou pelos Profetas.

Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica.
Professo um só Baptismo
para a remissão dos pecados.
E espero a ressurreição dos mortos
e a vida do mundo que há-de vir.
Amen.


in YOUCAT, nº 29

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Uma noite de S. Bartolomeu

No príncipio do século XIX, as Invasões Francesas deixaram Portugal em situação dramática. A Família Real retirara para o Brasil.

A reconstrução do País, desbaratado pela guerra, era problema grave. Morrera muita gente e a lavoura estava arruinada.

Os camponeses, no entanto, continuavam a pagar tributos.

A indústria atrofiava e o comércio, prejudicado pelos tratados com Inglaterra, não dava rendimento à burguesia.

Quem governava o Estado, era de facto, Beresford, general inglês, autoritário.

O descontentamento generalizava-se.

O sentimento de revolta não se continha, sobretudo entre os comerciantes do Porto.

Vinha à superfície a ideia de libertação que os Franceses, apesar de tudo, haviam deixado na mente das pessoas.

Militares, magistrados e burgueses defendiam a instauração de um Regime Político Novo.

Em 1817, falhara a tentativa do general Gomes Freire. Mas em 1820, a Revolução Liberal triunfou no Porto.

Era a noite de S. Bartolomeu, 24 de Agosto, mas não houve efusão de sangue.



in REIS, A. do Carmo, "As Lutas Liberais", Col. História Júnior, Vol. 12, Porto, Ed. Asa, 2ª Edição/1990, pág. 2

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A Família e o Estado

Entretanto, esses direitos, que são inatos a cada homem considerado isoladamente, apresentam-se mais rigorosos ainda, quando se consideram nas suas relações e na sua conexão com os deveres da vida doméstica. Ninguém põe em dúvida que, na escolha dum género de vida, seja lícito cada um seguir o conselho de Jesus Cristo sobre a virgindade, ou contrair um laço conjugal. Nenhuma lei humana poderia apagar de qualquer forma o direito natural e primordial de todo o homem ao casamento, nem circunscrever o fim principal para que ele foi estabelecido desde a origem: «Crescei e multiplicai-vos». Eis, pois, a família, isto é, a sociedade doméstica, sociedade muito pequena certamente, mas real e anterior a toda a sociedade civil, à qual, desde logo, será forçosamente necessário atribuir certos direitos e certos deveres absolutamente independentes do Estado. Assim, este direito de propriedade que Nós, em nome da natureza, reivindicamos para o indivíduo, é preciso agora transferi-lo para o homem constituído chefe de família. Isto não basta: passando para a sociedade doméstica, este direito adquire aí tanto maior força quanto mais extensão lá recebe a pessoa humana.

A natureza não impõe somente ao pai de família o dever sagrado de alimentar e sustentar seus filhos; vai mais longe. Como os filhos reflectem a fisionomia de seu pai e são uma espécie de prolongamento da sua pessoa, a natureza inspira-lhe o cuidado do seu futuro e a criação dum património que os ajude a defender-se, na perigosa jornada da vida, contra todas as surpresas da má fortuna. Mas, esse património poderá ele criá-lo sem a aquisição e a posse de bens permanentes e produtivos que possam transmitir-lhes por via de herança?

Assim como a sociedade civil, a família, conforme atrás dissemos, é uma sociedade propriamente dita, com a sua autoridade e o seu governo paterno, é por isso que sempre indubitavelmente na esfera que lhe determina o seu fim imediato, ela goza, para a escolha e uso de tudo o que exigem a sua conservação e o exercício duma justa independência, de direitos pelo menos iguais aos da sociedade civil. Pelo menos iguais, dizemos Nós, porque a sociedade doméstica tem sobre a sociedade civil uma prioridade lógica e uma prioridade real, de que participam necessariamente os seus direitos e os seus deveres. E se os indivíduos e as famílias, entrando na sociedade, nela achassem, em vez de apoio, um obstáculo, em vez de protecção, uma diminuição dos seus direitos, dentro em pouco a sociedade seria mais para se evitar do que para se procurar.

Querer, pois, que o poder civil invada arbitrariamente o santuário da família, é um erro grave e funesto. Certamente, se existe algures uma família que se encontre numa situação desesperada, e que faça esforços vãos para sair dela, é justo que, em tais extremos, o poder público venha em seu auxílio, porque cada família é um membro da sociedade. Da mesma forma, se existe um lar doméstico que seja teatro de graves violações dos direitos mútuos, que o poder público intervenha para restituir a cada um os seus direitos. Não é isto usurpar as atribuições dos cidadãos, mas fortalecer os seus direitos, protegê-los e defendê-los como convém. Todavia, a acção daqueles que presidem ao governo público não deve ir mais além; a natureza proíbe-lhes ultrapassar esses limites. A autoridade paterna não pode ser abolida, nem absorvida pelo Estado, porque ela tem uma origem comum com a vida humana. «Os filhos são alguma coisa de seu pai»; são de certa forma uma extensão da sua pessoa, e, para falar com justiça, não é imediatamente por si que eles se agregam e se incorporam na sociedade civil, mas por intermédio da sociedade doméstica em que nasceram. Porque os «filhos são naturalmente alguma coisa de seu pai... devem ficar sob a tutela dos pais até que tenham adquirido o livre arbítrio». Assim, substituindo a providência paterna pela providência do Estado, os socialistas vão contra a justiça natural e quebram os laços da família.

LEONIS PP. XIII
Rerum Novarum, 1891, nº 6

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

"ESTA ES LA JUVENTUD DEL PAPA! ESTA ES LA JUVENTUD DE CRISTO!

Segunda-feira, 22 de Agosto de 2011...
Vem-me à memória momentos, imagens, caras, gestos, bandeiras, pessoas, jovens, velhos, crianças, ruas, avenidas, monumentos e mais um "não sei o quê" infindável que fizeram pensar, que fizeram estremecer o espírito, que fizeram sentir que somos pequenos demais perante um Deus espelhado na imagem de cada homem e mulher, em Madrid. É tão denso pensar nisto! E a afirmação surgiu: "Afinal, Jesus Cristo continua vivo, a Igreja permanece incólume, construída sobre a Pedra que as portas do inferno não destruirão." E já lá vão três milénios...
E três milénios depois...
A comoção foi grande quando se vê em plena Plaza de Cibeles, uma bandeira americana, iraquiana, síria, cubana e chinesa, todas unidas em nome de Jesus Cristo. E a emoção é maior quando se vê estes cidadãos apertarem as mãos em clima de paz.
Como foi bom ouvir o canto arabe em plena Celebração "Via Crucis"...
Deus esteve em Madrid, porque "ubi caritas et amor, Deus ibi est"
Só não O viu quem não quis ver, só não O sentiu quem teve o coração fechado, só não O escutou quem não quer escutar...
Afinal, três milénios depois a Religião não é para velhos, nem para loucos, é para todos aqueles de boa vontade...
Porque em boa verdade: "Esta es la juventud del Papa! Esta es la juventud de Cristo!"



josé miguel

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Nas férias...

PASSATEMPO - Seja o designer da próxima T- Shirt do Clube de Fãs Oficial Mafalda Arnauth.



Já alguma vez pensou em ser o designer da próxima T- Shirt do Clube de Fãs Oficial Mafalda Arnauth?

O Clube de Fãs Oficial Mafalda Arnauth está a dar-lhe essa oportunidade!

Envie-nos a sua ideia e, se for uma das ideias mais votadas, pode ser que a receba em casa!

O design da sua t-shirt terá que estar relacionado com a Mafalda Arnauth e o Cd Fadas ( com uma frase, uma montagem, entre outros).

Queremos que seja o mais criativo possível, pode fazer o desenho à mão ou em computador...

Agora é tempo de puxar pela vossa imaginação e criatividade... Surpreenda-nos!

As imagens enviadas serão publicadas no facebook do Clube de Fãs onde os próprios fãs terão a possibilidade de eleger o vencedor.

Até dia 10 de Setembro de 2011 a sua imagem tem que ser enviada para o seguinte endereço de e-mail: geral@clubedefasmafaldarnauth.com, no mail enviado diga-nos o seu nome, morada e localidade para depois entrarmos em contacto com o vencedor do concurso.


por: Clube de Fãs Oficial Mafalda Arnauth

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Qual é o teor do Símbolo dos Apóstolos?

Creio em Deus,
Pai todo-poderoso
Criador do Céu e da Terra,
e em Jesus Cristo,
Seu único Filho, Nosso Senhor,
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo;
nasceu da Virgem Maria;
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado;
desceu à mansão dos mortos;
ressuscitou ao terceiro dia;
subiu aos Céus;
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
de onde há-de vir julgar os vivos e os mortos.

Creio no Espírito Santo;
na santa Igreja Católica;
na comunhão dos santos;
na remissão dos pecados;
na ressurreição da carne;
na vida eterna. Amen


in YOUCAT, nº 28, 2011

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Uma certa "Cristofobia"

Em que consiste a liberdade: em "permitir" ou em "impedir"? Creio que ninguém hesitará na resposta nem duvidará dos príncipios. Acontece que quando descemos do plano do príncipios para o plano da realidade, as coisas são bem diferentes.


Os princípios nem sempre se reflectem nas atitudes, nem sempre se espelham na existência. Ninguém nega que a liberdade tem sempre um sentido positivo. Uma liberdade com uma vocação arbitrariamente impeditiva será digna do nome liberdade?


Às vezes, dá a impressão de que, para muitos, a liberdade religiosa serve sobretudo para impedir (ou, no mínimo, dificultar a sua expressão). Estranho? Mas é o que se vê. De há uns tempos para cá que, de cada vez que uma figura da Igreja aparece em público, surgem também vozes contra essa presença.


Qual o motivo dessa animosidade? Não se assume, ao contrário do que seria expectável, qualquer desamor pela fé ou pelas igrejas. Invoca-se, tão somente, a supracitada liberdade religiosa. Complicado? Mas é o que se sente. E pressente. Ao menos, podia haver sinceridade e não retorcer conceitos. Que liberdade é esta que impede a expressão pública das diversas componentes da sociedade?


A liberdade ficaria em causa se alguém ousasse obstaculizar a expressão de uma determinada confissão. A liberdade estaria em risco se essa presença obrigasse alguém a tomar uma posição contra a sua vontade. Mas a liberdade fica ameaçada quando muitos requerem a presença do religioso e vêem dificultada a sua pretensão.


É claro que tudo isto tem uma génese, um percurso. E terá um desfecho. Trata-se do problema que Joseph Weiler denominou "cristofobia". Como refere George Weigel, há vastas franjas da cultura europeia largamente "cristofóbicas e os europeus descrevem as suas culturas e sociedades como pós-cristãs".


Não se nega que o Homem possa organizar o mundo sem Deus. Pode. Só que, como alertava Henri de Lubac, "sem Deus, ele só o pode organizar contra o Homem"! E, como lembra George Weigel, é inquestionável que "o Homem europeu se convenceu de que, para ser moderno e livre, tem de ser radicalmente secular".


Sucede que esta percepção não tem incidências apenas sobre as religiões; tem-nas também - e de que maneira! - sobre a vida, globalmente considerada. "O Homem europeu está, deliberadamente, a esquecer a sua História." O Cristianismo não pode ser mencionado no tratado constitucional da Europa. Poria em jogo a imparcialidade. Mas o laicismo emerge como uma espécie de "ideologia pública e oficial pan-europeia." Agora, já não se fere a imparcialidade?


Uma Europa que reconheça a presença do Cristianismo não é - assevera Joseph Weiler - uma Europa exclusiva ou necessariamente confessional; é uma Europa que respeita igualmente todos os seus cidadãos: crentes e "laicos", cristãos e não cristãos; é uma Europa que, ao mesmo tempo que celebra a herança nobre do humanismo iluminista, também abandona a sua cristofobia e não teme nem se sente embaraçada com o reconhecimento de que o Cristianismo é um dos elementos centrais na evolução da sua civilização.


No fundo, o que subjaz a toda esta discussão são duas concepções de liberdade: uma inclusiva, outra excludente. Trata-se da "liberdade como possibilidade" versus "liberdade como imposição". Para uns, a liberdade é, acima de tudo, um meio para se poder atingir a excelência e a felicidade. Inclui, portanto, quanto há de melhor no ser humano. Estamos no domínio da opção. É, pois, uma liberdade que abre. No pólo oposto, encontramos a liberdade desligada de qualquer referência superior. Não admite qualquer abertura: enquista em si mesma. Encontramo-nos no âmbito da imposição. É, por isso, uma liberdade que fecha.


O que vai persistindo, na hora que passa, é a liberdade da imposição. O problema é que, como exorta George Weigel, "as consequências serão consideráveis!" E pouco positivas...



in TEIXEIRA, João António Pinheiro, "Paixão de Deus pelos Homens", Lisboa, Ed. Paulus, 2011, págs. 29-31




quarta-feira, 27 de julho de 2011

Como surgiram os símbolos da fé?

Os símbolos da fé remontam a Jesus, que exortou os discípulos a baptizar. Estes deveriam, então, confirmar se as pessoas confessavam um determinada fé, nomeadamente no Pai, no Filho e no Espírito Santo. [188-191]

A célula primitiva de todos os símbolos posteriores é a "confissão do Senhor Jesus" e o Seu encargo missionário, isto é, "Ide, fazei discípulos de todas as nações; baptizai-os em nome do Pai, do Filho e do espírito Santo!" (Mt 28, 19) Todos os símbolos da fé da Igreja são desdobramentos da fé neste Deus trino. Cada um deles começa com a confissão do Pai, Criador e sustento do mundo e nós mesmos encontramos a redenção, e desembocam na confissão do Espírito Santo, que é a presença de Deus na Igreja e no mundo.

YOUCAT, nº 27, 2011

terça-feira, 26 de julho de 2011

O que é a Liturgia?

A Liturgia, pela qual, especialmente no sacrifício eucarístico, «se opera o fruto da nossa Redenção», contribui em sumo grau para que os fiéis exprimam na vida e manifestem aos outros o mistério de Cristo e a autêntica natureza da verdadeira Igreja, que é simultâneamente humana e divina, visível e dotada de elementos invisíveis, empenhada na acção e dada à contemplação, presente no mundo e, todavia, peregrina, mas de forma que o que nela é humano se deve ordenar e subordinar ao divino, o visível ao invisível, a acção à contemplação, e o presente à cidade futura que buscamos. A Liturgia, ao mesmo tempo que edifica os que estão na Igreja em templo santo no Senhor, em morada de Deus no Espírito, até à medida da idade da plenitude de Cristo, robustece de modo admirável as suas energias para pregar Cristo e mostra a Igreja aos que estão fora, como sinal erguido entre as nações, para reunir à sua sombra os filhos de Deus dispersos, até que haja um só rebanho e um só pastor.



in SSC, nº2, 1963

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Entre Oslo e Londres: antes de condenar, perceber...

Sexta-feira, 22 de Julho de 2011, a meio da tarde...

Os órgãos de comunicação social noticiavam o inferno em que estava mergulhada a cidade de Oslo, e que tinha chegado à Noruega.

Toda a comunidade internacional condenou, logo de seguida...

No entanto, porque o Mundo não é feito a preto e branco, e existem várias cores, incluindo o cinzento, uma pergunta se instala: o que leva um individuo a cometer tal horrendo facto?

Na verdade, é muito bom condenar, mas mais dificil é perceber.

E perceber porque é que este individuo cometeu acto tão cheio de brutalidade, é a mesma coisa que perceber porque é que Amy Winehouse, aos 27 anos, apareceu morta na sua casa.

A resposta está simplesmente num Colossal Monstro que foi criado e que todos nós queremos disfarçar que não existe. E ele está para ficar.

Mas o Tempo, é um Justo Juíz, e exemplos da Noruega, ou exemplos como Amy Winehouse, certamente se irão repetir cada vez mais.


josé miguel

sexta-feira, 22 de julho de 2011

O Papel da Mulher na Igreja

"Teologicamente falando não há nenhum obstáculo fundamental ao sacerdócio feminino."


(D. José da Cruz Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa)



À poucos dias estas palavras do Cardeal-Patriarca de Lisboa colocaram e lançaram o debate para a esfera pública o tema da Ordenação Sacerdotal de Mulheres na Igreja Católica.


Um tema interessante que terá todo o interesse em ser discutido, mas não levianamente, como se assiste em blogs e redes sociais.


Para quem não sabe, a mulher e o homem exercem na Igreja, tal como na sociedade, um sacerdócio, não precisam de títulos, nem de letras atrás ou à frente do nome.


O problema da Ordenação Sacerdotal das Mulheres não é um problema de Teologia, como disse e muito bem Sua Eminência. Assim como, também não é um problema de tradição, nem de hierarquia como alguns dissertam por aí. A Igreja e a Religião não é Política, nem Economia...


O verdadeiro problema para este debate ter-se-á que fazer a partir da raíz. E na raíz do problema (coisa que ninguém discute) está a vivência do ser Cristão.


Antes de se discutir, a Ordenação Sacerdotal das Mulheres, responda-se primeiro à pergunta: o que é ser Cristão hoje? Como é que eu vivo Jesus Cristo e os seus ensinamentos na minha vida quotidiana?


Ser Cristão, ou Cristã, é ser sacerdote de Cristo...


Neste sentido, a Ordenação Sacerdotal das Mulheres, não é uma questão de títulos, ou de profissionalismo. É uma questão de viver. Porque, em boa verdade, o ser padre não é uma questão de imagem social, nem de carreira política, nem muito menos de meritocracia.


Além disso, tenho pena que algumas mulheres tenham a opinião, que para se ser Mulher tem de se ser Superior ao Homem, ou ao invés, deve ser escrava do Homem. Falta de identidade! A Mulher não tem que ser Superior, nem Inferior, em nada! A Mulher tem de ser aquilo que ela é...


Por isso, porque é assim tão importante para a Mulher ser Padre, se ela já exerce o seu Sacerdócio na Igreja, assim como o Homem...? A Igreja não são títulos, nem meritocracia!


Na verdade, enquanto Cristãos, se há alguma coisa que devemos e podemos exigir à Igreja é a nossa formação, a fim de sermos Bons Cristãos. Mas isso não se vê ninguém exigir.


O que interessa ser-se diácono, sacerdote, bispo, freira, frade, cardeal se não se é Bom Cristão. Se não se vive Jesus Cristo e os seus ensinamentos nas nossas vidas!

O que interessa tanto para as mulheres serem padres, se elas têm um sacerdócio tanto ou mais importante, no interior da Igreja, do que padres ou bispos. Porque, em boa verdade, "o Reino de Deus não é uma questão de comida ou de bebida."


O que está em discussão, não é a Ordenação Sacerdotal das Mulheres, é antes de mais o saber de como devemos ser Cristãos, como podemos dar testemunho de Jesus Cristo no Mundo e na Vida quotidiana.


Redescobrir a identidade cristã é um déficit neste inicio do Terceiro Milénio, que terá de ser colmatado.



josé miguel


quinta-feira, 21 de julho de 2011

O que são símbolos da fé?

Símbolos da fé são definições abreviadas da fé, que possibilitam uma confissão comum a todos os crentes. [185-188, 192-197]


Tais definições abreviadas encontram-se já nas cartas paulinas. O protocristão Símbolo dos Apóstolos possui uma especial dignidade por ser uma síntese da fé dos Apóstolos. O grande símbolo da fé tem um alto prestígio porque proveio dos grandes concílios da então indivisa Igreja (Niceia, 325; Constantinopla, 381) e permaneceu até hoje como a base dos cristãos do Oriente e do Ocidente.



YOUCAT, nº 26, 2011

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Tempos interessantes

Vivemos tempos de incerteza na nossa sociedade. É uma constante nestes tempos, e nestes últimos anos.

Mas neste momento tudo parece agudizar-se mais e mais.

A Europa não se entende internamente, Portugal vive um tempo de suspensão face ao novo Governo e às medidas por este já tomadas.

São tempos interessantes estes que neste momento estamos a viver, a ver e a ouvir.

O descalabro financeiro de 2008 reproduz agora os seus efeitos. E tudo permanece inerte...

De facto o mundo nunca mais foi o mesmo desde 2001 com o atentado terrorista às Torres do WTC. Nem poderia ficar igual.

O séc. XX teve o Comunismo, o Socialismo, o Nazismo e o Fascismo, filhos de uma mesma senhora, que dizimaram homens e mulheres inocentes, passando impunes ao longo do tempo.

Destes quatro monstros ficou a mãe deles. E aí está ela em todo o seu esplendor que possuirá as nossas mentes durante o séc. XXI. As mães sempre são temidas e amadas...

Um dos principais objectivos desta mãe concretiza-se: a secularização da sociedade, sem que haja uma resposta pronta e eficaz.

Essa resposta deveria vir da Religião que é colocada à margem. E o mundo vive sedento de espiritualidade.

Tempos de incerteza, mas tempos interessantes de serem reproduzidos pela caneta e pelo papel.

Todos se queixavam do Comunismo, Socialismo, Nazismo e Fascismo, permaneceu o Capitalismo e vemos o que aí está agora.

Famílias e famílias no limiar da pobreza, endividadas porque não conseguem pagar as suas dívidas a um banco. Famílias que vivem o flagelo do desemprego como se de uma praga se tratasse. Passamos numa cidade, vila ou aldeia são casas e mais casas à venda...

Rostos tristes, amargurados com o sofrimento que este sistema lhes causou.

As relações humanas sem ética, nem valores são uma constante nas triviais conversas de café e praças. Mas tudo permanece inerte.

A Política descredibilizada.

A Economia manda na governança da Nações.

Diria alguém: "O capital é o sangue das nações." E com toda a razão, quando perspectivamos o mundo actual.

O que nos resta?

Não nos resta nada.

No entanto, resta-nos Deus, mas até esse queremos rejeitar da nossa vida, apesar de ser a Ele a quem buscamos neste mar agitado.

E em boa verdade, o único que faz sentido nas nossas vidas...


josé miguel

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Para que precisa a fé de definições e de símbolos?

Na fé, o que está em jogo não são palavras vazias, mas a realidade. Na Igeja, cristalizaram-se ao longo do tempo símbolos de fé, com a ajuda dos quais contemplamos, aprendemos, transmitimos, celebramos e vivemos essa realidade. [170-174]


Sem formas densas dilui-se o conteúdo da fé. Por isso, a Igreja dá muito valor a determinadas proposições cuja expressão foi alcançada, na maioria das vezes, com muita dificuldade, para proteger a mensagem de Cristo de equívocos e adulterações. Os símbolos de fé são igualmente importantes na medida em que a fé da Igreja é traduzida para diferentes culturas, devendo manter-se na sua essência.


YOUCAT, nº 25, 2011

sábado, 16 de julho de 2011

O que tem a minha fé a ver com a Igreja?

Ninguém pode crer só para si mesmo, como também ninguém consegue viver só para si mesmo. Recebemos a fé da Igreja e vivemo-la em comunhão com todas as pessoas com quem partilhamos a nossa fé. [166-169, 181]


A fé é aquilo que uma pessoa tem de mais pessoal, mas não é um assunto privado. Quem deseja crer tem poder dizer tanto "eu" como "nós", pois uma fé que não possa ser partilhada e comunicada seria irracional.

Cada crente dá o seu consentimento ao Credo da Igreja. Dela recebeu a fé. Foi ela que, ao longo dos séculos, lhe transmitiu a fé, a guardou de adulterações e a clarificou constantemente. Crer é, portanto, tomar parte numa convicção comum. A fé dos outros transporta-me, como também o fogo da minha fé incendeia os outros e os fortalece. E "eu" e o "nós" da remetem-nos para os dois da fé da Igreja, pronunciados na Liturgia: o Símbolo dos Apóstolos, que começa com ("eu creio") - CREDO, e o grande Símbolo Niceno- Constantinopolitano, que, na sua forma original, começava com credimus ("nós cremos")


YOUCAT, nº 24, 2011

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Existe contradição entre fé e ciência natural?

Não existem contradições insolúveis entre fé e ciência natural, porque não podem existir verdades duplas. [159]


Nenhuma verdade da fé faz concorrência com as verdades da ciência. Só existe uma Verdade, à qual dizem respeito tanto a fé como a razão científica. Deus quis tanto a razão, com que podemos descobrir as estruturas racionais do mundo, como a fé. Por isso, a fé cristã exige e apoia a ciência natural. A fé existe para conhecermos as coisas que, embora não possam ser abarcadas pela razão, existem todavia para além da razão e são reais. A fé lembra à ciência natural que esta não se deve colocar no lugar de Deus, mas servir a Criação. A ciência natural tem de respeitar a dignidade humana, em vez de atentar contra ela.


YOUCAT, nº 23, 2011

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Como se crê?

Quem crê procura uma ligação pessoal com Deus e está pronto a crer em tudo o que Ele revelou acerca de Si mesmo. [150-152]


Quando a fé nasce, ocorre com frequência uma perturbação ou um desassossego. O ser humano apercebe-se de que o mundo visível e o decurso normal das coisas não correspondem a tudo o que existe. Sente-se tocado por um mistério. Persegue as pistas que o remetem para a existência de Deus e encontra-se cada vez mais confiante em abordar Deus e, por fim, ligar-se a Ele livremente. Diz-se no Evangelho segundo São João: "A Deus, nunca ninguém O viu. O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer." (Jo 1, 18) Portanto, temos de crer em Jesus, o Filho de Deus, se queremos saber o que Deus nos quer comunicar. Assim, crer significa aderir a Jesus e entregar a nossa vida inteira nas Suas mãos.


YOUCAT, nº 22, 2011

terça-feira, 12 de julho de 2011

Mais dúvidas do que alegrias…

Espero sinceramente que a independência do Sudão do Sul traga nova esperança ao povo, mas é difícil dizer se isto é motivo de alegria ou de preocupação.

Iniciamos esta semana com o nascimento de um novo país, o Sudão do Sul. O entusiasmo e a alegria da população que lutou durante quase 50 anos por liberdade e justiça são notáveis, mas será que a independência do país marcará o fim dos conflitos e trará melhores condições de vida aos cerca de 9 milhões de habitantes? Parece que não.

O Sudão do Sul nasce em meio a uma série de contrastes difíceis de resolver. Convivem lado a lado a esperança e o medo; a alegria e a insegurança; a festa e a violência; a independência e os problemas; o sonho de liberdade e de paz e a realidade instável; a riqueza do petróleo e a miséria do povo.

Ainda há poucos dias o administrador apostólico no país, Dom Roko Taban Mousa, denunciou uma crise humanitária na região de Abyei. Milhares de pessoas continuam a fugir daquela zona devido aos conflitos ainda persistentes, mesmo após o envio de tropas da ONU. Abyei é a região mais rica em petróleo do Sudão, e fica na área de fronteira entre o norte e o sul. Fronteiras que por sinal ainda não foram demarcadas, sendo a região alvo de disputa pelos dois países.

Situação semelhante acontece em Kordofan, região de montanhas que pertence ao Sudão, mas cuja população Nuba apoia e quer fazer parte do Sul. As perseguições e o genocídio continuam, com imensas denúncias de violação dos direitos do homem. E os problemas não param por aí. O novo país praticamente não tem infraestruturas, como escolas, hospitais, pontes, estradas. É analfabeto e pobre. Não tem fronteiras demarcadas, nem uma classe dirigente democrática. Os líderes são todos militares e ex-guerrilheiros, pouco habituados à liberdade de expressão e de escolha. A única riqueza é o petróleo, responsável por 56% da renda do então Sudão, que tem na China o seu maior comprador e nos EUA um grande interessado.
Espero sinceramente que a festa de independência deste dia 9 de Julho traga nova esperança à nação que já perdeu dois milhões de pessoas em conflitos, mas é difícil dizer se isto é motivo de alegria ou de preocupação, quais são os reais interesses por trás desta independência e se de facto há algo para comemorar.

Ir. Darlei Zanon, religioso paulista
in www.familiacrista.com, 11/07/2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Fé - o que é isso?

Fé é conhecimento e confiança. Tem sete características:


A fé é uma pura dádiva de Deus, que nós obtemos se intensamente a pedirmos.

A fé é a força sobrenatural de que necessariamente precisamos para alcançar a salvação.

A fé requer a vontade livre e a lucidez do ser humano quando ele se abandona ao convite divino.

A fé é absolutamente segura porque Jesus o garante.

A fé é incompleta enquanto não se tornar operante no amor.

A fé cresce na medida em que escutamos cada vez melhor a Palavra de Deus e permanecemos com Ele, na oração, em vivo intercâmbio.

A fé permite-nos já a experiência do alegre antegozo do Céu. [153-165, 179-180, 183-184]


Muitos afirmam que "crer" é demasiado pouco; eles querem é "saber". A palavra "crer" tem, no entanto, dois sentidos completamente distintos. Se um pára-quedista, no aeroporto, pergunta ao empregado: "O pára-quedas está correctamente acondicionado?", e este casualmente responde: "Hum, creio que sim...", isso então não lhe bastará; ele quer mesmo saber. Se, todavia, ele tiver pedido a um amigo para acondicionar o pára-quedas, e este lhe responder à mesma pergunta: "Sim, eu pessoalmente encarreguei-me de o fazer. Podes confiar em mim!", o pára-quedista responder-lhe-á então: "Está bem, acredito em ti!" Esta fé é muito mais que "conhecimento", ela significa "certeza". E esta é a fé que fez Abraão mudar-se para a Terra Prometida, esta é a fé que fez os Mártires perseverarem até à morte, esta é a fé que ainda hoje mantém de pé os Cristãos perseguidos.

Uma fé que compreende todo o ser humano...


in YOUCAT, Lisboa, Ed. Paulus, 2011, pág. 24

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Beata Chiara Luce Badano: a nova geração não teme a santidade

Em preparação para a XXVI Jornada Mundial da Juventude de Madrid, é tempo de olharmos com especial atenção para os jovens cristãos, aqueles que por assim dizer são o sangue e o pulsar da Igreja para o Terceiro Milénio.

Quando os ventos que correm fazem desacreditar uma nova geração que quer avançar no caminho da santidade, eis que surge neste inicio do Terceiro Milénio um sinal de Deus para as novas gerações: beata Chiara Luce Badano. Na verdade, um testemunho de quando também os jovens dizem o seu "sim" a Jesus Cristo sem nada temerem. Um testemunho de quando os jovens escancaram as suas portas a Cristo.

Chiara Luce Badano, nasceu em Sassello, em Itália, em 29 de Outubro de 1971, filha de Maria Teresa e de Ruggero Badano. Uma família simples e normal como tantas outras da sociedade italiana.

De infância normal, como todas as crianças da sua idade, demonstrava neste período já um grande sentido de amor e caridade pelos meninos e meninas da sua idade, sobretudo os mais desfavorecidos.

Aos nove anos, Chiara Luce integra o Movimento dos Focolares, apreendendo e tentando viver a espiritualidade do movimento de Chiara Lubich, colocando Deus em primeiro lugar na sua vida. Demonstrando uma certa austeridade no seu modo de viver e de pensar, inicia as suas provações com a ridicularização dos seus amigos, por ir à Missa durante a semana.

No entanto, a sua hora ainda não teria chegado. Na verdade, os desígnios de Deus são insondáveis, e muitas vezes nos são dados a conhecer de muitas formas. É necessária uma relação íntima pela oração para a compreensão e aceitação desses desígnios. Chiara Luce compreende, aceita e como uma serva dá o seu "sim" a Deus.

Neste sentido, um dia, enquanto jogava ténis, foi supreendida com uma forte dor no ombro, que parecia algo simples à primeira vista, mas que depressa se veio a confirmar, pelo diagnóstico médico, que se tratava de um osteossarcoma, dando inicio a um caminho de "sim" a Cristo durante dois anos, caminho esse que foi percorrido com um sentido dominante: Jesus Cristo. Na verdade, no dia em que tem conhecimento do cancro ósseo, as suas palavras são: "Se é o que queres, é o que eu também quero", frase que irá repetir algumas vezes.

Ao contrário do que possamos imaginar, Chiara Luce não chora, não se revolta perante o sofrimento, antes pelo contrário, a sua atitude perante a notícia e de aceitação. É o seu "sim" ao seu Esposo: Jesus Cristo.

Durante o período de tratamentos e internamentos, muitas são as pessoas, (sobretudo jovens) que conforta no Hospital de Turim. Mas também muitos são os jovens que a visitam no mesmo hospital. Para todos tem uma palavra de consolação, de paz, de alegria e de amor.

Aos jovens deixa este testemunho: "Os jovens são o futuro. Eu não posso mais correr. Porém, gostava de lhes passar a tocha, como nas Olimpíadas: os jovens têm uma vida só e vale a pena empregá-la bem!"

O seu testemunho, a sua aceitação perante o sofrimento é sinal de conversão para muitos, em especial no hospital, durante o tempo em que decorrem os internamentos.

Sempre unida ao Movimento Focolar, acompanha pelo telefone ou pela televisão alguns encontros realizados. Chiara Lubich, fundadora do movimento, tem com ela uma relação estreita e envia-lhe uma carta em que afirma: "Chiara, não tenhas medo de Lhe dizer "sim", momento por momento. Ele te dará força, tem a certeza disto! Eu também rezo e estou sempre aí contigo. Deus ama-te imensamente e quer penetrar no íntimo da tua alma e fazer com que tu experimentes as gotas do céu."

Na verdade, não é uma cama de hospital que fará parar Chiara Luce no anúncio e no testemunho de Jesus Cristo. A nossa beata Chiara transforma o seu sofrimento no rosto de Jesus Cristo, a fim de ser sal e luz do mundo.

Chiara Luce une-se ao seu Esposo a 7 de Outubro de 1990, com a frase, como conta a sua mãe: "Esteja feliz, porque eu estou feliz!"

No dia 11 de Junho de 1999, D. Lívio Maritano, bispo de Acqui, que conheceu Chiara pessoalmente, inicia o processo de beatificação afirmando que "o seu testemunho foi significativo para os jovens. Precisamos de santidade nos dias de hoje: temos de ajudar os jovens a encontrar orientação, um objectivo, a ultrapassar a insegurança e a solidão, os seus enigmas perante os insucessos, o sofrimento, a morte, e todas as preocupações."

Volvidos dez anos, em 10 de Dezembro de 2009, é confirmado por decreto pontifício um milagre por intercessão de Chiara Luce a um rapaz de Trieste, com uma meningite fulminante, a quem os médicos haviam dado 48 horas de vida.

O seu "sim" a Jesus Cristo foi confirmado pela Santa Sé a 25 de Setembro de 2010, declarando-a "feliz em Deus", ou seja como beata.

Recentemente, o Papa Bento XVI exortou os cristãos "a seguirem o seu exemplo, no esforço de adesão a Cristo e ao Evangelho", durante uma audiência-geral, onde estavam presentes o bispo de Acqui, D. Giorgio Micchiardi, e o bispo emérito, D. Lívio Maritano, juntamente com alguns fiéis da sua diocese.

O testemunho de Chiara Luce Badano é uma resposta à interpelação do recente beato João Paulo II ao jovens do Terceiro Milénio: "Não tenhais medo de assumir as vossas responsabilidades: a Igreja tem necessidade de vós, precisa do vosso empenho e da vossa generosidade; o Papa tem necessidade de vós e, no ínicio deste novo milénio, pede-vos que leveis o Evangelho pelas estradas do Mundo."

No momento em que os jovens do mundo inteiro vivem a XXVI Jornada Mundial da Juventude, Chiara Luce Badano é luz, é estímulo para os jovens na sua adesão incondicional a Jesus Cristo que é Caminho, Verdade e Vida.

Chiara Luce representa o reverso de uma juventude que se acha alienada da fé, da religião e da sociedade. O seu testemunho é sinal de uma juventude disposta a firmar-se na fé e a firmar-se no futuro.


josé miguel

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Da Homilia de Pio XII, papa, proferida na canonizacão de Santa Maria Goretti

Nada temo, porque Vós estais comigo.
Todos conhecem o terrível combate que esta virgem, indefesa, teve de enfrentar. Contra ela se levantou, inesperadamente, uma tremenda e cega tempestade, que procurava manchar e violar a sua pureza angélica. Mas ao ver-se em tão grave situação, ela podia repetir ao divino Redentor estas palavras de ouro do livro da «Imitação de Cristo»: «Ainda que eu seja tentada e perturbada com muitas tribulações, nada temo, se a vossa graça está comigo. Ela é a minha fortaleza; ela me aconselha e ajuda. Ela é mais forte do que todos os meus inimigos». Assim protegida pela graça celeste, à qual correspondeu com uma vontade forte e generosa, deu a sua vida, mas não perdeu a glória da virgindade.
Na vida desta humilde criança, que apontámos em breves linhas, podemos ver um quadro não só digno do Céu, mas também digno de ser contemplado com admiração e veneração pelos homens do nosso tempo.
Aprendam os pais e as mães de família com quanto empenho devem educar na rectidão, na santidade e na fortaleza os filhos que Deus lhes deu, e formá-los na obediência aos preceitos da religião católica, para que possam, com o auxílio da graça divina, sair vencedores, sem feridas e sem manchas, quando for posta à prova a sua virtude.
Aprenda a alegre infância, aprenda a juventude ardente a não se deixar cair miseravelmente nos prazeres efémeros e ilusórios da paixão, a não ceder ante a sedução do vício, mas antes a combater com alegria, mesmo entre dificuldades e espinhos, para alcançar aquela perfeição cristã de bons costumes, que todos podemos atingir com a força de vontade, ajudada com a graça divina, por meio do esforço, do trabalho e da oração.
Nem todos somos chamados a sofrer o martírio; mas todos somos chamados a adquirir as virtudes cristãs. A virtude, porém, exige energia, que embora não atinja as alturas da fortaleza desta angélica menina, nem por isso obriga menos a um cuidado contínuo e muito atento, que deve ser sempre mantido por nós até ao fim da vida. Por isso, semelhante esforço pode ser considerado um martírio lento e prolongado, ao qual nos convidam estas divinas palavras de Jesus Cristo: O reino dos Céus sofre violência e são os violentos que o arrebatam.
Esforcemo-nos todos por alcançar este objectivo, confiados na graça do Céu. Sirva-nos de estímulo o exemplo da virgem e mártir Santa Maria Goretti. Que ela, lá na mansão celeste, onde goza a felicidade eterna, interceda por nós junto do Divino Redentor, a fim de que todos, cada um segundo a própria vocação, com generosidade, com vontade decidida e com obras de virtude, sigamos o seu caminho glorioso.

(AAS 42 [1950], 581-582) (Sec. XX)

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Solenidade do Sagrado Coração de Jesus

Caríssimos,
Amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus; e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Assim se manifestou o amor de Deus para connosco: Deus enviou ao mundo o seu Filho Unigénito, para que vivamos por Ele. Nisto consiste o amor: não fomos nós que amámos a Deus, mas foi Ele que nos amou, e enviou o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados. Caríssimos, se Deus nos amou assim, também nós devemos amar-nos uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós e em nós o seu amor é perfeito. Nisto conhecemos que estamos n’Ele e Ele em nós: porque nos deu o seu Espírito. E nós vimos e damos testemunho de que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo. Se alguém confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele e ele em Deus. Nós conhecemos o amor que Deus nos tem e acreditámos no seu amor. Deus é amor: quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus permanece nele.

1Jo 4, 7-16

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Solenidade de São Pedro e São Paulo

A Igreja celebra hoje a Solenidade de São Pedro e São Paulo.

Dois grandes pilares neste colossal templo que ainda se mantém de pé, volvidos que estão dois mil anos depois do seu inicio.

Muitos foram os momentos em que este templo viu as suas paredes vacilar perante tempestades da História. Não foram essas tempestades que fizeram colapsar o templo.

Na verdade, para muitos, é causa de revolta, o facto desta instituição perdurar pelo tempo sem que nada a belisque de concreto. Porque, em boa verdade, esta instituição faz o que mais ninguém faz. Resolve os seus problemas internamente.

A Igreja actual, atravessa também ela um momento delicado na sua existência. Tal como todas as outras instituições de uma forma geral. Porque, em boa verdade, a Igreja alicerçada em Jesus Cristo, é composta por homens.

E acreditar na Igreja, não é exclusivamente acreditar em homens. Acreditar na Igreja, é acreditar que Jesus Cristo está connosco, porque Ele está na Igreja. Porque se acreditamos que a Igreja são só homens, do que vale acreditar na Igreja? De que vale ser Cristão?

Acreditar na Igreja, é acreditar que Jesus Cristo está no meio dela, a guia e a conduz. Os homens que a constituem são simples servos. Imperfeitos, pecadores.

Acreditar na Igreja é saber aceitar que estes homens apesar da sua imperfeição e do seu pecado, são para nós próprios sinal de caminho para a santidade.

São Pedro e São Paulo, foram homens, como eu, como tu, como todos nós. Porque são santos? Porque, em boa verdade, procuraram no seu dia-a-dia, buscar a perfeição na sua imperfeição. E todos nós sabemos que as relações entre os dois por vezes não foram fáceis.

Neste dia, em que nos colocamos diante destas duas colunas do Templo de Deus, no Mundo, saibamos nós, Cristãos, aceitar o nosso caminho, como fim último a Santidade.




terça-feira, 28 de junho de 2011

Como podemos responder a Deus quando Ele nos aborda?

Responder a Deus significa crer n' Ele. [142-149]

Quem deseja crer precisa de um "coração que escuta" (1Rs 3, 9). Deus procura o contacto connosco de múltiplas formas. Em cada encontro humano, em cada experiência da Natureza que nos toca, em cada aparente acaso, em cada desafio, em cada sofrimento... Deus deixa-nos uma mensagem escondida. Ele fala-nos ainda mais claramente quando Se dirige a nós pela Sua Palavra ou pela voz da consciência. Ele trata-nos como amigos. Por isso, também nós, como amigos, devemos corresponder-Lhe, crendo e confiando totalmente n' Ele, aprendendo a conhecê-lO cada vez melhor e a aceitar sem reservas a Sua vontade.

sábado, 25 de junho de 2011

Domingo XIII do Tempo Comum

1ª Leit. - 2Rs 4, 8-11.14-16a
2ª Leit. - Rm 6, 3-4.8-11
Evangelho - Mt 10, 37-42


Celebramos hoje, o Domingo XIII do Tempo Comum!

A Igreja coloca-nos para nossa reflexão dois temas através da Liturgia da Palavra: o compromisso pelo baptismo e o lugar que Cristo ocupa na nossa vida.

Hoje, como cristãos, somos chamados pelo baptismo ao compromisso com Cristo. Dizer "Sim" a Cristo não é uma questão de palavras é uma questão de acção e de testemunho de vida. Os cristãos devem ser hoje homens e mulheres de Deus.

Deste modo, pelo Evangelho, somos interpelados pelo próprio Jesus Cristo, a reflectir o modo como O recebemos na nossa vida. Como Cristãos, que lugar ocupa Cristo nas nossas vidas? Que tempo temos para Ele?

Saibamos acolhê-lO pelos nossos irmãos mais pequeninos, mais frágeis da nossa Sociedade e consequentemente no nosso coração.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Que papel desempenha a Sagrada Escritura na Igreja?

A Igreja busca a sua vida e a sua força na Sagrada Escritura, como quem busca a água num poço. [103-104, 131-133, 141]

Além da presença de Cristo na Sagrada Eucaristia, a Igreja nada honra com mais veneração que a presença de Deus na Sagrada Escritura. Na Santa Missa, acolhemos o Evangelho de pé, porque é o próprio Deus que nos fala com palavras humanas.


in YOUCAT, Lisboa, Ed. Paulus, 2011, pág. 24

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Que significado tem o Novo Testamento para os cristãos?

No Novo Testamento consuma-se a Revelação de Deus. Os quatro evangelhos - segundo São Mateus, São Marcos, São Lucas e S. João - são o coração da Sagrada Escritura e o mais precioso tesouro da Igreja. Neles mostra-Se o Filho de Deus como Ele é e como vem ao nosso encontro.
Nos Actos dos Apóstolos conhecemos os primórdios da Igreja e a acção do Espírito Santo. Nas cartas apostólicas a vida do ser humano é iluminada, em todas as suas dimensões, pela Luz de Cristo. No Apocalipse de São João antevemos o fim dos tempos. [124-130, 140]

Jesus é tudo o que Deus queria dizer. Todo o Antigo Testamento prepara a encarnação do Filho de Deus.
Todas as promessas de Deus encontram em Jesus o seu cumprimento. Ser cristão significa unir-se cada vez mais profundamente à vida de Cristo. Para isso é preciso ler e ver os evangelhos. Madeleine Delbrêl diz: "Através da Sua Palavra, Deus diz-nos quem Ele é e o que quer; Ele di-lo definitivamente e para cada dia. Quando temos o nosso Evangelho nas mãos, devemos considerar que aí habita a Palavra que Se tornou carne para nós e nos quer atingir para recomeçarmos a Sua vida num novo lugar, num novo tempo, num novo ambiente humano."

in YOUCAT, Lisboa, Ed. Paulus, 2011, pág. 23

domingo, 19 de junho de 2011

Na Solenidade da Santíssima Trindade

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”

Estas duas breves fórmulas de oração são tão familiares aos nossos ouvidos, que talvez não percebamos a extraordinária profundidade e novidade que elas carregam em si mesmas. Nelas ficam guardadas nossa identidade mais profunda e nosso destino mais divino. Elas de facto exprimem a origem da vida divina que habita em nós, vida recebida como dom gratuito no baptismo e, ao mesmo tempo, a finalidade e a meta da nossa existência para a eternidade junto de Deus.

Não fomos batizados “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”?

Esse evento de graça nos introduziu na relação profunda com a Santa Trindade, tornando-nos filhos e filhas do Pai por meio de Jesus, o Filho bem amado, quando foi derramado em nós o dom do Espírito Santo, princípio de vida divina e “penhor da nossa herança” eterna (Ef 1,14).

Quantas vezes acabamos repetindo estas palavras, ao iniciar as acções quotidianas mais humildes ou as solenes celebrações litúrgicas, enquanto as acompanhamos com o gesto do sinal da cruz traçado sobre a fronte e sobre o peito? Não faz parte dos gestos mais simples que acabamos por aprender sendo ainda crianças e daqueles que os pais gostam de ensinar com tanto carinho às próprias criancinhas? Este gesto, na sua simplicidade, constitui de facto, uma profunda profissão de fé, que coloca todo nosso ser, mente, coração e obras, em relação vital com a Trindade Santa, Pai, Filho, Espírito Santo.

Desde a tarde da Páscoa, Jesus ressuscitado derramou o Espírito sobre os apóstolos, e com o Espírito a paz e a alegria que vem do Pai, junto com o poder de resgatar o mundo inteiro com o perdão dos pecados, em prol de todos os que acreditarem em seu nome (Jo 20, 20-23). Com o dom do Espírito do ressuscitado inicia uma nova criação (cf. Gn 1, 1-2), a gestação de uma nova criatura, com a história inteira destinada a sofrer as dores do parto e a antecipar a alegria do seu nascimento: junto com os apóstolos, todos nós fomos marcados com o selo do mesmo Espírito “para o seu louvor e glória” (Ef 1, 14). Em todo tempo a vida no Espírito dos discípulos, que inicia na páscoa de Jesus, se torna testemunho surpreendente da potência da Ressurreição e canto de louvor ao amor gratuito do Pai.

Na segunda leitura Paulo nos confirma que a Santa Trindade é o ventre materno que nos gera à vida divina, a casa da nossa morada desde já, na qual somos chamados a construir entre nós relações no sinal do amor recíproco, que têm como fonte e modelo a relação do Pai, do Filho e do Espírito Santo, que Jesus nos revelou com seus gestos cheios de amor e sua palavra iluminadora. “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito santo estejam com todos vós!” (2 Cor 13,13).

O Missal Romano, renovado depois do Concílio, usa estas palavras do apóstolo como Saudação inicial com a qual o sacerdote celebrante acolhe os fiéis ao começar a celebração da missa. Desta maneira lembra aos fiéis que eles vivem na comunhão da Trindade Santa, e que participando com fé à eucaristia, eles têm a graça de experimentar ainda mais profundamente o amor gratuito do Pai, a caridade sem limite do Filho, e a comunhão gerada pelo Espírito.

Com as luminosas palavras de Santo Ireneu (Adv. Haereses, III, 24, 1), o Concílio Vaticano II conecta o mistério da Igreja ao mistério da comunhão trinitária, até tornar-se quase reflexo da mesma no mundo: “Desta maneira aparece a Igreja como ‘o povo reunido na unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo’ “(Lumen Gentium, 4).

Através da história da salvação – a partir do seu centro que é o Mistério Pascal – nos é concedido vislumbrar e, ao mesmo tempo, ter acesso, numa certa medida, ao conhecimento e à experiência da vida interior da Santa Trindade. A constituição Lumen Gentium (cap 1, nn. 1-5), afirma que a Trindade constitui a nascente da qual brota o mistério da Igreja. Ela é também estruturada à imagem da Trindade, como comunhão na pluralidade, a caminho rumo à participação plena da comunhão da mesma, junto com a inteira história e a criação.

Esta visão de conjunto da criação e da história, que jorram do coração de Deus e ficam totalmente orientadas em relação à Trindade, como seu próprio fim, constituem o canto de glória à sabedoria de Deus; é o grande dom que Jesus, o revelador do Pai, nos oferece. É o mistério que hoje contemplamos e celebramos com fé e alegria, como canta o prefácio alternativo da festa: “Ó Pai, quisestes reunir de novo, pelo sangue do vosso Filho e pela graça do Espírito Santo, os filhos dispersos pelo pecado. Vossa Igreja, reunida pela unidade da Trindade, é para o mundo o corpo de Cristo e o templo do Espírito Santo, para a glória da vossa sabedoria” (Prefácio VIII, dos Domingos Comuns).

A vida da comunidade eclesial, nas suas variadas manifestações, se torna o lugar privilegiado da presença e da acção da Trindade; e a existência cristã de cada um, se desenvolve como existência pascal em relação à Trindade. Dela, é epifania e profecia ao mesmo tempo. A identidade profunda da Igreja peregrina no mundo e de cada cristão e cristã vive esta tensão constante entre a sua origem trinitária e a sua plena comunhão com a mesma: da Trindade para a Trindade!

A grande Doxologia que conclui a Oração Eucarística exprime esta profunda consciência da fé da Igreja e o grande impulso de esperança e de alegria que a caracterizam: “Por Cristo, com Cristo, em Cristo, à vós, Deus todo poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda a honra e toda a glória, agora e para sempre. Amém”.

Agradecimento, silêncio em adoração nos acompanham ao mergulharmos no mistério inefável da presença da Trindade em nós. No admirável discurso de despedida dos discípulos na última ceia, Jesus salienta em muitas maneiras a extraordinária comunhão com o Pai, com o próprio Jesus e com o Espírito, concedida àqueles que acreditam nele. “Se me amais, observareis meus mandamentos, e rogarei ao Pai e ele vos dará um outro Paráclito, para que convosco permaneça para sempre, o Espírito da Verdade” (Jo 14, 15-17). “Nesse dia compreendereis que estou em meu Pai e vós em mim e eu em vós” (Jo 14,20).
Já extraordinária foi a experiência da intimidade de Moisés com Deus e da sua intercessão em favor de Israel, experimentando a sua misericórdia e a sua fidelidade. Não lhe foi permitido, porém, “ver a glória” dele como tinha pedido (Ex 33,18), “porque o homem não pode ver-me e continuar vivendo” (Ex 33, 20). Na sua condescendência Deus concede a Moisés ficar na cavidade da rocha e esperar a sua passagem com o rosto coberto pela mão do próprio Deus. Uma vez que Deus passou, Moisés pôde vê-lo apenas pelas costas (Ex 34, 21-22). Deus se compromete a perdoar o pecado do povo e a caminhar com ele até alcançar a terra prometida.
Esta linguagem simbólica, que destaca com força a alteridade e a transcendência de Deus, junto com a sua misericórdia e proximidade, será superada radicalmente pela Boa nova que nos faz conhecer o evangelho de João: Deus Pai se torna visível através do rosto humano do Filho em Jesus de Nazaré. “O Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). “Ninguém jamais viu a Deus; o Filho unigênito, que está no seio do Pai, este o deu a conhecer” (Jo 1,18).

Em Jesus nos é dado “conhecer” o Pai, no sentido bíblico da palavra, isso é experimentar seu amor, sua bondade, e participar sua própria vida, como afirma o evangelista: “Pois Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). Talvez a linguagem filosófica usada no passado pela teologia e pela catequese, para deixar vislumbrar o mistério da especificidade de cada uma das três Pessoas divinas na unidade da natureza divina, acabou afastando o mistério da Santíssima Trindade da nossa vida. A escritura e a liturgia nos ajudam a descobrir novamente que ela, Trindade, pelo contrário, constitui a nascente inesgotável da vida, a razão da nossa alegria e esperança, a energia vital que nos habita e nos guia até a plena conformação ao Senhor.
O Espírito, derramado nos nossos corações pela fé e o batismo, nos faz viver em relação filial com o Pai, uma relação liberta do temor e inspirada pela confiança e o amor: “Com efeito, não recebestes um espírito de escravos, para recair no temor, mas recebestes um espírito de filhos adotivos, pelo qual clamamos: Abba! Pai! O próprio Espírito se une ao nosso espírito para testemunhar que somos filhos de Deus”. (Rm 8, 15-16). O mesmo Espírito anima a nossa oração, que brota do coração sob o seu impulso interior: “Assim também o Espírito socorre a nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir como convém; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis” (Rm 8, 26). O mesmo Espírito abre o coração à fé (cf At 16,14), assim como, enviado pelo Pai em nome de Jesus (Jo 14,26), recordará aos discípulos tudo o que Jesus ensinou-lhes, e os introduzirá à compreensão plena da sua Palavra, para seguir o evangelho até o dom total de si mesmos, segundo o exemplo de Jesus (cf Jo 14, 25-26; 16, 12-13).
Gerados à nova vida por ter conhecido que Deus nos amou primeiro, o Espírito nos guia àquela liberdade e caridade perfeita que afasta todo temor, e nos faz viver no amor e na confiança filial (1 Jo 4, 18). São Bento, na sua Regra, aponta esta perspectiva de liberdade no amor gerada pelo Espírito, como o cume do caminho espiritual do monge, ao subir todos os 12 graus da humildade que o conforma a Cristo (Regra dos Monges, c. 7, 67-69).
Com certeza, esta é a raiz fecunda e o fruto mais maduro da moral cristã, que brota do impulso interior do Espírito Santo e produz os frutos saborosos do amor, capaz de desapegar-se de si mesmo para se doar na liberdade, sem limite. Como o próprio Jesus, o Filho bem amado do Pai, totalmente obediente ao seu Espírito. Sobre ele desce no momento do batismo no Jordão (cf Lc 3,21-22), o investe e o guia na sua missão para anunciar a boa nova aos pobres (Lc 4, 16-19), e o sustenta na oferta de si mesmo na cruz (Hb 9,14).

A comunidade cristã encontra no Espírito de Jesus a energia e os critérios para estruturar-se em comunidade verdadeiramente humana e espiritual, autêntica antecipação do reino de Deus. Dele aprende a viver no mundo a comunhão que vem de Deus, e a transformar pessoas e relações: “Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo; diversos modos de ação, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos.”. (1 Cor 12, 4-7).

É sob a inspiração e na força do Espírito enviado pelo Pai, que os discípulos podem enfrentar os desafios das adversidades e das perseguições: “Quando vos entregarem, não fiqueis preocupados em saber como ou o que haveis de falar. Naquele momento vos será indicado o que deveis falar, porque não sereis vós que falareis, mas o Espírito de vosso Pai é que falará em vós”. (Mt 10, 19-20).

À luz desta ação misteriosa e eficaz do Espírito do Pai, derramado por Jesus ressuscitado, em todo discípulo, no corpo da Igreja e sobre a criação inteira para seu pleno resgate, dobramos os joelhos da mente e do coração. O infinitamente transcendente se fez infinitamente próximo para connosco, mais íntimo a nós do que nós mesmos. “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda sorte de bênçãos espirituais nos céus em Cristo.... Nele também vós... fostes selados pelo Espírito da promessa, o Espírito Santo... para o seu louvor e glória.” (Ef 1, 3. 13-14).

O ícone da Trindade, pintado pelo famoso e santo pintor russo Andrei Rublev, faz alusão aos três misteriosos personagens que visitaram Abraão, trazendo para ele e Sara a promessa do herdeiro tão esperado (Gn 18). Este ícone apresenta três anjos iguais, sentados ao redor de uma mesa redonda. Os três anjos abençoam o cálice, no qual se encontra um novilho, um bezerro sacrificado, preparado para comer. O sacrifício do novilho significa a morte do Salvador na cruz, enquanto a sua preparação como alimento simboliza o sacramento da Eucaristia. O espaço central diante da pessoa que observa o ícone está livre, está à espera que o próprio observador tome nele o seu lugar, junto com os divinos hóspedes. Ali é o nosso verdadeiro lugar!

Acolhamos o generoso convite do Senhor. Segundo a palavra do apóstolo, não somos mais hóspedes, mas amigos e familiares da Santa Trindade, filhos amados pelo Pai (Ef 2, 19) [1].

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