domingo, 4 de novembro de 2012

No Domingo XXXI do Tempo Comum

Dos Sermões de São Bernardo, monge cisterciense

Li que Deus é amor (1Jo 4,16) e não que Ele é honra ou dignidade. Não é que Deus não queira ser honrado, visto que disse: «Se Eu sou Pai, onde está a honra que me é devida?» (Ml 1,6). Fala aqui como Pai. Mas, se Se mostrasse como esposo, penso que mudaria o Seu discurso para: «Se Eu sou Esposo, onde está o amor que Me é devido?» Pois já anteriormente tinha dito: «Se Eu sou Senhor, onde está o respeito por Mim?» (ib.) Ele pede pois para ser respeitado como Senhor, honrado como Pai, amado como Esposo.


Desses três sentimentos, qual é o mais valioso? O amor, sem dúvida. Pois sem amor o respeito é árduo e a honra fica sem retribuição. O temor é servil enquanto o amor não o vem validar, e uma honra que não é inspirada no amor não é uma honra, é adulação. Claro que só a Deus são devidas a honra e a glória, mas Deus só as aceita temperadas com o mel do amor.


O amor é auto-suficiente, agrada por si mesmo, é o seu próprio mérito e a sua recompensa. O amor não quer outra causa, outro fruto, senão ele próprio. O seu verdadeiro fruto é ser. Amo porque amo. Amo para amar. [...] De todos os movimentos da alma, de todos os seus sentimentos e afectos, o amor é o único que permite à criatura responder ao seu Criador, senão de igual para igual, pelo menos de semelhante para semelhante (cf Gn 1,26).

in evangelhoquotidiano.org