domingo, 18 de setembro de 2016

No XXV Domingo do Tempo Comum - Lc 16, 1-13

“Quem é fiel nas coisas pequenas também é fiel nas grandes.” Amizade e fidelidade são duas palavras que nos sobressaltam na Palavra do Nosso Mestre e Senhor. A Palavra terá de ser viva e eficaz e actualizada para os dias de hoje, e por isso a Palavra que hoje lemos no Evangelho de São Lucas são palavras que nos fazem interrogar como nos relacionamos com os outros. Hoje assistimos à quebra de uma moral no trato com os nossos semelhantes e sinceramente é preciso ter muita clarividência na forma como nos damos. Somos assim chamados, como Cristãos, a cultivar o valor da amizade e da fidelidade entre nós. A amizade é o nascer do Sol para o despontar do Amor e na amizade está implicito a fidelidade e o compromisso. A amizade, o Amor, a fidelidade, o compromisso são sentimentos que nos libertam e não devem ser sinal de prisão e de medo. Uma relação nunca deve prender, mas deve libertar. Uma relação deve trazer e dar-nos a paz que precisamos. Somos hoje uma sociedade que temos todas as possibilidades para estarmos próximos e podermos disfrutar deste valor que é a amizade e o Amor entre nós, mas eis que por incrível que pareça somos uma sociedade em que se está a cultivar a solidão, a depressão, a tristeza e a morte... Porquê? Porque na verdade a velocidade da informação leva-nos também à superficialidade do conhecimento e isto reproduz-se no nosso modo de agir entre nós. Uma amizade só pode florescer, quanto mais conhecermos o Outro que está ao nosso lado. Quanto mais eu souber acerca de quem é o meu Outro que me acompanha tanto mais sou chamado a amá-lo e a ser-lhe fiel, com os seus defeitos e virtudes. Deste modo, somos chamados a observar os pequenos gestos, as pequenas atitudes, os pequenos olhares... Porque a amizade e a fidelidade advêm de gestos pequenos, que depois se tornam grandes. Não podemos viver de amizades com base em imagens, porque as imagens podem na verdade desfocalizar do essencial e podem-nos levar à desilusão e ao desalento. Somos assim convidados a tornar as nossas relações mais profundas para que possam ser mais consistentes. Os fins justificam todos os meios em ordem à construção da civilização do Amor, da Paz e da Concórdia. Alguém me dizia que o Amor é como uma rosa: muito bonito, mas que contém muitos espinhos. São esses espinhos que terão ser sinal não de separação, mas de fortalecimento da beleza e da grandeza deste sentimento. Por isso devemos saber ir até ao fundo do que podemos conhecer no que diz respeito ao Outro e não nos ficarmos apenas pela imagem e pela superficialidade de um rosto. Porque um rosto muitas vezes pode não dizer nada...


jjmiguel