sábado, 9 de junho de 2012

Dos Sermões de Santo Efrém, diácono e doutor da Igreja

Fazei resplandecer, Senhor, o dia luminoso da vossa ciência e dissipai as trevas nocturnas da nossa alma, para que seja iluminada e Vos sirva renovada e pura. O nascer do sol assinala aos mortais o começo das suas labutas: adornai, Senhor, a morada da nossa alma, para que nela permaneça o esplendor daquele dia que não tem fim. Fazei, Senhor, que cheguemos a contemplar em nós mesmos a vida da ressurreição e que nada consiga apartar o nosso espírito das vossas alegrias. Imprimi, Senhor, em nossos corações o sinal daquele dia que não se rege pelo movimento do sol, infundindo-nos uma constante orientação para Vós.
Todos os dias Vos abraçamos nos sacramentos e Vos recebemos no nosso corpo: tornai-nos dignos de sentir em nós mesmos a ressurreição que esperamos. Com a graça do Baptismo conservamos escondido no nosso corpo o tesouro que nos destes, esse tesouro que aumenta na mesa dos vossos sacramentos: fazei-nos viver sempre na alegria da vossa graça. Possuímos, Senhor, em nós mesmos o memorial que recebemos da vossa mesa espiritual: concedei-nos a graça de possuirmos, na renovação futura, a realidade plena que ele nos recorda.
Nós Vos pedimos que, através daquela beleza espiritual que a vossa vontade imortal faz resplandecer mesmo nas criaturas mortais, nos leveis a compreender rectamente a beleza da nossa própria dignidade.
A vossa crucifixão, ó Salvador dos homens, foi o termo da vossa vida corporal: concedei-nos que, pela crucifixão do nosso espírito, alcancemos o penhor da vida espiritual. A vossa ressurreição, ó Jesus, faça crescer em nós o homem espiritual e os sinais dos vossos sacramentos no-lo revelem como num espelho, para o conhecermos cada vez melhor.
Na economia da vossa salvação, ó Salvador dos homens, está configurada a imagem do mundo espiritual: concedei que nele corramos como homens espirituais.
Não priveis, Senhor, a nossa mente da vossa revelação espiritual, nem afasteis dos nossos membros o calor da vossa suavidade. A natureza mortal, que se oculta no nosso corpo, leva-nos à corrupção da morte: infundi em nossos corações o vosso amor espiritual, para que afaste de nós os efeitos da mortalidade. Concedei, Senhor, que caminhemos velozmente para a nossa pátria celeste e, como Moisés no alto do monte, a possamos desde já contemplar através da revelação.

 (Sermão 3, Sobre o fim e a exortação, 2.4-5.
Ed. Lamy, 3, 216-222) (Sec. IV)

in Liturgia das Horas