segunda-feira, 28 de maio de 2012

Das Homílias de São João Crisóstomo, presbítero em Antioquia, depois bispo de Constantinopla, doutor da Igreja

Não foi um ardor medíocre que o jovem revelou; estava como que apaixonado.
Enquanto outros se aproximavam de Cristo para O pôr à prova ou para Lhe
falar das suas doenças, das dos seus pais ou ainda de outras pessoas, ele
aproxima-se de Jesus para conversar sobre a vida eterna. O terreno era rico
e fértil, mas estava cheio de espinhos prontos para sufocar as sementes (Mt
13,7). Reparai como o jovem estava disposto a obedecer aos mandamentos:
«Que devo fazer para alcançar a vida eterna?» [...] Nunca nenhum fariseu
manifestou tais sentimentos; pelo contrário estavam furiosos por terem sido
reduzidos ao silêncio. O nosso jovem, porém, partiu de olhos baixos de
tristeza, sinal inegável de que não tinha vindo com más intenções.
Simplesmente, era demasiado fraco; tinha o desejo da Vida, mas deteve-o uma
paixão muito difícil de superar. [...]

«'Falta-te apenas uma coisa, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos
pobres e terás um tesouro no Céu; depois vem e segue-Me.' [...] Ao ouvir
tais palavras, [...]retirou-se pesaroso». O Evangelista mostra qual é a
causa desta tristeza: é que «tinha muitos bens». Os que têm pouco e os que
vivem mergulhados na abundância não possuem os seus bens da mesma maneira.
Nos últimos, a avareza pode ser uma paixão violenta, tirânica; qualquer
nova posse acende neles uma chama mais viva, e os que são atingidos por ela
ficam mais pobres do que antes. Têm mais desejos e, no entanto, sentem com
mais força a sua pretensa indigência. Em todo o caso, reparai como aqui a
paixão mostrou a sua força: [...] «Como é difícil entrar no Reino deDeus!
É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que umrico
entrar no Reino de Deus.» Cristo não condena as riquezas, mas condena
aqueles que as possuem.

in evangelhoquotidiano.org