domingo, 27 de dezembro de 2015

Na Solenidade da Sagrada Família de Jesus, Maria e José


Neste dia falamos de Família. O que é a Família hoje? Há muito para dizer dos caminhos que esta instituição tem trilhado. Desde já um pedido de desculpas, mas não quero ferir ninguém com as palavras proferidas, mas partilho o que penso para que possais pensar e reflectir... A Família continua a ser e é a base de toda a estrutura de uma sociedade. Hoje há quem fale de Família na qual não há vínculos de sangue. Tenho pena mas isso não é família, isso quanto muito chamar-se-á comunidade, ou outra coisa qualquer. Família só há uma e é composta por um Pai e uma Mãe. Como diria alguém, não há pais "ex-aequo", nem mães "ex-aequo". Não podemos ver nas crianças como "bonequinhos" para adoptar. A criança é um ser humano, não traz "livro de instruções", porque o livro de instruções para uma criança chama-se Amor. Bem como não se faz um aborto porque "sim". Também esta mulher necessita de protecção social. Sinceramente, a Família carece de um forte combate vocacional. Falamos de vocações sacerdotais, consagradas, mas não falamos da palavra vocação em si própria. E hoje a Família, tal como a sociedade, carece de gente vocacionada para o que quer que seja. Não casamos, porque são sonhos de príncipes e princesas, ou porque é tradição, ou porque é bonito. Não se faz um filho para suportar uma relação (porque só piora...), faz-se um filho por gosto, porque se ama. Casa-se por por Amor, acima de contractos civis. O casamento seja civil ou religioso deverá ser sempre, mas sempre, um acto de vocação na doação, não um acto de puro sexualismo. Aliás a sexualidade não pode ser vista só do ponto de vista da genitalidade. Há mais vida para lá do genital. Há Amor, Doação no dar-se ao Outro, numa entrega para se poder gerar a Vida. Só assim o Amor pode ser gerador da Vida. Por isso, eu, em cada bébé que vou tendo a informação do seu nascimento quero acreditar sempre que é produto do Amor. E só o Amor poderá, baseado numa Família onde reina o Amor, construir uma Sociedade próspera. Poder-me-ão falar das mães solteiras, nos divorciados, para eles só duas palavras bastam: Amor e Acolhimento. Algo que carecem as nossas comunidades paroquiais e a nossa sociedade diante dessas realidades. Acontece que a Família nestes últimos anos tem levado muitas machadadas em nome de umas "modernices", sem que para isso se tenha sabido fazer ou ajudado a algum planeamento no campo social ou no campo espiritual. Tenho conhecimento de que já se realiza a "festa de despedida de casado", como se faz a "festa de despedida de solteiro". Estamos numa sociedade que carece de Amor, porque tem medo de falar de Amor, porque ao mesmo tempo genitaliza o Amor e transforma-o em sexualidade. E isto é a mais pura deturpação de todo o Amor. Seria necessário pois que a ciência teológico-filosófica falasse mais claro e com palavras mais simples para que todos entendam. Seria necessário não uma Igreja mais aberta (porque já se abriu o que chegasse), mas mais próxima. Algo que admiro no nosso Papa Francisco. Falta colocar as palavras do Concílio Vaticano II em prática e pelo menos ler todos os seus documentos e fazer deles reflexão espiritual (não só tê-los na prateleira da biblioteca, porque é bonito). Além disso, há uma outra faixa etária na Família que não pode ser esquecida e que esquecemos, que são os mais velhos. Eles são símbolo de uma vida passada, símbolo de uma experiência vivida e por isso teremos que ter por eles o mais completo respeito e também eles carecem hoje de protecção social. Fico chocado, muito chocado, verdadeiramente chocado, quando escuto casos de gente que descarrega a sua fúria em cima dos seus mais velhos. Não compreendo a violência doméstica, quando um homem bate numa mulher ou vice-versa, por uma meia-dúzia de centavos, assim como não compreendo os casos de maus-tratos a crianças às mãos dos seus próprios pais. Não compreendo porque é que se fala tanto em apoios estatais a mulheres que querem fazer o aborto, e àquelas que querem ser mães nem se fala no assunto. A opção é ter de recorrer a clínicas a Espanha para o fazer. No caso de abortar por violação, também pergunto onde está a protecção social a estas mulheres e às crianças que dali nascem? Ainda porque é que se facilita a adopção aos casais homossexuais e não se facilita a adopção por casais heterossexuais? Passamos a vida a ajudar África, porque achamos que são os mais frágeis do Mundo e mesmo aqui ao nosso lado estas coisas acontecem. No meio disto tudo, onde está o Amor? O Amor de um Homem por uma Mulher? O Amor pelos Filhos? O Amor dos Filhos pelos Pais? Amor pelos Avós, pelos Tios, Primos, Cunhados(as), Irmãos(ãs)? Onde está o Amor? Não se ama porque "sim", ama-se porque se ama... Na verdade todos condenaram na época a encíclica "Humanae Vitae", porque o Papa Paulo VI tinha condenado a pílula como meio de contracepção, certo é que eu ao ler a encíclica, Paulo VI vai bem mais longe, muito mais longe e fala-nos do Amor. Do Amor que terá de existir entre o Homem e a Mulher em ordem à edificação de uma Casa que se chama Família e essa é os alicerces deste colossal Palácio que é um País e um Mundo - a Casa Comum, como chamar-lhe-ia o Papa Francisco.
Deixo-vos com as palavras de São Paulo, para que sejam analisadas à Luz do Amor e não de outra forma:  Esposas, sede submissas aos maridos, como convém no Senhor. Maridos, amai as esposas e não vos exaspereis contra elas. Filhos, obedecei em tudo aos pais, porque isso é agradável no Senhor. Pais, não irriteis os vossos filhos, para que não caiam em desânimo. Col. 3, 18

jjmiguel