quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Da Catedral para a Rua...

A noite que dividiu o séc. XIX do séc. XX, foi decisiva para a missão especial e espírito particular em que haveria de nascer e viver o seu futuro apostolado. Fez-se a adoração solene e contínua na Sé Catedral de Alba, depois da Missa da meia-noite, diante do Santíssimo Sacramento exposto.
Ele tinha lido o convite de Leão XIII para que se rezasse pelo século que ia começar. O Papa falava das necessidades da Igreja, dos novos meios do mal, do dever opor a boa imprensa à má imprensa, a boa organização à má organização, da necessidade de fazer penetrar o Evangelho nas massas e falava também das questões sociais.
Uma luz especial veio da Hóstia Santa, fazendo-lhe compreender melhor o convite de Jesus "Vinde todos a Mim"; pareceu-lhe compreender o coração do grande Papa, os convites da Igreja, a verdadeira missão do sacerdote. Sentiu-se profundamente obrigado a preparar-se para fazer alguma coisa para Deus e para os homens do novo século, com os quais iria viver.
Teve plena consciência da sua nulidade, e ao mesmo tempo ouviu as palavras "Eu estarei convosco até ao fim dos tempos" na Eucaristia, e ainda que em Jesus-Hóstia se podia ter luz, alimento, conforto e vitória sobre o mal.
Pensando no futuro, parecia-lhe que no novo século muitas almas generosas sentiriam o mesmo que ele sentia. Já tinha recebido confidências de alguns seus colegas do; ele com eles, todos iluminados pela luz que vinha do Tabernáculo.
A oração, após a Missa solene, durou quatro horas: rezou-se para que o novo século nascesse em Cristo-Eucaristia; para que novos apóstolos tornassem mais sãos os costumes, as leis, a escola, a literatura, a imprensa; para que a Igreja recebesse um novo impulso missionário; para que fossem bem usados os novos meios de apostolado; para que a sociedade acolhesse os grandes ensinamentos das Encíclicas de Leão XIII, especialmente acerca das questões sociais da liberdade da Igreja.
A Eucaristia, o Evangelho, o Papa, o novo século, os novos meios de comunicação social, a necessidade de uma nova de apóstolos, fixaram-se-lhe de tal modo na mente e no coração, que a partir daquele momento lhe ocuparam sempre os pensamentos, a oração, o trabalho interior, as aspirações. Sentiu-se obrigado a servir a Igreja e os homens do novo século, e a trabalhar com outros, numa organização.

Da obra autobiográfica "Abundantes divitiae gratiae suae" do beato Tiago Alberione
FOTO: daugthersofstpaul.com