sexta-feira, 17 de junho de 2016

Sexta-feira da XI Semana do Tempo Comum

“Se a luz que há em ti são trevas, como serão grandes essas trevas.” Vivemos um tempo absorvidos por ventos de uma sociedade moderna que nos retirou a nossa capacidade de podermos perceber o que é importante. Vivemos imenso o “ter”. Para nós a qualidade de vida passa pelo “ter”. Muito habitualmente ouvimos muitos de nós dizer: “Eu tenho; Tu tens; Ele tem; Nós temos; Vós tendes; Eles têm”. Ter um carro, ter uma casa, ter um emprego, ter uma peça de roupa, ter, ter, ter... Colocamos a nossa felicidade nas nossas coisas materiais. Conto-vos uma história pessoal: Um dia entrei numa loja para comprar umas calças, mas via tantas calças bonitas que nem sequer sabia por onde escolher. De repente, reflectia do quanto estamos agarrados às coisas. Claro está que temos o que gostamos, mas Jesus alerta-nos para não nos agarrarmos aos tesouros deste mundo, mas antes acumularmos tesouros que nos conduzem à felicidade que tanto ansiamos. Por isso devemos valorizar mais o “ser” do que o “ter”. Que interessa ter muito dinheiro se não sou aquilo que eu queria ser? Que interessa ter um carro, se dentro de mim não existe sentido para a minha vida? Que importa ter um emprego que afinal não era o trabalho que eu queria fazer? Hoje vivemos uma profunda crise vocacional. Importa ser, porque o ter vem por acréscimo. Porque o ter é passageiro, o ser permanece para lá do tempo e do espaço. E por isso vejo tanta gente que ao olhar nos olhos me apetece perguntar que trevas são essas que te ofuscam essa luz do teu olhar? Jesus não te pergunta o que tens, Jesus pergunta-te quem és tu... E quem és tu? É por isso que muitas vezes fugimos da fé, porque nos preocupamos muito com o que temos, e muito menos com o que somos! Lembro que os bens deste mundo são todos fugazes, passageiros e de nada valem, porém os bens que estão para além deste espaço e deste tempo são eternos e duram para sempre. Não nos perguntemos o que temos, mas antes o que somos.


jjmiguel