quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Quinta-feira da XXII Semana do Tempo Comum - Lc 5, 1-11

“Lançai as redes para a pesca.” Este é o convite de Jesus. A Palavra convida a irmos mais além, a irmos mais longe e a não ficarmos estancados nos nossos espaço de conforto. Na verdade, ficar nos nossos espaços de conforto é muitas vezes uma grande tentação, porém Jesus Cristo convida a irmos e a sairmos das sacristias velhas e bulorentas. Escrevo no dia em que se sucedeu um sismo no centro de Itália. Penso em todas as vítimas, mas também nas suas famílias. Sinceramente, comovi-me ao ver um sacerdote sozinho diante da sua comunidade em sofrimento e a chorar por não saber o que fazer. Não basta só rezar. Os apóstolos de Jesus Cristo devem ir ter com o povo que sofre e perguntar-lhes o que é preciso fazer e dar-lhes a mão. Certamente que Pedro, o primeiro de entre o Colégio dos Apóstolos, deslocar-se-ia a estas comunidades que sofrem e que agonizam. Rezar é importante, mas dar a mão muito mais. Ir às periferias é isto mesmo. Estar presente com os que sofrem não só com o corpo, mas também com o coração, olhar nos olhos, abraçar e perguntar: “o que é preciso, irmão?” Por mais que choque não lamentemos os mortos, mas cuidemos dos vivos. Bem sei que a revolta é grande perante estas calamidades, e também sei que a pergunta “onde está Deus?” surge ao nosso espírito, mas não nos podemos ficar pelas dúvidas. Nestes momentos são horas de acção, são horas de lançarmos as redes e pensar no que podemos e devemos fazer. Deixo uma palavra de força e coragem às comunidades de Accumoli, Amatrice e Rieti, na Itália: não vos deixeis corroer pelo sofrimento destas horas, mas antes perante a dor da destruição, seja um momento de acção e de solidariedade entre todos, porque todos são membros desta Casa Comum e para que todos possam reconstruir o que foi destruído.


jjmiguel