domingo, 9 de setembro de 2012

No XXIII Domingo do Tempo Comum

Cidade do Vaticano (RV) A segunda leitura de hoje, tirada da Carta de São Tiago, nos questiona quanto ao nosso relacionamento com as pessoas que são ricas, bonitas, inteligentes, realizadas profissionalmente, afetivamente, enfim, como nos portamos diante das pessoas bem sucedidas de acordo com o critério mundanos. Ao mesmo tempo, São Tiago também analisa nosso comportamento em relação ao pobre, ao deficiente, ao feio, ao menos inteligente, ao desempregado, ao sem teto, enfim aos marginalizados em nossa sociedade.
Se somos batizados, se fizemos a profissão de fé cristã e a renovamos a cada domingo no momento do Credo, deveremos agir como Jesus Cristo e ter um especial carinho pelos pobres e oprimidos já que eles mereceram uma atenção especial de Jesus e continuam sendo os filhos queridos do Pai.
Contudo, deixamos a carne falar mais forte e agimos de acordo com os critérios humanos, mesmo sabendo que fazemos algo errado. O belo, o aceito socialmente nos atrai tanto, na mesma proporção em que repugnamos o feio. Ao mesmo tempo demonstramos também nossa fragilidade, temendo a reação do mundo, em não sermos aceitos por causa de nossa postura socialmente incorreta diante dos códigos sociais elitistas. Aí renegamos o Cristo crucificado, que está no marginalizado, e abraçamos as pompas e as obras que o crucificaram.
Muitas vezes conseguimos ter atitudes cristãs dentro das igrejas, na hora da missa, mas tal não consegue resistir a um confronto em um ambiente extra eclesial. É na sociedade, nos casamentos, nas festas, no trabalho, na rua, nos hospitais, que somos chamados a sermos sal da terra e luz do mundo. É aí que deveremos fazer a diferença.
Criticamos muito os nossos políticos e deveremos continuar criticando-os quando não fazem o que prometeram em época de eleições. Alguns até se deixam subornar por dinheiro ou por acordos partidários. Mas atenção, não só os políticos corruptos são coniventes com os erros denunciados por uma frase do livro do Eclesiastes (13,3), mas também nós: "O rico comete uma injustiça e ainda se mostra altivo, o pobre é injustiçado e ainda se desculpa”. Concordaremos com isso ou vamos lutar pela justiça, evitando discriminação? Se cremos em Deus, nossas relações serão marcadas pela justiça e pela caridade.
No Evangelho Jesus curou um surdo que, por causa dessa deficiência, falava com dificuldade. O Senhor o levou para fora da multidão, tocou-o em seu ouvido e língua e disse sobre ele: "Abre-te!" O surdo, como não escuta, não sabe o que passa ao seu redor e geralmente, como no relato de hoje, tem dificuldade em se expressar e, por tudo isso se sente e é marginalizado. Jesus o retirou dessa situação, devolvendo-o capacitado. A ação cristã o reintegrou à sociedade.
Ao mesmo tempo o Senhor recomenda silêncio em relação ao seu feito. Perguntamo-nos o por quê? Porque Ele sabe que o testemunho dado só será possível quando as pessoas passarem, como ele Jesus passou, pela cruz e ressurreição. É no Calvário que surge o homem novo, o homem que supera os contra valores mundanos e revela a fé autêntica, a entrega radical ao querer do Pai, isto é, à prática da justiça.
Se Deus privilegia os pobres, que lugar ocupam os carentes em minha vida? Até onde pratico e luto por uma justiça social?

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