domingo, 10 de junho de 2012

No Domingo X do Tempo Comum

Do Bem-Aventurado João Paulo II
Encíclica «Dominum et vivificantem», § 46


Por que razão é a«blasfémia» contra o Espírito Santo imperdoável? Em que
sentido devemosentender esta «blasfémia»? São Tomás de Aquino responde que
se trata deum pecado «imperdoável pela sua própria natureza, porque exclui
aqueleselementos graças aos quais é concedida a remissão dos pecados».
Segundotal exegese, a «blasfémia» não consiste propriamente em ofender o
Espírito Santo com palavras; consiste, antes, na recusa de aceitar a
salvação que Deus oferece ao homem mediante o mesmo Espírito Santo, queage
em virtude do sacrifício da Cruz. Se o homem rejeita estedeixar-se
«convencer quanto ao pecado», que provém do Espírito Santo etem carácter
salvífico, rejeita contemporaneamente a «vinda» doConsolador: aquela
«vinda» que se efectuou no mistério da Páscoa, emunião com o poder
redentor do Sangue de Cristo, o Sangue que «purifica aconsciência das
obras mortas».


Sabemos que o fruto destapurificação é a remissão dos pecados. Por
conseguinte, quem rejeita oEspírito e o Sangue permanece nas «obras
mortas», no pecado. E a«blasfémia contra o Espírito Santo» consiste
exactamente na recusaradical desta remissão de que Ele é o dispensador
íntimo, e que pressupõea conversão verdadeira, por Ele operada na
consciência. Se Jesus diz queo pecado contra o Espírito Santo não pode ser
perdoado, nem nesta vidanem na futura, é porque esta «não-remissão» está
ligada, como à suacausa, à «não-penitência», isto é, à recusa radical da
conversão.


A blasfémia contra o Espírito Santo é o pecado cometido pelohomem, que
reivindica o seu pretenso «direito» de perseverar no mal — emqualquer
pecado — e recusa por isso mesmo a Redenção. O homem ficafechado no
pecado, tornando impossível da sua parte a própria conversão etambém,
consequentemente, a remissão dos pecados, que considera nãoessencial ou
não importante para a sua vida. É uma situação de ruínaespiritual, porque
a blasfémia contra o Espírito Santo não permite aohomem sair da prisão em
que ele próprio se fechou.

in evangelho quotidiano.org