terça-feira, 22 de maio de 2012

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo de Hipona e doutor da Igreja

Há pessoas que pensam que o Filho foi glorificado pelo Pai na medida em que
Ele não O poupou, mas O entregou por todos nós (Rom. 8,32). Mas, se Ele foi
glorificado na Sua Paixão,quanto mais o não foi na Sua ressurreição! Na
Paixão, a Sua humildade aparece mais do que o Seu esplendor. [...] A fim de
que «o mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo» (1 Tm 2,5),
fosse glorificado na Sua ressurreição, foi humilhado na Sua Paixão. [...]
Nenhum cristão duvida: é evidente que o Filho foi glorificado sob a forma
de servo, queo Pai ressuscitou e fez sentar à Sua direita (Fil 2,7; Ac
2,34).

Mas o Senhor não diz apenas: «Pai, glorifica o Teu Filho»; acrescenta:
«para que o Teu Filho Te glorifique». Pergunta-se, e com razão, como é que
o Filho glorificou o Pai. [...] Na verdade, a glória doPai, em si mesma,
não pode aumentar nem diminuir. No entanto, era menor entre os homens
quando Deus só era conhecido «na Judeia» e «os Seus servos não louvavam o
nome do Senhor desde o nascer ao pôr do sol» (Sl75,2; 112,1-3). Isto foi
consequência do Evangelho de Cristo, que deu aconhecer às nações o Pai
através do Filho: e foi assim que o Filho glorificou o Pai.

Se o Filho tivesse apenas morrido e não tivesse ressuscitado, não teria
sido glorificado pelo Pai nem o Pai por Ele. Agora, glorificado pelo Pai na
Sua ressurreição, glorifica o Pai pela pregação da Sua ressurreição. Isto
vê-se na própria ordem das palavras: «Pai, glorifica o Teu Filho, para que
o Teu Filho Te glorifique», como se dissesse: «Ressuscita-Me, para que, por
Mim, sejas conhecido em todo o universo». [...] Nesta vida, Deus é
glorificado quando a pregação O dá a conhecer aos homens; e é pregado pela
fé dos que crêem n'Ele.

in evangelhoquotidiano.org