terça-feira, 16 de agosto de 2016

Terça-feira da XX Semana do Tempo Comum

“Nós deixamos tudo para Te seguir. Que recompensa teremos?” A pergunta de Pedro é pertinente para um mundo que vive de negócios. A Religião não é negócio com Deus. Seguimos Jesus Cristo gratuitamente e sem esperar alguma coisa em troca. Quando nos colocamos ao serviço de Jesus Cristo, colocamos a nossa vida gratuitamente. É uma realidade que existem serviços que poderão ser remunerados e sinceramente não me oponho a tal. O problema é quando se deixa de viver Jesus Cristo na nossa vida em nome dessa remuneração. A Religião não é para ser uma profissão, é para ser vivida. Por isso eu pergunto: como é que se presta um serviço à Igreja, se não vivemos, se não acreditamos sequer e nem vivemos Jesus Cristo na nossa vida? O Sagrado é uma coisa muito séria, não é para ser banalizado. Podemos ser grandes profissionais da Religião, mas se não vivermos Jesus Cristo nas nossas vidas a partir do nosso interior de nada vale! Podemos ser “padres profissionais” mas se não vivermos na vida, se não meditarmos o Evangelho e prepararmos as homilias, somos debitantes de palavras. Podemos ser grandes organistas profissionais, mas se não houver o toque da fé nas teclas de nada vale sermos organistas. Podemos ser grandes cantores profissionais mas se não houver o toque da fé no canto de nada vale cantar em celebrações litúrgicas. Podemos ser grandes catequistas profissionais, entendermos “a potes” de pedagogia e psicologia, mas se não existir o toque da fé de nada vale as nossas catequeses. Podemos ser grandes decoradores e entendermos muito de decoração floral, mas se não houver o toque da fé de nada vale decorar a nossa igreja. Vivemos numa sociedade que espera recompensas por tudo e por nada, é verdade que o contexto assim influencia, mas não nos podemos deixar levar por modas. Há hoje por aí uma corrente de pensamento que acha que tem de existir formação laical dentro da Igreja e concordo com essa corrente, mas cuidado não se profissionalize o Sagrado e não se afogue o Sagrado numa tecnocracia, porque de tecnocratas estamos cheios.

jjmiguel