domingo, 10 de novembro de 2013

No XXXII Domingo do Tempo Comum

A preocupação dos saduceus de saber de quem é a mulher esposa depois da ressurreição dos mortos é em tudo comparável à nossa preocupação com o que se passa depois da morte.
Na verdade, o maior problema da existência humana é no essencial o problema da morte e da vida. Saber quando começa e saber quando a acaba a vida humana e o que se passa depois são problemas com os quais o homem se debate ao longo de toda a sua existência.
Com razão, cai em descrédito problemas como o aborto ou como a eutanásia, porque o homem não tem a última palavra sobre a vida. Quando discutimos o aborto era bastante importante ter claro quando começa a vida, assim como quando discutimos a eutanásia seria importante saber quando acaba a vida. A ciência vai tendo algumas respostas, mas nada conclusivas. Por isso, discutir estas duas questões parece ser desde logo a arrogância humana de querer se submeter à vontade divina.
A vida em Deus, e a vida de Deus não é a nossa vida e isso fica bem claro no Evangelho deste Domingo: "serão como anjos e filhos de Deus", num local onde não há espaço limitado, e onde o tempo é a eternidade. Algo que a inteligência humana não tem capacidade no seu pensamento. Deus é um agora, como assim o foi num passado e como será num futuro. Deus é o presente da História e faz-se presente na nossa vida todos os dias.
E com mais razão Jesus nos diz no Evangelho: "Deus de Abraão, de Isaac, de Jacob". Deus não é um Deus de mortos, mas de vivos, pois para Ele todos vivem." Para Deus todos somos hoje. Não há em Deus a conjugação verbal "fomos", ou "seremos". Para Ele somos. E por isso vivemos, somos chamados à vida de hoje.
Actualmente, muitos de nós fazem da eucaristia o centro da sua vida para celebrar os seus mortos. Mas pergunto: celebram os mortos, ou celebram a vida dos mortos? A missa não foi instituída
para celebrar mortos, mas para celebrar a vida e a vida em abundância.
Em boa verdade, acreditamos hoje na Ressurreição? Acreditamos na vida eterna? Porque ser Cristão sem acreditar na Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, podemos ser muitas coisas, menos Cristãos.
Ser Cristão e ficar pela crença na Morte, e não ir da Morte à Vida, é na verdade uma patologia crónica que se pode manifestar nos dias de hoje.
Acreditemos na Vida...
Por José Miguel M. Serrão, AR